quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Catequese de Bento XVI: reflexão sobre o Credo - 30/01/2013






CATEQUESE
Sala Paulo VI - Vaticano
Quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Queridos irmãos e irmãs,

Na catequese de quarta-feira passada, nos concentramos sobre as palavras iniciais do Credo: “Eu creio em Deus”. Mas a profissão de fé especifica esta afirmação: Deus é Pai onipotente, Criador do céu e da terra. Gostaria então de refletir agora convosco sobre a primeira e fundamental definição de Deus que o Credo nos apresenta: Ele é Pai. 

Não é sempre fácil hoje falar de paternidade. Sobretudo no mundo ocidental, as famílias desagregadas, os compromissos de trabalho sempre mais exigentes, as preocupações e frequentemente a dificuldade de enquadrar as contas familiares, a invasão dos meios de comunicação de massa na vida cotidiana são alguns dos muitos fatores que podem impedir uma relação serena e construtiva entre pais e filhos. A comunicação muitas vezes é difícil, a confiança é menor e a relação com a figura paterna pode se tornar problemática; e problemático se torna também imaginar Deus como um pai, não tendo modelos adequados de referência. Para quem teve a experiência de um pai demasiado autoritário e inflexível, ou indiferente e pouco afetuoso, ou até mesmo ausente, não é fácil pensar com serenidade em Deus como Pai e abandonar-se a Ele com confiança.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

EVANGELIZAR O MUNDO DOS NEGÓCIOS

EVANGELIZAR O MUNDO DOS NEGÓCIOS

Dom Fernando Arêas Rifan*

Acabo de participar, a convite, de um Congresso internacional para Bispos, de 23 a 26 de janeiro, nos Estados Unidos, promovido pelo Acton Institute, instituição universitária voltada para estudos de economia e sociologia à luz da Doutrina social da Igreja. O congresso deste ano intitulou-se “A Nova Evangelização: o desafio global da Igreja”. A presença de 50 Bispos, entre os quais 2 cardeais e 5 arcebispos, de 25 países, mostrou a universalidade do congresso e a múltipla representação da Igreja. Enriquecedor e instrutivo é esse contato que tivemos com Bispos, por exemplo, de Gana, do Quênia, de Uganda, de Moçambique, de Zâmbia, da Índia, do Japão, da Lituânia, da Holanda, da Espanha, da França, além dos de toda a América. 
Na palestra inicial, o Cardeal Robert Sarah, da Guiné, presidente do Conselho Pontifício “Cor Unum”, falou sobre “A Nova Evangelização e vivendo uma Vida Autêntica de Caridade”, explanando como a Igreja deve atuar no atual contexto socioeconômico e cultural, sobretudo evangelizando na caridade.

Muito interessante foi a palestra de Dr. Samuel Gregg, doutor em Filosofia da Universidade de Oxford e autor de vários livros, que versou sobre “Evangelização, a Igreja e As Lutas pela Liberdade Religiosa”, quando deu uma impressionante estatística das perseguições atuais aos cristãos, relatando que, só em 2012, 150.000 cristãos foram assassinados por causa de sua fé cristã.

Discorrendo sobre a Justiça Social, o Dr. Michael Matheson Miller, graduado em várias universidades e pesquisador em países da Europa, Ásia e África, falou sobre “Doutrina Social da Igreja, a Nova Questão Social e a Nova Evangelização”, enfocando sobre o individualismo, o secularismo cultural, a escravatura da tecnologia, mostrando que a centralização política promove a decomposição da solidariedade, assim como o capitalismo corrupto mantém os pobres desenraizados, fora do mercado de trabalho.

Dom Jean Lefitte, graduado em ciências políticas, secretário do Pontifício Conselho para a Família, falou sobre “O Bispo e a Família”, mostrando o atual desafio que nos apresenta a situação da família hoje: diante de uma nova moral é preciso uma nova evangelização da família. 

Em sua palestra, o Dr. Frank Hanna, advogado, banqueiro e empresário, falou-nos sobre “A Evangelização no Mundo dos Negócios”, ressaltando a importância dos valores cristãos e éticos para que as empresas e instituições financeiras funcionem corretamente. 

