quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

In Tempus Sedis Vacantis




A partir deste momento, 20h de Roma (16 de Brasília), o Santo Padre Bento XVI torna-se "Papa Emérito", deixando vacante a Sé do bem-aventurado Apóstolo São Pedro.
Toda a Igreja é chama à oração e as práticas devidamente necessárias em favor dos Cardeais para que, com a sabedoria do Espírito Santo, possa ser elegido um novo Sucessor de São Pedro.




FECHANDO AS PORTAS


PORTAS FECHADAS






quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Na íntegra, última Catequese de Bento XVI – 27/02/13




Cerca de 150 mil fiéis se reuniram na Praça São Pedro para ouvirem última Catequese de Bento XVI.


Bento XVI deixará o Ministério Petrino nesta quinta-feira, 28, às 20h (horário de Roma, 16h em Brasília) e passará um período em Castel Gandolfo até a eleição do novo Pontífice.





Catequese 
Praça São Pedro
Quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013



Venerados irmãos no Episcopado e no Sacerdócio!
Ilustres Autoridades!
Queridos irmãos e irmãs!

Agradeço-vos por terem vindo em tão grande número para esta minha última Audiência geral.

Obrigado de coração! Estou realmente tocado! E vejo a Igreja viva! E penso que devemos também dizer um obrigado ao Criador pelo tempo belo que nos doa agora ainda no inverno.

Como o apóstolo Paulo no texto bíblico que ouvimos, também eu sinto no meu coração o dever de agradecer sobretudo a Deus, que guia e faz crescer a Igreja, que semeia a sua Palavra e assim alimenta a fé no seu Povo. Neste momento a minha alma se expande para abraçar toda a Igreja espalhada no mundo; e dou graças a Deus pelas “notícias” que nestes anos do ministério petrino pude receber sobre a fé no Senhor Jesus Cristo, e da caridade que circula realmente no Corpo da Igreja e o faz viver no amor, e da esperança que nos abre e nos orienta para a vida em plenitude, rumo à pátria do Céu.

Sinto levar todos na oração, um presente que é aquele de Deus, onde acolho em cada encontro, cada viagem, cada visita pastoral. Tudo e todos acolho na oração para confiá-los ao Senhor: para que tenhamos plena consciência da sua vontade, com toda sabedoria e inteligência espiritual, e para que possamos agir de maneira digna a Ele, ao seu amor, levando frutos em cada boa obra (cfr Col 1,9-10).

Neste momento, há em mim uma grande confiança, porque sei, todos nós sabemos, que a Palavra de verdade do Evangelho é a força da Igreja, é a sua vida. O Evangelho purifica e renova, traz frutos, onde quer que a comunidade de crentes o escuta e acolhe a graça de Deus na verdade e vive na caridade. Esta é a minha confiança, esta é a minha alegria.

Quando, em 19 de abril há quase oito anos, aceitei assumir o ministério petrino, tive a firme certeza que sempre me acompanhou: esta certeza da vida da Igreja, da Palavra de Deus. Naquele momento, como já expressei muitas vezes, as palavras que ressoaram no meu coração foram: Senhor, porque me pedes isto e o que me pede? É um peso grande este que me coloca sobre as costas, mas se Tu lo me pedes, sobre tua palavra lançarei as redes, seguro de que Tu me guiarás, mesmo com todas as minhas fraquezas. E oito anos depois posso dizer que o Senhor me guiou, esteve próximo a mim, pude perceber cotidianamente a sua presença. Foi uma parte do caminho da Igreja que teve momentos de alegria e de luz, mas também momentos não fáceis; senti-me como São Pedro com os Apóstolos na barca no mar da Galileia: o Senhor nos doou tantos dias de sol e de leve brisa, dias no qual a pesca foi abundante; houve momentos também nos quais as águas eram agitadas e o vento contrário, como em toda a história da Igreja, e o Senhor parecia dormir. Mas sempre soube que naquela barca está o Senhor e sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas é Sua. E o Senhor não a deixa afundar; é Ele que a conduz, certamente também através dos homens que escolheu, porque assim quis. Esta foi e é uma certeza, que nada pode ofuscá-la. E é por isto que hoje o meu coração está cheio de agradecimento a Deus porque não fez nunca faltar a toda a Igreja e também a mim o seu consolo, a sua luz, o seu amor.

Estamos no Ano da Fé, que desejei para reforçar propriamente a nossa fé em Deus em um contexto que parece colocá-Lo sempre mais em segundo plano. Gostaria de convidar todos a renovar a firme confiança no Senhor, a confiar-nos como crianças nos braços de Deus, certo de que aqueles braços nos sustentam sempre e são aquilo que nos permite caminhar a cada dia, mesmo no cansaço. Gostaria que cada um se sentisse amado por aquele Deus que doou o seu Filho por nós e que nos mostrou o seu amor sem limites. Gostaria que cada um sentisse a alegria de ser cristão. Em uma bela oração para recitar-se cotidianamente de manhã se diz: “Adoro-te, meu Deus, e te amo com todo o coração. Agradeço-te por ter me criado, feito cristão…”. Sim, somos contentes pelo dom da fé; é o bem mais precioso, que ninguém pode nos tirar! Agradeçamos ao Senhor por isto todos os dias, com a oração e com uma vida cristã coerente. Deus nos ama, mas espera que nós também o amemos!

Mas não é somente a Deus que quero agradecer neste momento. Um Papa não está sozinho na guia da barca de Pedro, mesmo que seja a sua primeira responsabilidade. Eu nunca me senti sozinho no levar a alegria e o peso do ministério petrino; o Senhor colocou tantas pessoas que, com generosidade e amor a Deus e à Igreja, ajudaram-me e foram próximas a mim. Antes de tudo vós, queridos Cardeais: a vossa sabedoria, os vossos conselhos, a vossa amizade foram preciosos para mim; os meus Colaboradores, a começar pelo meu Secretário de Estado que me acompanhou com fidelidade nestes anos; a Secretaria de Estado e toda a Cúria Romana, como também todos aqueles que, nos vários setores, prestaram o seu serviço à Santa Sé: são muitas faces que não aparecem, permanecem na sombra, mas propriamente no silêncio, na dedicação cotidiana, com espírito de fé e humildade foram para mim um apoio seguro e confiável. Um pensamento especial à Igreja de Roma, a minha Diocese! Não posso esquecer os Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio, as pessoas consagradas e todo o Povo de Deus: nas visitas pastorais, nos encontros, nas audiências, nas viagens, sempre percebi grande atenção e profundo afeto; mas também eu quis bem a todos e a cada um, sem distinções, com aquela caridade pastoral que é o coração de cada Pastor, sobretudo do Bispo de Roma, do Sucessor do Apóstolo Pedro. Em cada dia levei cada um de vós na oração, com o coração de pai.

