terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

CICLO DA PÁSCOA

Salve Maria! Meditemos sobre o Tempo litúrgico que se aproxima, aproveitemos as graças que emanam do Coração de Deus para nossa salvação! Rumo à Páscoa do Senhor, com jejuns, boas obras e oração!



MISTÉRIO DA REDENÇÃO

Centro luminoso do ano litúrgico, o grande mistério pascal celebra o amor do Filho de Deus em remir os homens.
O nascimento, a vida oculta e pública do Salvador oferecem exemplos de santidade; a sua doutrina apresenta o caminho do céu. Jesus não é somente a causa exemplar, isto é, o modelo em que nos devemos amoldar. É também a causa meritória e eficaz de nossa salvação, isto é, o autor desta, porque a mereceu por nós com sua Paixão e Morte.
            O ciclo pascal compreende:
1ª) O Tempo da Quaresma, período de preparação, recordamos a criação, elevação e queda do homem; também o homem reparando o próprio pecado com o arrependimento e a penitência.

2ª) A Semana Santa ou Semana Maior, nos é apresentado o Salvador reparando, com sua Paixão e Morte, os pecados da humanidade.

3ª) A Celebração – festa e Oitava da Páscoa – lembra a vitória de Jesus nosso Senhor sobre o pecado e a morte. O Prolongamento – as cinco semanas da Páscoa, a Ascensão e a festa de Pentecostes – representa o triunfo final de Jesus e da humanidade, por ele redimida, confirmada pela vinda do Espírito Santo sobre a Igreja fundada por Cristo.



TEMPO DA QUARESMA

Expiação do pecado por parte do homem





Na linguagem corrente, a Quaresma abrange os dias que vão da Quarta feira de Cinzas até a Quinta Feira Santa .
A Quaresma pode ser considerada, no ano litúrgico, o tempo mais rico de ensinamentos. Lembra o retiro de Moisés, o longo jejum do profeta Elias e do Salvador. Foi instituída como preparação para o Mistério Pascal.
Data dos tempos apostólicos. – A Quaresma como sinônimo de jejum observado por devoção individual na Sexta-feira  e Sábado Santos, e logo estendido a toda Semana Santa. Na segunda metade do século II, a exemplo de outras igrejas, Roma introduziu a observação quaresmal em preparação para a Páscoa, limitando porém o jejum a três semanas somente: a primeira e a quarta da atual Quaresma e Semana Santa. A verdadeira Quaresma, com os quarenta dias de jejum e abstinência de carne, data do século IV.
O jejum consistia originalmente numa única refeição tomada à tardinha; por volta do ano 1000 antecipou-se para as três horas da tarde e no século XV tornou-se comum o almoço ao meio dia. Com o correr dos tempos, verificou-se que era demasiado penosa a espera de vinte e quatro horas; foi-se, por isso, introduzindo o uso de se tomar alguma coisa à tarde, e logo mais também pela manhã, costume que vigora ainda hoje. O jejum atual, portanto, consiste em tomar uma só refeição diária completa, na hora de costume: pela manhã, ao meio dia ou á tarde, com duas refeições leves no restante do dia.

COMENTÁRIO DGMÁTICO
“Todos pecamos, e todos precisamos fazer penitência” afirma São Paulo. A penitência é uma virtude sobrenatural (intimamente ligada à virtude da justiça), que inclina o pecador a detestar o pecado, a repará-lo dignamente e evitá-lo no futuro.
Os motivos principais, que nos obrigam à penitência são:

a) O dever de justiça para com Deus, a quem devemos honra e glória, o que lhe negamos com nosso pecado;

            b) A nossa incorporação com Cristo, o qual, inocente, expiou os nossos pecados; nós, culpados, devemos associar-nos a ele, no Sacrifício da Cruz, com generosidade e verdadeiro espírito de reparação;

c) O dever da caridade para com nós mesmos que precisamos descontar as penas merecidas com os nossos pecados e remir nossas paixões;

d)O dever da caridade para com o nosso próximo, que afastamos de Deus com os maus exemplos.

Vê-se daí quão útil para o pecador aproveitar o tempo da Quaresma para multiplicar as boas obras, e assim dispor-se para a conversão.

ENSINAMENTO ASCÉTICO
Segundo os Santos Padres, a Quaresma é um período de renovação espiritual, de vida cristã mais intensa e de destruição do pecado, para uma ressurreição espiritual, que marque na Páscoa o reinício de uma vida nova em cristo ressuscitado.
A Quaresma tem por finalidade primordial incitar-nos à oração, à instrução religiosa, ao sacrifício e à caridade fraterna. Recomenda-se por isso, particularmente a meditação da Paixão de cristo.
O jejum e a abstinência de carne se fazem para que nos lembremos de mortificar os nossos sentidos, orientando-nos particularmente ao arrependimento sincero e emenda de nossos pecados.
A caridade fraterna – base do Cristianismo – inclui a esmola e todas as obras de misericórdia espirituais e corporais.