O Padre Roberto Sirico, co-fundador e diretor do Acton, explicou sobre a correta maneira de praticar a caridade para com os pobres, oferecendo-lhes condições de trabalho digno e honesto, e não apenas donativos, que podem faze-los acomodados e sem dignidade.

Os valores cristãos mostram-se assim a solução para todos os problemas atuais, morais, sociais, políticos e econômicos. Transmiti-los ao mundo de hoje é tarefa da nova Evangelização.

Bispo da Administração Apostólica São João Maria Vianney

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Catequese de Bento XVI: reflexão sobre o Credo 23/01/2013


CATEQUESE- REFLEXÃO SOBRE O CREDO

Sala Paulo VI
Quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Queridos irmãos e irmãs, gostaria de iniciar hoje a refletir convosco sobre o Credo, isso é, sobre a solene profissão de fé que acompanha a nossa vida de crentes. O Credo começa assim: "Eu creio em Deus". É uma afirmação fundamental aparentemente simples na sua essencialidade, mas que abre ao infinito mundo do relacionamento com o Senhor e com o seu mistério. Crer em Deus implica adesão a Ele, acolhimento da sua Palavra e obediência alegre à sua revelação. Como ensina o Catecismo da Igreja Católica, " a fé é um ato pessoal: é a livre resposta do homem à iniciativa de Deus que se revela" (n. 166). Poder dizer acreditar em Deus é também um dom - Deus se revela, vem ao nosso encontro - e um empenho, é graça divina e responsabilidade humana, em uma experiência de diálogo com Deus que, por amor, "fala aos homens como aos amigos" (Dei Verbum, 2), fala a nós a fim de que, na fé e com a fé, possamos entrar em comunhão com Ele.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

21º Dia Mundial do Doente


21º Dia Mundial do Doente


"Vai e faz tu também o mesmo" (Lc 10, 37)




Amados irmãos e irmãs!

1. No dia 11 de Fevereiro de 2013, memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes, celebrar-se-á de forma solene, no Santuário mariano de Altötting, o XXI Dia Mundial do Doente. Este dia constitui, para os doentes, os operadores sanitários, os fiéis cristãos e todas as pessoas de boa vontade, "um momento forte de oração, de partilha, de oferta do sofrimento pelo bem da Igreja e de apelo dirigido a todos para reconhecerem na face do irmão enfermo a Santa Face de Cristo que, sofrendo, morrendo e ressuscitando, operou a salvação da humanidade" (João Paulo II, Carta de instituição do Dia Mundial do Doente, 13 de Maio de 1992, 3). Nesta circunstância, sinto-me particularmente unido a cada um de vós, amados doentes, que, nos locais de assistência e tratamento ou mesmo em casa, viveis um tempo difícil de provação por causa da doença e do sofrimento. Que cheguem a todos estas palavras tranquilizadoras dos Padres do Concílio Ecumênico Vaticano II: "Sabei que não estais (…) abandonados, nem sois inúteis: vós sois chamados por Cristo, a sua imagem viva e transparente" (Mensagem aos pobres, aos doentes e a todos os que sofrem).


Catequese de Bento XVI: A revelação da face de Deus - 16/01/2013


CATEQUESE – A REVELAÇÃO DA FACE DE DEUS

Sala Paulo VI - Vaticano
Quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Queridos irmãos e irmãs,