Gostaria que a minha saudação e o meu agradecimento alcançasse todos: o coração de um Papa se expande ao mundo inteiro. E gostaria de expressar a minha gratidão ao Corpo diplomático junto à Santa Sé, que torna presente a grande família das Nações. Aqui penso também em todos aqueles que trabalham para uma boa comunicação, a quem agradeço pelo seu importante serviço.

Neste ponto gostaria de agradecer verdadeiramente de coração todas as numerosas pessoas em todo o mundo, que nas últimas semanas me enviaram sinais comoventes de atenção, de amizade e de oração. Sim, o Papa não está nunca sozinho, agora experimento isso mais uma vez de um modo tão grande que toca o coração. O Papa pertence a todos e tantas pessoas se sentem muito próximas a ele. É verdade que recebo cartas dos grandes do mundo – dos Chefes de Estado, dos Líderes religiosos, de representantes do mundo da cultura, etc. Mas recebo muitas cartas de pessoas simples que me escrevem simplesmente do seu coração e me fazem sentir o seu afeto, que nasce do estar junto com Cristo Jesus, na Igreja. Estas pessoas não me escrevem como se escreve, por exemplo, a um príncipe ou a um grande que não se conhece. Escrevem-me como irmãos e irmãs ou como filhos e filhas, com o sentido de uma ligação familiar muito afetuosa. Aqui pode se tocar com a mão o que é a Igreja – não uma organização, uma associação para fins religiosos ou humanitários, mas um corpo vivo, uma comunhão de irmãos e irmãs no Corpo de Jesus Cristo, que une todos nós. Experimentar a Igreja deste modo e poder quase tocar com as mãos a força da sua verdade e do seu amor é motivo de alegria, em um tempo no qual tantos falam do seu declínio. Mas vejamos como a Igreja é viva hoje!

Nestes últimos meses, senti que as minhas forças estavam diminuindo e pedi a Deus com insistência, na oração, para iluminar-me com a sua luz para fazer-me tomar a decisão mais justa não para o meu bem, mas para o bem da Igreja. Dei este passo na plena consciência da sua gravidade e também inovação, mas com profunda serenidade na alma. Amar a Igreja significa também ter coragem de fazer escolhas difíceis, sofrer, tendo sempre em vista o bem da Igreja e não de si próprio.

Aqui, permitam-me voltar mais uma vez a 19 de abril de 2005. A gravidade da decisão foi propriamente no fato de que daquele momento em diante eu estava empenhado sempre e para sempre no Senhor. Sempre – quem assume o ministério petrino já não tem mais privacidade alguma. Pertence sempre e totalmente a todos, a toda a Igreja. Sua vida vem, por assim dizer, totalmente privada da dimensão privada. Pude experimentar, e o experimento precisamente agora, que se recebe a própria vida quando a doa. Antes disse que muitas pessoas que amam o Senhor amam também o Sucessor de São Pedro e estão afeiçoadas a ele; que o Papa tem verdadeiramente irmãos e irmãs, filhos e filhas em todo o mundo, e que se sente seguro no abraço da vossa comunhão; porque não pertence mais a si mesmo, pertence a todos e todos pertencem a ele.

O “sempre” é também um “para sempre” – não há mais um retornar ao privado. A minha decisão de renunciar ao exercício ativo do ministério não revoga isto. Não retorno à vida privada, a uma vida de viagens, encontros, recepções, conferências, etc. Não abandono a cruz, mas estou de modo novo junto ao Senhor Crucificado. Não carrego mais o poder do ofício para o governo da Igreja, mas no serviço da oração estou, por assim dizer, no recinto de São Pedro. São Bento, cujo nome levo como Papa, será pra mim de grande exemplo nisto. Ele nos mostrou o caminho para uma vida que, ativa ou passiva, pertence totalmente à obra de Deus.

Agradeço a todos e a cada um também pelo respeito e pela compreensão com o qual me acolheram nesta decisão tão importante. Continuarei a acompanhar o caminho da Igreja com a oração e a reflexão, com aquela dedicação ao Senhor e à sua Esposa que busquei viver até agora a cada dia e que quero viver sempre. Peço-vos para lembrarem-se de mim diante de Deus e, sobretudo, para rezar pelo Cardeais, chamados a uma tarefa tão importante, e pelo novo Sucessor do Apóstolo Pedro: o Senhor o acompanhe com a sua luz e a força do seu Espírito.

Invoquemos a materna intercessão da Virgem Maria Mãe de Deus e da Igreja para que acompanhe cada um de nós e toda a comunidade eclesial; a ela nos confiemos, com profunda confiança.

Queridos amigos! Deus guia a sua Igreja, a apoia mesmo e sobretudo nos momentos difíceis. Não percamos nunca esta visão de fé, que é a única verdadeira visão do caminho da Igreja e do mundo. No nosso coração, no coração de cada um de vós, haja sempre a alegre certeza de que o Senhor está ao nosso lado, não nos abandona, está próximo a nós e nos acolhe com o seu amor. Obrigado!

BENEDICTUS PP XVI




terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

OBRIGADO, BENTO XVI

OBRIGADO, BENTO XVI!

Dom Fernando Arêas Rifan (Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney)