MEDITAÇÕES



COMENTÁRIO DOGMÁTICO


a)      A criação do mundo. As três divinas Pessoas, no seu infinito poder, sabedoria e bondade, tiraram do nada o céu e a terra e tudo o que neles existe. Deus criou do nada o universo celeste e terrestre, dando-lhes grandeza, beleza, ordem e perfeição. Deus nosso Senhor criou o universo visível para sua própria perfeição (finalidade próxima da criação), e para o homem (finalidade intermediária), a fim de que se manifeste a perfeição, bondade, e a glória do Criador (finalidade última).
b)      A criação do homem e sua elevação ao estado sobrenatural, com as terríveis consequências do pecado original. Os nossos progenitores foram criados diretamente por Deus em estado de inocência e felicidade, com destino em dons sobrenaturais; viram-se, porém, espoliados dessas prerrogativas, por causa do gravíssimo pecado de desobediência que cometeram, comendo o fruto proibido, e por causa da ambição indevida de se tornarem semelhantes a Deus;
c)      A depravação do gênero humano, a tal ponto agravada no correr dos tempos, que Deus enviou o dilúvio universal. Mais tarde, em castigo de seus pecados, os hebreus serviram como escravos, em Babilônia, durante setenta anos.


COMENTÁRIO ASCÉTICO
           
Do que acima se disse, conclui-se a necessidade absoluta de uma penitência recuperadora, que deve ser o início da vida cristã (via purgativa, conversão). Tal penitência significa arrependimento sincero dos pecados, que faz confessá-los e aceitar voluntariamente a reparação imposta.
Consideremos a gravidade do pecado, as obrigações contraídas com a justiça divina e a nossa absoluta impotência de ressurgir, por nós mesmos de nosso mísero estado para o estado de amizade com Deus. O nosso espírito de arrependimento deve ser vivificado por uma absoluta confiança em Jesus Cristo nosso Senhor, que vencendo o pecado, ilumina a humanidade com a vida da graça. Esta confiança em Jesus manifesta-se na oração fervorosa e se robustece pelas boas obras.
O arrependimento e a confiança transformam a fadiga, o sofrimento e todas as realidades tristes da vida humana em poderosos meios para alcançar a vitória final, que é a glória eterna do Paraíso.


A SALVAÇÃO E O MÉRITO

“Deus quer salvos todos os homens” (1 Tim 2,4) e por isso oferece a cada um o auxílio de sua graça, que se obtém mediante os Sacramentos e a oração. Mas na economia divina, a salvação é prêmio da nossa cooperação e das nossas boas obras ou méritos.
O mérito é o direito à gratidão espiritual, que Deus, por pura liberalidade, prometeu ao homem. Para que seja meritória a ação deve ser boa, livre e feita em estado de graça, por amor de Deus e por um fim sobrenatural. Quando existem estas condições, toda nossa ação, ainda que comum, simples e insignificante, adquirem um valor eterno.
Mesmo se não podemos ter certeza absoluta da nossa predestinação, a frequência aos Sacramentos, a verdadeira devoção à Virgem Santíssima, a prática das nove primeiras Sexta-feiras e a correspondência às boas inspirações, são sinais de que dela nos dão uma certeza moral.




A PAIXÃO DE JESUS

Jesus Cristo, padecendo e sacrificando-se voluntariamente e somente por amor, sobre a Cruz, cancelou o pecado (a causa principal da Paixão), reconciliou-nos com Deus, dando-lhe plena satisfação e reabriu-nos o Paraíso.
Jesus tinha uma constituição sensibilíssima e sofreu em sumo grau todo gênero de tormentos. Sofreu na alma (tristeza, tédio, desolação abandono, e traição), na honra e na fama (blasfêmias, desprezo e condenação) e em todos os membros do corpo (coroação de espinhos, flagelação e crucifixão).
Ele morreu como homem, porque como Deus não podia padecer nem morrer. Sofrendo e morrendo na Cruz, Jesus deu a Deus uma satisfação real, voluntária, superabundante e universal.


(Retirado do Missal Romano Cotidiano, Ed. paulinas, 1963)







Como sabemos, a Quaresma é sempre antiga e nova ao mesmo tempo. Repete-se a cada ano litúrgico e traz-nos sempre novos frutos de conversão e graças de Deus nosso Senhor. 
Esse ano, em especial, somos desafiados a manter a perseverança num momento histórico. Sua Santidade, o Papa Bento XVI, renunciou ao trono de Pedro (ver aqui). Será desafiador, para nós católicos, viver a Quaresma num clima maior de oração e penitência, de entrega total ao bondoso Deus, oferecendo humildemente nossos dias de preparação para a Páscoa do Senhor na intenção, além de nosso própria santificação, pela Santa Igreja, pelo Papa Bento XVI que sai, e pelo novo Papa que vai ser eleito. O tempo atual exige de nós muita força e perseverança, e a graça de Deus, como vemos agir desde o Antigo Testamento até os dias de hoje, não nos deixa a deriva, não deixa a Barca de Pedro. As portas do inferno NON PRÆVALEBUNT!



CHRISTUS VINCIT, CHRISTUS REGNAT, CHRISTUS IMPERAT!


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