O Concílio Vaticano II, na Constituição sobre a divina Revelação Dei Verbum, afirma que a íntima verdade de toda a revelação de Deus brilha para nós “em Cristo, que é também o mediador e a plenitude de toda a Revelação” (n. 2). O Antigo Testamento nos narra como Deus, depois da criação, apesar do pecado original, apesar da arrogância do homem de querer colocar-se no lugar do seu criador, oferece novamente a possibilidade da sua amizade, sobretudo através da aliança com Abraão e o caminho de um pequeno povo, aquele de Israel, que Ele escolhe não com critérios de poder terreno, mas simplesmente por amor. É uma escolha que permanece um mistério e revela o estilo de Deus que chama alguns não para excluir outros, mas para que faça uma ponte que conduza a Ele: eleição é sempre eleição para o outro. Na história do povo de Israel podemos refazer os passos de um longo caminho no qual Deus se faz conhecer, se revela, entra na história com palavras e com ações. Para este trabalho, Ele usa mediadores, como Moisés, os Profetas, os Juízes, que comunicam ao povo a sua vontade, recordam a exigência de fidelidade à aliança e mantêm viva a realização plena e definitiva das promessas divinas.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Catequese de Bento XVI: Mistério da Encarnação - 09/01/2013


CATEQUESE – MISTÉRIO DA ENCARNAÇÃO

Sala Paulo VI - Vaticano
Quarta-feira, 9 de janeiro de 2013


Queridos irmãos e irmãs,

Neste tempo natalício nos concentramos mais uma vez sobre o grande mistério de Deus que desceu do Céu para entrar na nossa carne. Em Jesus, Deus encarnou-se, transformou-se homem como nós, e assim nos abriu o caminho para o seu Céu, para a comunhão plena com Ele.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Catequese de Bento XVI: a origem de Jesus - 02/01/2013


CATEQUESE – A ORIGEM DE JESUS

Sala Paulo VI – Vaticano
Quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Queridos irmãos e irmãs,

O Natal do Senhor ilumina mais uma vez com a sua luz as trevas que muitas vezes cercam o nosso mundo e o nosso coração e traz esperança e alegria. De onde vem esta luz? Da gruta de Belém, onde os pastores encontraram “Maria e José e o menino, deitado na manjedoura” (Lc 2,16). Diante desta Sagrada Família surge uma outra e mais profunda pergunta: como pode aquele pequeno e indefeso Menino ter levado uma novidade tão radical no mundo a ponto de mudar o curso da história? Não tem talvez algo de misterioso na sua origem vai além daquela gruta? 

Sempre de novo emerge assim a pergunta sobre a origem de Jesus, a mesma que coloca o Procurador Pôncio Pilatos durante o processo: “De onde és tu?” (Gv 19,29). No entanto, trata-se de uma origem bem clara. No Evangelho de João, quando o Senhor afirma: “Eu sou o pão descido do céu”, os judeus reagem murmurando: “Não é este Jesus, o filho de José? Dele não conhecemos o pai e a mãe? Como então pode dizer: “Sou descido do céu? (Jo 6,42). E, um pouco mais tarde, os cidadãos de Jerusalém se opõem com força diante da messianidade de Jesus, afirmando que se sabe bem “de onde é; o Cristo, em vez disso, quando vier, ninguém saberá de onde é” (Jo 7,27). O próprio Jesus faz notar quanto seja inadequado a pretensão deles de conhecer a sua origem, e com isso oferece já uma orientação para saber de onde vem: “Não sou vindo de mim mesmo, mas quem me mandou é verdadeiro, e vós não o conheceis” (Jo 7, 28). Certamente, Jesus é originário de Nazaré, é nascido em Belém, mas o que se sabe da sua verdadeira origem? 

Nos quatro Evangelhos emerge com clareza a resposta à pergunta “de onde” vem Jesus: a sua verdadeira origem é o Pai; Ele vem totalmente Dele, mas de modo diferente de qualquer profeta enviado por Deus que o precederam. Esta origem do mistério de Deus, “que ninguém conhece”, está contida já nas histórias sobre a infância dos Evangelhos de Mateus e de Lucas, que estamos lendo neste tempo natalício. O anjo Gabriel anuncia: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso aquele que nascerá será santo e chamado Filho de Deus” (Lc 1, 35). Repetimos estas palavras cada vez que recitamos o Credo, a Profissão de fé: “et incarnatus est de Spiritu Sancto, ex Maria Virgine”, “por obra do Espírito Santo encarnou-se no seio da Virgem Maria”. Nesta frase ajoelhamos porque o véu que escondia Deus, vem, por assim dizer, aberto e o seu mistério insondável e inacessível nos toca: Deus se torna o Emanuel, “Deus conosco”. Quando escutamos as missas compostas por grandes mestres da música sacra, penso no exemplo da Missa de Coroação de Mozart, notamos imediatamente como se afirmam, se baseiam especialmente sobre esta frase, como para tentar expressar com a linguagem universal da música isso que as palavras não podem manifestar: o grande mistério de Deus que se encarna, se fez homem.