Beatíssimo Padre, junto com a compreensão pelo seu ato, venho expressar-lhe, com toda a sinceridade, minha imensa gratidão. Um dia, o mundo inteiro também lhe será grato e reconhecerá o seu valor!
Obrigado, Santo Padre, por todo o seu Pontificado, tão rico em doutrinas que solidificaram a nossa fé e aumentaram a confiança devida ao Magistério da Igreja. Obrigado pelas três magníficas encíclicas sobre a Caridade, a Esperança e a Doutrina Social da Igreja, e pela proclamação do Ano da Fé. Obrigado, Santo Padre, por nos esclarecer sobre a correta hermenêutica com a qual devemos receber o Concílio Vaticano II, de cuja abertura comemoramos os 50 anos, não em ruptura com o passado da Igreja, mas em plena consonância com sua Tradição. Obrigado, Santo Padre, pelas Exortações Apostólicas, especialmente a “Verbum Domini”, sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja, e a “Sacramentum Caritatis”, sobre a Eucaristia, fonte e ápice da vida e da missão da Igreja.
Obrigado, Santo Padre, pelo incentivo dado à Liturgia corretamente celebrada, com o seu exemplo na arte de celebrar piedosamente, com todo o respeito devido ao Santo Sacrifício da Missa, incrementando desse modo a verdadeira e desejada reforma litúrgica. Obrigado, Santo Padre, pelas suas Cartas Apostólicas, especialmente, o motu proprio “Summorum Pontificum”, pelo qual Vossa Santidade, desejando que haja a “paz litúrgica na Igreja”, liberou como legítimo para o mundo inteiro o uso da forma antiga da liturgia romana, e o motu proprio “Lingua Latina”, com o qual V. S. instituiu a Pontifícia Academia de Latinidade, para incrementar o estudo do latim, língua oficial da Igreja. Obrigado, Santo Padre, pela Constituição Apostólica “Anglicanorum coetibus”, criando mecanismos canônicos para receber os Anglicanos na plena comunhão da Igreja, exemplo concreto do mais sadio ecumenismo.
Obrigado, Santo Padre, pelo grande exemplo de humildade que nos deu com a sua renúncia. Vossa Santidade começou o seu pontificado com uma declaração de humildade e confiança em Deus: “Depois do grande Papa João Paulo II, os Senhores Cardeais elegeram-me, simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor. Consola-me saber que o Senhor sabe trabalhar e agir também com instrumentos insuficientes. E, sobretudo, recomendo-me às vossas orações. Na alegria do Senhor Ressuscitado, confiantes na sua ajuda permanente, vamos em frente. O Senhor ajudar-nos-á. Maria, sua Mãe Santíssima, está conosco. Obrigado!” E o termina com a renúncia, ato heroico de humildade, desapego e confiança. Humildade ao reconhecer a própria fraqueza - “eu tenho de reconhecer minha incapacidade de adequadamente cumprir o ministério a mim confiado” – e ao pedir perdão – “peço perdão por todos os meus defeitos”. Desapego do cargo e da elevada posição, não se achando necessário, mas apenas humilde servidor. E tranquila confiança, baseada na Fé, pela certeza de que quem governa a barca de Pedro é o próprio Senhor, que proverá sempre a sua Igreja: “as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. Santo Padre, reze por nós e conte sempre com nossas orações.

Motu Proprio “Normas nonnullas” sobre algumas modificações nas normas relativas à eleição do Romano Pontífice.



Texto em italiano divulgado pela Santa Sé. Apresentamos abaixo a tradução de Zenit.






Carta Apostólica

em forma de Motu Proprio

sobre algumas mudanças nas normas sobre

a eleição do Romano Pontífice

Com a Carta Apostólica De aliquibus mutationibus in normis de electione Romani Pontificis, como Motu Proprio em Roma no dia 11 de Junho de 2007, terceiro ano do meu Pontificado, estabeleci algumas normas que, revogando aquelas prescritas no número 75 da Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis promulgada no 22 de fevereiro de 1996 pelo meu predecessor, o Beato João Paulo II, re-estabeleceram a norma, sancionada pela tradição, segundo a qual para a válida eleição do Romano Pontífice é sempre necessária a maioria dos dois terços dos votos dos Cardeais eleitores presentes.

Considerada a importância de garantir o melhor desempenho do que compete, embora com ênfase diferente, à eleição do Romano Pontífice, em particular uma mais certa interpretação e atuação de algumas disposições, estabeleço e prescrevo que algumas normas da Constituição apostólica Universi Dominici Gregise tudo o que eu mesmo dispus na referida Carta apostólica sejam substituídas pelas normas a seguir:

n. 35. “Nenhum Cardeal eleitor poderá ser excluído da eleição seja ativa que passiva por nenhum motivo ou pretexto, permanecendo firme o prescrito no n. 40 e no n. 75 desta Constituição.”

n. 37. “Além do mais Ordeno que, a partir do momento em que a Sé Apostólica esteja legitimamente vacante, espere-se por quinze dias inteiros os ausentes antes de começar o Conclave; deixo, no entanto, ao Colégio dos Cardeais a faculdade de antecipar o começo do Conclave se consta a presença de todos os Cardeais eleitores, como também a faculdade de protelar, se existem motivos graves, o começo da eleição por alguns outros dias. Passados, porém, no máximo, vinte dias do começo da Sé Vacante, todos os Cardeais eleitores presentes devem proceder à eleição”.

n. 43. “A partir do momento em que se dispor o começo dos procedimentos da eleição, até o anúncio público da eleição do Sumo Pontífice ou, pelo menos, até quando assim o ordenar o novo Pontífice, os lacais da Domus Sanctae Marthae, como também, e sobretudo a Capela Sistina e os ambientes destinados para as celebrações litúrgicas, deverão permanecer fechados, sob a autoridade do Cardeal Camerlengo e com a colaboração externa do Vice Camerlengo e do Substituto da Secretaria de Estado, às pessoas não autorizadas, como estabelecido nos números seguintes.

Todo o território da Cidade do Vaticano e também a atividade ordinária dos Escritórios que têm sua sede dentro do âmbito deverão ser regulados, por certo período, a fim de garantir a privacidade e o livre desenvolvimento de todas as operações relacionadas com a eleição do Sumo Pontífice. Em particular, se deverá prover, também com a ajuda de Prelados Clérigos da Câmara, que os Cardeais eleitores não sejam abordados por ninguém no percurso da Domus Sanctae Marthae até o Palácio Apostólico Vaticano”.

n. 46, parágrafo 1. “Para atender as necessidades pessoais e de ofício relacionadas com a realização das eleições, deverão estar disponíveis e portanto convenientemente alojados em locais adequados, dentro dos limites referidos no n. 43 da presente Constituição, o Secretário do Colégio dos Cardeais, que atua como secretário da assembleia eleitoral; o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias com oito cerimoniários e duas Religiosas encarregadas da Sacristia Pontifícia; um eclesiástico escolhido pelo Cardeal Decano ou pelo Cardeal que lhe substitui, para que o ajude no próprio ofício.”

n. 47. “Todas as pessoas listadas no n. 46 e n. 55, § 2 º da presente Constituição Apostólica, que por qualquer motivo e em qualquer tempo tomassem conhecimento por meio de quem for de quanto direta ou indiretamente diz respeito aos atos próprios da eleição e, de modo especial, ao que se refere ao escrutínio na mesma eleição, estão obrigados a sigilo absoluto com qualquer pessoa fora do Colégio dos Cardeais eleitores: para isso, antes do começo dos procedimentos, deverão prestar juramento na modalidade e na fórmula indicadas no número seguinte.”

n. 48. “As pessoas referidas no n. 46 e no n. 55, parágrafo 2 º da presente Constituição, devidamente avisadas ​​sobre o significado e a extensão do juramento que farão, antes de começar os procedimentos da eleição, diante do Cardeal Camerlengo ou de outro Cardeal delegado pelo mesmo, na presença de dois Protonotários Apostólicos de Número Participantes, no devido tempo deverão pronunciar e assinar o juramento segundo a seguinte fórmula:

Eu, N. N. prometo e juro de observar o segredo absoluto com qualquer pessoa que não faça parte do Colégio dos Cardeais eleitores, e isso para sempre, a menos que não receba uma especial faculdade para isso data expressamente pelo novo Pontífice eleito ou pelos seus Sucessores, sobre tudo o relacionado direta ou indiretamente às votações e aos escrutínios para a eleição do Sumo Pontífice.

