terça-feira, 30 de abril de 2013

O TRABALHO DIGNIFICADO


(Foto tirada no Domingo de Páscoa, após a Solene Missa Pontifical cantada por Dom Fernando Rifan. Da esquerda para a direita: Tiago Martins, Arthur Menegrado, Vanessa Gatti, Dom Rifan, eu e minha irmã Satiê Lagasse. Um verdadeiro pai para nós!)


Dom Fernando Arêas Rifan*

Dia 1º de maio celebramos a festa de São José operário, patrono e modelo dos trabalhadores. Esta festa foi instituída pelo Papa Pio XII, desejoso de ajudar os trabalhadores a santificar o seu dia, já mundialmente comemorado. De origem nobre da Casa de Davi, ganhando a vida como simples carpinteiro, São José harmoniza bem a união de classes que deve existir em uma sociedade cristã, onde predominam a justiça e a caridade.
O trabalho é obra de Deus. Deus, ao criar o homem, colocou-o no jardim do Éden para nele trabalhar. O trabalho existe, portanto, antes do pecado. Depois deste, passou a ter a conotação de penitência, pois adquiriu uma nota de dificuldade e o necessário esforço para desempenhá-lo: “Comerás o pão com o suor do teu rosto” (Gn 3,19).
Assim, o trabalho tem o aspecto natural necessário para o nosso sustento e o aspecto adicional de penitência, pois ele contraria nossa tendência, exacerbada pelo pecado, à preguiça e ao relaxamento. O trabalho é algo muito digno e nobre, seja ele qual for, desde que seja honesto e nos encaminhe para Deus, seu autor.
Um dos pontos salientes da Doutrina Social da Igreja é a superioridade do trabalho, pelo seu caráter pessoal, a todo e qualquer outro fator de produção, em particular sobre o capital, embora ambos sejam complementares e não antagônicos. De nada vale o capital sem o trabalho, nem o trabalho sem o capital. É inteiramente falso atribuir ou só ao capital ou só ao trabalho o produto do concurso de ambos, e é deveras injusto que um deles, negando a eficácia do outro, se arrogue a si todos os frutos (cf. Laborem exercens, Rerum novarum, Quadragesimo anno). 
O trabalho é também expressão do amor. “A expressão quotidiana deste amor na vida da Família de Nazaré é o trabalho. O texto evangélico especifica o tipo de trabalho mediante o qual José procurava garantir a sustentação da Família: o trabalho de carpinteiro... Aquele que era designado como o ‘filho do carpinteiro’, tinha aprendido o ofício de seu ‘pai’ adotivo. Se a Família de Nazaré, na ordem da salvação e da santidade, é exemplo e modelo para as famílias humanas, é-o analogamente também o trabalho de Jesus ao lado de José carpinteiro... O trabalho humano, em particular o trabalho manual, tem no Evangelho uma acentuação especial. Juntamente com a humanidade do Filho de Deus ele foi acolhido no mistério da Encarnação, como também foi redimido de maneira particular. Graças ao seu banco de trabalho, junto do qual exercitava o próprio ofício juntamente com Jesus, José aproximou o trabalho humano do mistério da Redenção... Trata-se, em última análise, da santificação da vida quotidiana, no que cada pessoa deve empenhar-se, segundo o próprio estado, e que pode ser proposta apontando para um modelo accessível a todos: São José é o modelo dos humildes, que o Cristianismo enaltece para grandes destinos; é a prova de que para serem bons e autênticos seguidores de Cristo não se necessitam grandes coisas, mas requerem-se somente virtudes comuns, humanas, simples e autênticas” (B. João Paulo II, Ex. Apost. Redemptoris Custos).

*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

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