Se considerarmos atentamente a expressão “por obra do Espírito Santo encarnou-se no seio da Virgem Maria”, encontramos que essa inclui quatro sujeitos que atuam. De modo explícito são mencionados o Espírito Santo e Maria, mas é subentendido “Ele”, isso é o Filho, que se fez carne no seio da Virgem. Na Profissão de fé, o Credo, Jesus aparece definido com nomes diversos: “Senhor, ... Cristo, Filho unigênito de Deus ...Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro...consubstancial ao Pai” (Credo niceno-constantinopolitano). Vemos então que “Ele” refere-se a uma outra pessoa, aquela do Pai. O primeiro sujeito desta frase é então o Pai, que, com o Filho e o Espírito Santo, é o único Deus. 

Esta afirmação do Credo não é sobre o ser eterno de Deus, mas nos fala de uma ação à qual tomam parte as três Pessoas divinas e que se realiza “ex Maria Virgem”. Sem ela a entrada de Deus na história da humanidade não chegaria ao seu fim e não teria tido lugar aquilo que é central na nossa Profissão de fé: Deus é um Deus conosco. Assim Maria pertence de modo irrenunciável à nossa fé no Deus que age, que entra na história. Ela coloca à disposição toda a sua pessoa, “aceita” transformar-se lugar da morada de Deus.

Às vezes, também no caminho e na vida de fé podemos sentir a nossa pobreza, a nossa insuficiência frente ao testemunho para oferecer ao mundo. Mas Deus escolheu justamente uma mulher humilde, em uma vila desconhecida, em uma das províncias mais distantes do império romano. Sempre, também em meio às dificuldades mais difíceis de enfrentar, devemos ter confiança em Deus, renovando a fé na sua presença e ação na nossa história, como naquela de Maria. Nada é impossível para Deus! Com Ele a nossa existência caminha sempre em terras seguras e está aberta a um futuro de firme esperança.

Professando no Credo: “por obra do Espírito Santo encarnou-se no seio da Virgem Maria”, afirmamos que o Espírito Santo, como força de Deus Altíssimo, operou de modo misterioso na Virgem Maria a concepção do Filho de Deus. O Evangelista Lucas reporta as palavras do arcanjo Gabriel: “O Espírito descerá sobre ti e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra” (1, 35). Duas referências são evidentes: a primeira é no momento da criação. No início do livro do Gênesis lemos que “o espírito de Deus pairava sobre as águas” (1, 2);  é o Espírito criador que deu vida a todas as coisas e ao ser humano. Isso que acontece em Maria, através da ação do mesmo Espírito divino, é uma nova criação: Deus, que chamou o ser do nada, com a Encarnação dá vida a um novo início da humanidade. Os Padres da Igreja muitas vezes falam de Cristo como do novo Adão, para marcar o início da nova criação do nascimento do Filho de Deus no seio da Virgem Maria. Isto nos faz refletir sobre como a fé traz também em nós uma novidade tão forte a ponto de produzir um segundo nascimento. De fato, no início do ser cristão tem o Batismo que nos faz renascer como filhos de Deus, nos faz participar da relação filial que Jesus tem com o Pai. E gostaria de salientar que como o Batismo se recebe, nós “somos batizados” – é um passivo – porque ninguém é capaz de tornar-se filho de Deus por si mesmo: é um dom que é conferido gratuitamente. São Paulo refere-se a esta filiação adotiva dos cristãos em uma passagem central da sua Carta aos Romanos, onde escreve: “Todos aqueles que são guiados pelo Espírito de Deus, estes são filhos de Deus. E vós não recebestes um espírito da escravidão para cair novamente no medo, mas recebestes o Espírito que torna filhos adotivos, por meio do qual clamamos: “Abá! Pai”. O próprio Espírito, junto ao nosso espírito, atesta que somos filhos de Deus”, não servos (8,14-16). Somente se nos abrimos à ação de Deus, como Maria, somente se confiamos a nossa vida ao Senhor como a um amigo no qual nós confiamos totalmente, tudo muda, a nossa vida adquire um novo sentido e uma nova face: aquela dos filhos de um Pai que nos ama e nunca nos abandona.  