Prometo também e juro de abster-me de usar qualquer instrumento de gravação ou de audição ou de visão de tudo o que, no período da eleição, acontece no âmbito da Cidade do Vaticano, e especialmente de tudo o que direta ou indiretamente de qualquer forma tem relação com os procedimentos relacionados com a mesma eleição.

Declaro de fazer este juramento, consciente de que uma infração desse vai resultar para mim na pena canônica da excomunhão “latae sententiae” reservada à Sé Apostólica “.

Assim Deus me ajude e estes Santos Evangelhos, que toco com a minha mão. “

n. 49. “Celebradas de acordo com os ritos prescritos o funeral do Pontífice, preparado tudo o que é necessário para o desenrolar regular da eleição, no dia estabelecido, nos termos do n. 37 desta Constituição, para o início do Conclave todos os Cardeais se reunirão na Basílica de São Pedro no Vaticano, ou em outro lugar segundo a oportunidade e as necessidade do tempo e do lugar, para participar de uma solene celebração eucarística com a Missa votiva pro eligendo Papa. (19) Isso deverá ser feito de preferência nas primeiras horas da manhã, para que à tarde possa acontecer o que está prescrito nos números seguintes da mesma Constituição”.

n. 50. “Da Capela Paulina do Palácio Apostólico, onde estarão recolhidos em hora conveniente da parte da tarde, os Cardeais eleitores com hábito coral irão em procissão solene, invocando com o canto do Veni Creator a assistência do Espírito Santo, à Capela Sistina do Palácio Apostólico, lugar e sede do processo eleitoral. Participarão da procissão o Vice Camerlengo, o Auditor Geral da Câmara Apostólica e dois membros de cada um dos Colégios dos Protonotários Apostólicos de Número Participantes, dos Prelados Auditores da Rota Romana e dos Prelados Cléricos da Sala”.

n. 51, parágrafo 2. “Portanto, será responsabilidade do Colégio dos Cardeais, trabalhando sob a autoridade e a responsabilidade do Camerlengo adjunto da Congregação particular da qual no n.7 da presente Constituição, que, dentro de tal Capela e dos locais adjacentes, tudo esteja previamente disposto, também com a ajuda de fora do Vice Camerlengo e do Substituto da Secretaria de Estado, de modo que a regular eleição e a confidencialidade da mesma sejam tuteladas.”

n. 55, parágrafo 3. “Se qualquer violação desta norma acontecesse, saibam os autores que sofrerão a pena de excomunhão latae sententiae reservada à Sé Apostólica”.

n. 62. “Abolidos os modos de eleição chamados per acclamationem seu inspirationem e per compromissum, a forma de eleição do Romano Pontífice será daqui pra frente unicamente per scrutinium.

Estabeleço, portanto, que, para a válida eleição do Romano Pontífice seja necessário ao menos dois terços dos sufrágios, computados com base aos eleitores presentes e votantes.”

n. 64. “O procedimento do escrutínio acontece em três fases, a primeira das quais, que pode ser chamada pré-escrutínio, compreende: 1) a preparação e a distribuição das cédulas pelos Cerimoniários – chamados na Sala junto com o Secretário do Colégio dos Cardeais e com o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias – que entregarão ao menos duas ou três a cada um dos Cardeais eleitores; 2) o sorteio, entre todos os Cardeais eleitores, de três Escrutinadores, três encarregados de recolher os votos dos doentes, denominados brevemente infirmarii, e de três Revisores; tal sorteio é feito publicamente a partir do último Cardeal Diácono, que extrai a seguir os nove nomes daqueles que deverão realizar tais tarefas; 3) se no sorteio dos Escrutinadores, dos Infirmarii e dos Revisores, saem os nomes dos Cardeais eleitores que, por doença ou outro motivo, estão impedidos de realizar tais tarefas, sejam retirados no lugar deles os nomes de outros sem impedimentos. Os primeiros três sorteados serão os Escrutinadores, os segundos três Infirmarii, os outros três Revisores”.

n. 70, parágrafo 2. “Os escrutinadores somam todos os votos que cada um deu, e se ninguém alcançou ao menos os dois terços dos votos naquela votação, o Papa não foi eleito; se porém, um tiver obtido ao menos os dois terços, tem-se a eleição do Romano Pontífice canonicamente válida”.

n. 75. “Se as votações a que se referem os nn. 72, 73 e 74 da mencionada Constituição não tiverem êxito, seja dedicado um dia à oração, à reflexão e ao diálogo; nas seguintes votações, observada a ordem estabelecida no n.74 da mesma Constituição, terão voz passiva somente os dois nomes que no precedente escrutínio tinham obtido o maior número de votos, nem se poderá renunciar da disposição que para a válida eleição, também nestes escrutínios, é pedida a maioria qualificada de ao menos dois terços de sufrágios dos Cardeais presentes e votantes. Nestas votações, os dois nomes que têm voz passiva não tem voz ativa”.

n. 87. “Acontecida canonicamente a eleição, o último dos Cardeais Diáconos chama na sala da eleição os Secretário do Colégio dos Cardeais, o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias e dois Cerimoniários; portanto, o Cardeal Decano, ou o primeiro dos Cardeais por ordem e antiguidade, em nome de todo o Colégio dos eleitores pede o consenso do eleito com as seguintes palavras: Aceitas as tua eleição canônica como Sumo Pontífice? E apenas recebido o consenso, pede-lhe: Como queres ser chamado? Então o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, com função de notário e tendo dois Cerimoniários por testemunhas, redige um documento sobre a aceitação do novo Pontífice e o nome escolhido por ele”.

Este documento entrará em vigor imediatamente após a sua publicação no L’Osservatore Romano.

Decido isto e estabeleço, não obstante qualquer disposição em contrário.

Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 22 de fevereiro, no ano de 2013, o oitavo do meu Pontificado.

Benedictus PP XVI



[Traduzido por ZENIT do texto italiano publicado em VIS]

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Desabafo de um rebanho que ama.



''E qual reação ter ao olhar as tuas últimas fotos, ao ler teus últimos dizeres, ao ver teus últimos atos, amado Papa?  Impossível não chorar. Tu és a Força que brota da fraqueza. Tu és o nosso lírio que brota em meio ao pântano desse mundo hostil.  Ao olhar tua trajetória, sempre tão cheio de vigor e ver-te assim agora, cada vez mais aplacado pelo tempo e pela velhice que não perdoa, dói o nosso coração. Sofremos contigo, nosso Benedicto. Choramos contigo e contigo também confiamos e rezamos a Deus.

Porém, mais do que pela debilidade física, sofremos contigo subindo a Montanha do Calvário.  És um Santo, Bento. Sobes humilde e pacientemente o Monte da Crucificação entre súplicas de um povo que te ama e vociferações de um povo que te odeia; sobes acabrunhado pelo peso das falsas notícias, das heresias, das blasfêmias, das críticas e do desamor daqueles que nada vos conhecem e pensam tudo saber sobre nossa fé. Carregas o peso da Cruz do mundo e parece não haver ninguém por ti. Mas há, doce Papa! Somos por Ti! Tu és o mártir da ridicularização; tua vida é incenso suave que sobe até o Céu. Impossível te olhar e não ver o Manso Cordeiro.

Fico a pensar sobre a tamanha ousadia do ser humano ao se apropriar de assuntos tão delicados para   fazer uso a seu bel-prazer, colocando-se não somente no direito de inventar, comentar, criticar sobre tu, Santo Padre, mas também de persuadir a massa coletiva com tamanha infâmia. E o que me faz rir é que é realmente muito fácil atingir quem não se defende, atingir quem oferece a outra face quando lhe esbofeteiam uma. Se fosse a situação inversa, tu, Santo Padre acusando a mídia, também serias massacrado. Oras, que guerra é essa em que um lado sempre é o que apanha ? Ah sim, é a guerra onde o mundo acha que vence porque não quer crer na Vitória da Cruz. É a guerra onde espero que a maior parte dos soldados acorde antes de entrar nas profundezas do abismo sem volta do inferno. É a guerra onde os que são ridicularizados aqui, vão provar das delícias do Senhor no Céu.

Nós, católicos, teríamos talvez o direito de abrir a boca e exclamar algo sobre a tua decisão.  E realmente o fizemos dizendo: ‘’Obrigada, Bento XVI. Nós te amamos e estamos contigo como for!’’ É a voz da obediência e da humildade, a voz dos pobres de Deus que ressoa retumbante sobre a terra. São as orações, as súplicas e as lágrimas de um povo que vive o que crê e ama quem lhe pastoreia. É a voz da confiança, a voz da esperança e do aprendizado. É a voz do Amor, que como via de mão dupla vem do Santo Vigário até nós e a ele volta também. O Amor é um verbo, requer além de significado, ação. O Amor é o Verbo.

Santo Padre, nosso Bento XVI, só podemos lhe dizer obrigada. Mesmo que a maioria queira tapar a nossa voz, gritamos com a alma: Te amamos! E quando nosso coração chora, é de saudade, é de amor; é ao mesmo tempo de tristeza pela tua partida e de alegria pela tua sabedoria; é de esperança pelo futuro que nos espera. É porque queríamos na verdade, segurar as tuas mãos felizes por gerarem Jesus. Queríamos beijar os teus pés cansados de percorrer o mundo. Queríamos gravar a tua voz no nosso coração. Queríamos olhar dentro dos teus olhos claros e serenos e dizer que estamos contigo. Queríamos tapar os teus ouvidos a todas as calúnias e soprar cantos de gratidão e amor. Queríamos te poupar do desgaste da inimizade do mundo. E por querer tanto, não nos cansamos de rezar. Estamos contigo e estaremos com o novo Papa, assim como estivemos com todos os anteriores e estaremos com todos os próximos. A Barca de Pedro sempre foi, é e continuará sendo segura por todos os séculos. ''




sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

POR TRÁS DA RENÚNCIA...



Dom Fernando Arêas Rifan*

A Igreja é repleta de mistérios, sendo ela mesma um mistério, como um sacramento, no qual uma coisa é o que aparece, outra é o que realmente é. E a Igreja, à semelhança de seu Divino Fundador, tem sua parte divina e humana. Divina na sua instituição, doutrina e graça salvífica que nos transmite, e humana nos seus membros, muitas vezes pecadores, ela “é ao mesmo tempo santa e sempre necessitada de purificação” (L.G. 8).

Pessoas nem sempre imbuídas de espírito de Fé especulam os problemas da Igreja católica, demasiadamente focados na sua parte humana, organizacional e estrutural, esquecendo-se da parte divina, muito mais importante, e a presença nela do seu Fundador, que a assiste através do Divino Espírito Santo. Mas, há já dois mil anos, ela “continua o seu peregrinar entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus” (L.G. 8).

Mas afinal o que há por trás da renúncia de Bento XVI. Além dos motivos visíveis, apontados pelo próprio Papa – “forças já não idôneas, vigor do corpo e do espírito, devido à idade avançada” – existem outros fatores ocultos. Todos estão curiosos e eu vou lhes revelar o que realmente está por detrás dessa atitude do Papa.

Só é capaz de renunciar a esse cargo de tal importância e influência quem, olhando muito além das perspectivas humanas, tem uma profunda Fé em Deus, na divindade da sua Igreja e na assistência daquele do qual o Papa é o representante na terra: “confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo” (Bento XVI).

E como a Fé é a base da Esperança e da confiança, por trás dessa renúncia há uma sublime confiança em Deus: a barca de Pedro não soçobrará nas ondas desse mar tempestuoso, nem depende de nós para isso: “as forças do Inferno não poderão vencê-la” (Mt 16, 18).

Por trás dessa renúncia, vemos um grande amor a Deus e à sua Igreja: “uma decisão de grande importância para a vida da Igreja”, como disse ele. 

Um grande desapego do alto cargo e influente posição, declarando-se apenas um humilde servidor, uma profunda humildade, não se julgando necessário e reconhecendo a própria fraqueza e incapacidade, de corpo e de espírito, para exercer adequadamente o ministério petrino, e ao pedir perdão – “peço perdão por todos os meus defeitos”.