Falamos de dois elementos: o elemento primeiro o Espírito sobre as águas, o Espírito Criador; tem um outro elemento nas palavras da Anunciação. 

O anjo diz a Maria: “O poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra”. É um lembrete da nuvem santa que, durante o caminho do êxodo, parava na tenda do encontro, na arca da aliança, que o povo de Israel levava consigo, e que indicava a presença de Deus (cfr Es 40,40,34-38). Maria, então, é a nova tenda santa, a nova arca da aliança: com o seu “sim” às palavras do arcanjo, Deus recebe uma morada neste mundo, Aquele que o universo não pode conter para habitar no ventre de uma virgem.

Retornamos então à questão com a qual começamos, aquela sobre a origem de Jesus, sintetizada pela pergunta de Pilatos: “De onde és tu?”.  Das nossas reflexões aparece claro, desde o início dos Evangelhos, qual é a verdadeira origem de Jesus: Ele é o Filho Unigênito do Pai, vem de Deus. Estamos diante do grande e perturbador mistério que celebramos neste tempo do Natal: o Filho de Deus, por obra do Espírito Santo, encarnou-se no seio da Virgem Maria. Este é um anúncio que soa sempre novo e que traz em si esperança e alegria ao nosso coração, porque nos doa toda vez a certeza de que, mesmo se muitas vezes nos sentimos fracos, pobres, incapazes diante da dificuldade e do mal do mundo, o poder de Deus age sempre e opera maravilhas propriamente na fraqueza. A sua graça é a nossa força. (cfr 2 Cor 12,9-10). Obrigado. 

BENEDICTVS XVI

CICLO DO NATAL: Conclusão: TEMPO DA EPIFANIA


CICLO DO NATAL: MISTÉRIO DA ENCARNAÇÃO

Conclusão: TEMPO DA EPIFANIA




Manifestações do Senhor      

O Tempo da Epifania celebra as manifestações do Salvador aos povos pagãos (representados nos Reis Magos) e aos representantes do povo escolhido no dia em que, ao ser batizado, foi apontado pelo Pai Celestial como seu filho muito amado, que veio salvar o mundo com o sacrifício da cruz e com a palavra das verdades celestiais: Este é o meu filho bem amado: escutai-o!
            COMENTÁRIO DOGMÁTICO. O tempo da Epifania recorda particularmente os seguintes fatos: a) a adoração dos Reis Magos, a 6 de janeiro; b) a manifestação da sabedoria e vocação de Jesus, quando de sua ida ao Templo aos doze anos; c) a prodigiosa manifestação divina por ocasião de sue batismo no Jordão.
            COMENTÁRIO ASCÉTICO. A vocação dos Reis Magos para o presépio de Jesus e a própria vocação de Cristo que diz “dever ocupar-se nas coisas do Pai celestial”, lembram-nos quão importante seja na prática da vida cristã a virtude do desapego das coisas, de pessoas e da própria vontade para seguir a lei de Deus.
            COMENTÁRIO LITÚRGICO. O Prefácio da Epifania convida-nos a meditar a grande lição deste Tempo: Cristo, aparecendo revestido de nossa natureza humana, fez brilhar aos nossos olhos a luz de sua vida imortal e eterna. Não deixemos que se apague em nós a luz de sua graça e de seus exemplos: sigamo-lo até contemplá-lo e possuí-lo na luz da bem-aventurança eterna.
                                                      

(Fonte: Missal Romano Cotidiano, Edições Paulinas, 1964, pág. 117)