Ao lado do heroísmo do Beato João Paulo II de levar o sofrimento pessoal até o fim, temos o grande heroísmo de Bento XVI de renunciar por amor à Igreja, para evitar qualquer sofrimento para ela. No começo da Igreja, no tempo das perseguições, houve cristãos que resolveram ficar onde estavam e enfrentar o martírio. Exemplo de fortaleza. Houve outros cristãos, que temendo a perseguição e a própria perseverança, acharam melhor fugir da perseguição e se refugiar no deserto, para rezar e fazer penitência, longe do mundo. Exemplo de humildade. Houve santos de ambas as posturas, os que enfrentaram e os que se retiraram. Heroísmo de fortaleza e heroísmo de humildade, frutos da Fé. A Igreja é feita de heróis da Fé!


*Bispo da Adm. Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

Pedro, a rocha sobre a qual Cristo fundou a Igreja




(...) “Também Eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja... Dar-te-ei as chaves do Reino do Céu; tudo o que ligares na terra ficará ligado no Céu e tudo o que desligares na terra será desligado no Céu” (Mt 16. 18-19). As três metáforas às quais Jesus recorre são em si muito claras: Pedro será o fundamento rochoso sobre o qual apoiará o edifício da Igreja; ele terá as chaves do Reino dos céus para abrir ou fechar a quem melhor julgar; por fim, ele poderá ligar ou desligar no sentido que poderá estabelecer ou proibir o que considerar necessário para a vida da Igreja, que é e permanece Cristo. É sempre Igreja de Cristo e não de Pedro. Deste modo, é descrito com imagens de plástica evidência o que a reflexão sucessiva qualificará com a palavra de “primazia de jurisdição”.


Esta posição de preeminência que Jesus decidiu conferir a Pedro verifica-se também depois da ressurreição: Jesus encarrega as mulheres de ir anunciar a Pedro, distintamente dos outros Apóstolos (cf. Mc 16, 7); Madalena vai ter com ele e com João para os informar que a pedra tinha sido afastada da entrada do sepulcro (cf. Jo20, 2) e João dá-lhe a precedência quando chegam diante do túmulo vazio (cf. Jo 20, 4-6); será depois Pedro, entre os Apóstolos, a primeira testemunha de uma aparição do Ressuscitado (cf. Lc 24, 34; 1 Cor 15, 5). (...) Ao chamado Concílio de Jerusalém Pedro desempenha uma função diretiva (cf. Act 15 3; Gl 2, 1-10), e precisamente por este seu ser como testemunha da fé autêntica o próprio Paulo reconhecerá nele uma certa qualidade de “primeiro” (cf. 1 Cor 15, 5; Gl 1, 18; 2, 7s.; etc.). Depois, o fato de que vários textos-chave relativos a Pedro possam ser relacionados com o contexto da Última Ceia, na qual Cristo confere a Pedro o ministério de confirmar os irmãos (cf.Lc 22, 31s.), mostra como a Igreja que nasce do memorial pascal celebrado na Eucaristia tenha no ministério confiado a Pedro um dos seus elementos constitutivos.


Esta contextualização da Primazia de Pedro na Última Ceia, no momento institutivo da Eucaristia, Páscoa do Senhor, indica também o sentido último desta Primazia: Pedro deve ser, para todos os tempos, o guardião da comunhão com Cristo; deve guiar à comunhão com Cristo; deve preocupar-se por que a rede não se rompa e assim possa perdurar a comunhão universal. Só juntos podemos estar com Cristo, que é o Senhor de todos. A responsabilidade de Pedro é garantir assim a comunhão com Cristo com a caridade de Cristo, conduzindo à realização desta caridade na vida de todos os dias. Rezemos para que a Primazia de Pedro, confiada a pobres pessoas humanas, possa ser sempre exercida neste sentido originário querido pelo Senhor e, assim, possa ser cada vez mais reconhecida no seu verdadeiro significado pelos irmãos que ainda não estão em plena comunhão conosco.

Da Catequese semanal de Bento XVI, 07/06/2006.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Convite especial: Missa Tridentina, em Colatina - ES.

Salve Maria!
No espírito de penitência e oração, convidamos a todos para a celebração da Santa Missa na Forma Extraordinária do Rito Romano, popularmente conhecida como Missa Tridentina.

Local: Colatina, ES.

Domingo, 17 de fevereiro. 

A partir das 17h o padre José Gualandi estará ouvindo as Confissões dos fiéis.

Às 19h, o mesmo padre, que pertence a Administração Apostólica São João Maria Vianney - Campos, RJ, iniciará a Santa Missa segundo o missal de 1962.

 A Santa Missa é rezada em latim, com leituras bíblicas e homilia em português.

Introibo ad altare Dei, ad Deum qui laetificat juventutem meam.








quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Mensagem de Bento XVI ao povo brasileiro, por ocasião do início da Campanha da Fraternidade




Confira a íntegra da Mensagem de Bento XVI ao povo brasileiro, por ocasião do início da Campanha da Fraternidade:



Queridos irmãos e irmãs,

Diante de nós se abre o caminho da Quaresma, permeado de oração, penitência e caridade, que nos prepara para vivenciar e participar mais profundamente na paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. No Brasil, esta preparação tem encontrado um válido apoio e estímulo na Campanha da Fraternidade, que este ano chega à sua quinquagésima realização e se reveste já das tonalidades espirituais da XXVII Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho próximo: daí o seu tema “Fraternidade e Juventude”, proposto pela Conferência Episcopal Nacional com a esperança de ver multiplicada nos jovens de hoje a mesma resposta que dera a Deus o profeta Isaías: “Eis-me aqui, envia-me!”(6,8).

De bom grado associo-me a esta iniciativa quaresmal da Igreja no Brasil, enviando a todos e cada um a minha cordial saudação no Senhor, a quem confio os esforços de quantos se empenham por ajudar os jovens a tornar-se – como lhes pedi em São Paulo – “protagonistas de uma sociedade mais justa e mais fraterna inspirada no Evangelho” (Discurso aos jovens brasileiros, 10/05/2007). É que os “sinais dos tempos”, na sociedade e na Igreja, surgem também através dos jovens; menosprezar estes sinais ou não os saber discernir é perder ocasiões de renovação. Se eles forem o presente, serão também o futuro. Queremos os jovens protagonistas integrados na comunidade que os acolhe, demonstrando a confiança que a Igreja deposita em cada um deles. Isto requer guias – padres, consagrados ou leigos – que permaneçam novos por dentro, mesmo que o não sejam de idade, mas capazes de fazer caminho sem impor rumos, de empatia solidária, de dar testemunho de salvação, que a fé e o seguimento de Jesus Cristo cada dia alimentam.