VERDADES LIGADAS À FESTA DA EPIFANIA
            1 – Jesus Cristo depois de ser revelado aos hebreus quis manifestar-se também aos gentios, na pessoa dos Magos, para significar que “de dois povos formava um só” (Ef  2, 14) e que todos chamava à conversão e à fé. Por isso hoje é a nossa festa, a festa dos povos pagãos, convertidos ao cristianismo.
            2 – O mistério da Epifania prolonga-se ainda através dos séculos e seus frutos renovam-se na conversão dos infiéis, dos hereges, dos cismáticos e dos pecadores e na santificação dos justos.
            3 – O ouro dos Magos significa a realeza de Jesus Cristo e o nosso amor por ele. O incenso a sua divindade e a nossa oração (adoração); a mirra a sua humanidade e a nossa imolação (mortificação).


(Fonte: Missal Romano Cotidiano, Edições Paulinas, 1964, págs. 122 e 123)




(No antigo calendário litúrgico)

I Domingo depois da Epifania 
SAGRADA FAMÍLIA
II classe – Branco

            A devoção à Sagrada Família alcançou grande popularidade no século XVII, propagando-se celeremente não só na Europa, mas também nos países da América. A festa, instituída por Leão XIII, em 1883, foi estendia por Bento XV à Igreja Universal.
            A festa tem por finalidade dar às famílias cristãs um modelo e um exemplo a imitar e um padroeiro a quem recorrer. “Os pais de família têm em São José um modelo admirável de vigilância e solicitude paterna; as mães podem admirar na Virgem SSma. um exemplo insigne de amor, de respeito e de submissão; os filhos têm em Jesus, submisso a seus pais, um exemplo divino de obediências; os pobres aprenderão a ter mais em conta as virtudes do que as riquezas; os operários e todos os que sofrem, devido à sua condição pobre, terão motivo e ocasião de alegrar-se pela sua sorte em vez de entristecer-se, porque têm de comum com a Sagrada Família as fadigas e os cuidados da vida cotidiana” (Leão XIII).

(Fonte: Missal Romano Cotidiano, Edições Paulinas, 1964, pág. 123)




A FAMÍLIA CRISTÃ
A família, de instituição divina, é o núcleo fundamental da Igreja e do Estado, a fonte em que se renova perenemente a base da vida religiosa e civil. As colunas da vida familiar são a fidelidade e a santidade dos cônjuges, a geração da prole segundo os princípios da lei divina, a educação cristã dos filhos, a obediência e a submissão ao poder paterno.
            Os pais têm o dever de amar os filhos, de cuidar da sua vida (saúde, alimento, vestuário, patrimônio) e de prover à sua educação religiosa e civil (bom exemplo, correção, vigilância).  Os filhos devem retribuir com amor, com o respeito (estima, veneração) e com a obediência em todas as coisas lícitas e honestas.
            O quarto mandamento ordena-nos amar, respeitar e obedecer, além dos pais, também os superiores em autoridade, os quais devem corresponder, para com os súditos, com o amor, o auxílio e o interesse espiritual e material. Em particular os patrões para com os servos têm o dever de dar o devido salário, necessário para si e para a família, e de lhe dar trabalho segundo as forças de cada um; os empregados devem cumprir com consciência o trabalho confiado.


(Fonte: Missal Romano Cotidiano, Edições Paulinas, 1964, pág. 127)