Por isso, convido os jovens brasileiros a buscarem sempre mais no Evangelho de Jesus o sentido da vida, a certeza de que é através da amizade com Cristo que experimentamos o que é belo e nos redime: “Agora que isto tocou os teus lábios, tua culpa está sendo tirada, teu pecado, perdoado” (Is 6,7). Desse encontro transformador, que desejo a cada jovem brasileiro, surge a plena disponibilidade de quem se deixa invadir por um Deus que salva: “Eis-me aqui, envia-me!’ aos meus coetâneos” - ajudando-lhes a descobrir a força e a beleza da fé no meio dos “desertos (espirituais) do mundo contemporâneo, em que se deve levar apenas o que é essencial: (…) o Evangelho e a fé da Igreja, dos quais os documentos do Concílio Vaticano II são uma expressão luminosa, assim como o é o Catecismo da Igreja Católica” (Homilia na abertura do Ano da Fé, 11/10/2012).

Que o Senhor conceda a todos a alegria de crer n’Ele, de crescer na sua amizade, de segui-Lo no caminho da vida e testemunhá-Lo em todas situações, para transmitir à geração seguinte a imensa riqueza e beleza da fé em Jesus Cristo. Com votos de uma Quaresma frutuosa na vida de cada brasileiro, especialmente das novas gerações, sob a proteção maternal de Nossa Senhora Aparecia, a todos concedo uma especial Bênção Apostólica



Vaticano, 8 de fevereiro de 2013

Benedictus PP. XVI

Catequese de Bento XVI - Quaresma - 13/02/2013

CATEQUESE SOBRE A QUARESMA




Sala Paulo VI - Vaticano
Quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Queridos irmãos e irmãs,

Hoje, Quarta-Feira de Cinzas, iniciamos o Tempo litúrgico da Quaresma, 40 dias que nos preparam para a celebração da Santa Páscoa; é um tempo de particular empenho no nosso caminho espiritual. O número 40 aparece várias vezes na Sagrada Escritura. Em particular, como sabemos, isso remete aos quarenta anos no qual o povo de Israel peregrinou no deserto: um longo período de formação para transformar o povo de Deus, mas também um longo período no qual a tentação de ser infiel à aliança com o Senhor estava sempre presente. Quarenta foram também os dias de caminho do profeta Elias para chegar ao Monte de Deus, Horeb; como também o período que Jesus passou no deserto antes de iniciar a sua vida pública e onde foi tentado pelo diabo. Nesta catequese gostaria de concentrar-me propriamente sobre este momento da vida terrena do Filho de Deus, que leremos no Evangelho do próximo domingo. 

Antes de tudo o deserto, onde Jesus se retira, é o lugar do silêncio, da pobreza, onde o homem é privado dos apoios materiais e se encontra diante da pergunta fundamental da existência, é convidado a ir ao essencial e por isto lhe é mais fácil encontrar Deus. Mas o deserto é também o lugar da morte, porque onde não tem água não tem vida, e é o lugar da solidão, em que o homem sente mais intensa a tentação. Jesus vai ao deserto, e lá é tentado a deixar a vida indicada por Deus Pai para seguir outras estradas mais fáceis e mundanas (cfr Lc 4,1-13). Assim Ele assume as nossas tentações, leva consigo a nossa miséria, para vencer o maligno e abrir-nos o caminho para Deus, o caminho da conversão. 

Refletir sobre as tentações às quais Jesus é submetido no deserto é um convite para cada um de nós a responder a uma pergunta fundamental: o que conta verdadeiramente na nossa vida? Na primeira tentação, o diabo propõe a Jesus transformar uma pedra em pão para acabar com a fome. Jesus responde que o homem vive também de pão, mas não só de pão: sem uma resposta à fome de verdade, à fome de Deus, o homem não pode ser salvar (cfr vv. 3-4). Na segunda tentação, o diabo propõe a Jesus o caminho do poder: o conduz ao alto e lhe oferece o domínio do mundo; mas não é este o caminho de Deus: Jesus tem bem claro que não é o poder mundano que salva o mundo, mas o poder da cruz, da humildade, do amor (cfr vv. 5-8). Na terceira tentação, o diabo propõe a Jesus atirar-se do ponto mais alto do Templo de Jerusalém e fazer-se salvar por Deus mediante os seus anjos, de cumprir, isso é, algo de sensacional para colocar à prova o próprio Deus; mas a resposta é que Deus não é um objeto ao qual impor as nossas condições: é o Senhor de tudo (cfr vv. 9-12). Qual é o núcleo das três tentações que sofre Jesus? É a proposta de manipular Deus, de usá-Lo para os próprios interesses, para a própria glória e o próprio sucesso. E também, em sua essência, de colocar a si mesmo no lugar de Deus, removendo-O da própria existência e fazendo-O parecer supérfluo. Cada um deveria perguntar-se então: que lugar tem Deus na minha vida? É Ele o Senhor ou sou eu? 

Superar a tentação de submeter Deus a si e aos próprios interesses ou de colocá-Lo em um canto e converter-se à justa ordem de prioridade, dar a Deus o primeiro lugar, é um caminho que cada cristão deve percorrer sempre de novo. “Converter-se”, um convite que escutamos muitas vezes na Quaresma, significa seguir Jesus de modo que o seu Evangelho seja guia concreta da vida; significa deixar que Deus nos transforme, parar de pensar que somos nós os únicos construtores da nossa existência; significa reconhecer que somos criaturas, que dependemos de Deus, do seu amor, e somente “perdendo” a nossa vida Nele podemos ganhá-la. Isto exige trabalhar as nossas escolhas à luz da Palavra de Deus. Hoje não se pode mais ser cristãos como simples consequência do fato de viver em uma sociedade que tem raízes cristãs: também quem nasce de uma família cristã e é educado religiosamente deve, a cada dia, renovar a escolha de ser cristão, dar a Deus o primeiro lugar, diante das tentações que uma cultura secularizada lhe propõe continuamente, diante ao juízo crítico de muitos contemporâneos. 

As provas às quais a sociedade atual submete o cristão, na verdade, são tantas, e tocam a vida pessoal e social. Não é fácil ser fiel ao matrimônio cristão, praticar a misericórdia na vida cotidiana, dar espaço à oração e ao silêncio interior; não é fácil opor-se publicamente a escolhas que muitos adotam, como o aborto em caso de gravidez indesejada, a eutanásia em caso de doenças graves, ou a seleção de embriões para prevenir doenças hereditárias. A tentação de deixar de lado a própria fé está sempre presente e a conversão transforma-se uma resposta a Deus que deve ser confirmada muitas vezes na vida. 