O MATRIMÔNIO

O Matrimônio é o sacramento que une o homem e a mulher indissoluvelmente, como estão unidos Jesus Cristo e a Igreja, sua esposa, e dá-lhes a graça de santamente conviverem e de educarem cristãmente os filhos (graça sacramental). A essência do Matrimônio está no contrato natural, com o qual o homem e a mulher fazem (matéria) e aceitam (forma), com sinais ou palavras, a mútua oferta do próprio corpo, em ordem à procriação da prole (fim principal) e à mútua fidelidade, amor e assistência (fim secundário).
Os ministros do Matrimônio são os mesmos esposos, que o contraem e que exprimem o mútuo consentimento diante do Pároco (ou do Bispo Diocesano), ou de um sacerdote delegado e diante de duas testemunhas.
Somente a Igreja tem poder sobre o Matrimônio dos cristãos; o Estado é competente nos efeitos civis, somente. Os esposos católicos, que contraem somente Matrimônio civil, são considerados pecadores públicos.
O divórcio, isto é, a dissolução do matrimônio vivendo ainda os cônjuges, é absolutamente proibido por Deus. Por motivos graves é somente permitida a separação das pessoas e dos bens.
Na escolha do estado conjugal, que é a vocação mais comum, são necessárias a oração, a prudência, a pureza, a instrução religiosa.


(Fonte: Missal Romano Cotidiano, Edições Paulinas, 1964, pág. 136)




A VIRTUDE DA FÉ

            A fé é aquela virtude sobrenatural pela qual cremos, por autoridade divina, o que Deus revelou e nos propõe a crer, por meio da Igreja. Deve ser firme, indestrutível, sincera universal.
            A fé é necessária para nos salvarmos. Mas o conhecimento das verdades reveladas não urge do mesmo modo: a) a existência de Deus remunerador e os dois ministérios principais da fé são necessários de necessidade de meio; b) o Credo, o Pai-Nosso e a Ave Maria, o decálogo e os Sacramentos, são necessários de necessidade de preceito; c) as outras verdades, basta crer com um ato geral de fé, sem excluir nenhuma.
            Os atos de fé (oração, sinal da cruz, jaculatórias...) obrigam: a) perante Deus, no início do uso da razão, nas tentações e nas dúvidas contra alguma verdade, no cumprimento de importantes deveres cristãos e no perigo de morte; b) perante os homens confessando e defendendo a fé, sem temor respeito humano, contra quem a nega, fala mal dela e a blasfema.


(Fonte: Missal Romano Cotidiano, Edições Paulinas, 1964, pág. 141)





AS PAIXÕES E OS VÍCIOS

            As paixões são comoções ou movimentos violentos da alma, que, se não forem moderados pela razão, arrastam ao vício e, muitas vezes, também ao delito.
            O vício é o hábito de fazer o mal adquirido, repetindo-se atos maus. Os vícios principais são os sete capitais, que se chamam assim porque são cabeça e origem dos outros vícios: soberba, (estima exagerada de si), avareza (desejo excessivo das riquezas), luxúria (uso dos prazeres ilícitos da carne), ira (vingança, contra a razão), gula (avidez do comer e do beber), inveja (tristeza pelo bem e alegria pelo mal alheio), preguiça (descuido dos próprios deveres ou negligência).
            Aos vícios capitais opõem-se estas virtudes: a humildade (exata estima de si), a liberdade (generosidade na esmola), a castidade, a paciência, a sobriedade nos alimentos e nas bebidas, a fraternidade (ou benevolência), a diligência ou zelo no serviço de Deus.


(Fonte: Missal Romano Cotidiano, Edições Paulinas, 1964, pág. 145)




AS VIRTUDES EM GERAL

            A virtude é uma disposição constante da alma a fazer o bem. Podem ser naturais (ou adquiridas), que se adquirem com nossas forças, repetindo atos bons, e sobrenaturais (ou infusas) que nos são dadas diretamente por Deus. Estas últimas distinguem-se em teologias (têm a Deus por objeto): fé, esperança e caridade; e em morais (indagação do bem), cujas principais são a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança (honestidade no viver) e a virtude da religião (dar a Deus o culto devido).
As virtudes morais aumentam-se se repetindo atos bons, enfraquecem-se e perdem-se se diminuindo os mesmos e fazendo atos maus. Repetindo tais atos maus, degenera-se no vício e, talvez, até mesmo no delito.
A virtude que rege os nossos costumes e as nossas ações é a prudência, que dirige os atos ao devido fim sobrenatural, faz discernir os bons dos maus e fazer usar os meios bons. É necessária para a salvação.


(Fonte: Missal Romano Cotidiano, Edições Paulinas, 1964, pág. 150)