Temos como exemplo e estímulo as grandes conversões como aquela de São Paulo a caminho de Damasco, ou de Santo Agostinho, mas também na nossa época de eclipses do sentido do sagrado, a graça de Deus está a serviço e realiza maravilhas na vida de tantas pessoas. O Senhor não se cansa de bater à porta dos homens em contexto sociais e culturais que parecem ser engolidos pela secularização, como aconteceu para o russo ortodoxo Pavel Florenskij. Depois de uma educação completamente agnóstica, a ponto de demonstrar uma real hostilidade para com os ensinamentos religiosos aprendidos na escola, o cientista Florenskij encontra-se a exclamar: “Não, não se pode viver sem Deus!”, e a mudar completamente a sua vida, a ponto de tornar-se monge. 

Penso também na figura de Etty Hillesum, uma jovem holandesa de origem judia que morreu em Auschwitz. Inicialmente distante de Deus, descobre-O olhando em profundidade dentro de si mesma e escreve: “Um poço muito profundo está dentro de mim. E Deus está naquele poço. Às vezes eu posso alcançá-lo, sempre mais a pedra e a areia o cobrem: então Deus está sepultado. É preciso de novo que o desenterrem” (Diario, 97). Na sua vida dispersa e inquieta, encontra Deus propriamente em meio à grande tragédia do século XX, o holocausto. Esta jovem frágil e insatisfeita, transfigurada pela fé, transforma-se em uma mulher cheia de amor e de paz interior, capaz de afirmar: “Vivo constantemente em intimidade com Deus”. 

A capacidade de contrapor-se às atrações ideológicas do seu tempo para escolher a busca da verdade e abrir-se à descoberta da fé é testemunhada por outra mulher do nosso tempo, a estadunidense Dorothy Day. Em sua autobiografia, confessa abertamente ter caído na tentação de resolver tudo com a política, aderindo à proposta marxista: “Queria ir com os manifestantes, ir à prisão, escrever, influenciar os outros e deixar o meu sonho ao mundo. Quanta ambição e quanta busca de mim mesma havia nisso tudo!”. O caminho para a fé em um ambiente tão secularizado era particularmente difícil, mas a própria Graça agiu, como ela mesma destaca: “É certo que eu ouvi muitas vezes a necessidade de ir à igreja, de ajoelhar-se, dobrar a cabeça em oração. Um instinto cego, poderia-se dizer, porque eu não estava consciente da oração. Mas ia, inseria-me na atmosfera de oração...”. Deus a conduziu a uma consciente adesão à Igreja, em uma vida dedicada aos despossuídos. 

Na nossa época não são poucas as conversões entendidas como o retorno de quem, depois de uma educação cristã talvez superficial, afastou-se por anos da fé e depois redescobre Cristo e o seu Evangelho. No Livro do Apocalipse, lemos: “Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos, eu com ele e ele comigo” (3, 20). O nosso homem interior deve preparar-se para ser visitado por Deus, e por isto não deve deixar-se invadir pelas ilusões, pelas aparências, pelas coisas materiais. 

Neste Tempo de Quaresma, no Ano da Fé, renovemos o nosso empenho no caminho de conversão, para superar a tendência de fechar-nos em nós mesmos e para dar, em vez disso, espaço a Deus, olhando com os seus olhos a realidade cotidiana. A alternativa entre o fechamento no nosso egoísmo e a abertura ao amor de Deus e dos outros, podemos dizer que corresponde à alternativa das tentações de Jesus: alternativa, isso é, entre poder humano e amor da Cruz, entre uma redenção vista somente no bem-estar material e uma redenção como obra de Deus, a quem damos o primado da existência. Converter-se significa não fechar-se na busca do próprio sucesso, do próprio prestígio, da própria posição, mas assegurar que a cada dia, nas pequenas coisas, a verdade, a fé em Deus e o amor tornem-se a coisa mais importante.

BENEDICTUS PP XVI

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

QUARESMA: A ESMOLA, A ORAÇÃO E O JEJUM.


Salve Maria! Aqui uma reflexão sobre o tempo litúrgico da Quaresma, pelo excelentíssimo reverendíssimo Dom Tomé Ferreira da Silva, Bispo Diocesano de São José do Rio Preto, SP. Oremos por nossos pastores e ofereçamos nossas penitências quaresmais por eles, para que saibam apresentar a verdade católica nos dias de hoje.
Pela salvação das almas e glória de Deus!



QUARESMA: A ESMOLA, A ORAÇÃO E O JEJUM.

A vida litúrgica da Igreja Católica Apostólica Romana tem dois grandes núcleos: a ressurreição e o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Os fiéis se aproximam da celebração litúrgica destes eventos da salvação com uma adequada preparação desenvolvida ao longo dos tempos denominados de quaresma e advento. As celebrações das duas solenidades são prolongadas através do tempo pascal e do tempo do natal.

A Quaresma, precedida pelo carnaval que originalmente era restrito a uma terça feira quando se despedia das festas na iminência de começar um retiro espiritual, é um tempo sóbrio e austero, marcado por três obras bem específicas: o jejum, a oração e a esmola, muito bem descritos no Evangelho de São Mateus, capítulo seis, versículos um a dezoito.


QUARTA-FEIRA DE CINZAS






“Memento, homo, quia pulvis es, et in púlverem revertéris” Gen. 3, 19.

O rito da bênção e da imposição das cinzas abre oficialmente a Quaresma, já começada à meia-noite. Os Padres dos primeiros séculos fazem freqüentes referências à penitência “in cinere et cilício” dos cristãos, aliás já em uso entre os hebreus e os pagãos. A verdadeira penitência pública e oficial foi introduzida na igreja nos séculos V e VI.
            “O período da penitência canônica começava na Quarta-feira de Cinzas e estendia-se até a Quinta-feira Santa. Em Roma, no século VII, os penitentes se apresentavam aos Sacerdotes a isso delegados, faziam sua confissão e, se era o caso, recebia uma veste de cilício, coberta de cinzas, ficando impedidos de entrar na igreja e com ordem de retirar-se a algum mosteiro onde pudessem cumprir a penitência da Quaresma” (Cardeal Schuster).
            Em outros lugares, os penitentes cumpriam na própria casa a penitência imposta. “Era, porém, uso geral começar a Quaresma com a Confissão, não só para purificar a alma, mas também para poder receber mais frequentemente a santa Comunhão no período sagrado” (Righetti).
            No século X, caindo em desuso a penitência pública, introduziu-se o costume de impor as cinzas também aos fiéis, uso que bem cedo se generalizou e foi aprovado por Urbano II.
            As cinzas se obtém queimando as palmas e oliveiras bentas no ano precedente no Domingo de ramos, são símbolo da morte e da caducidade das criaturas, (às quais o pecador se volta quando comete o pecado): elas mesmas admoestam-no a voltar a Deus com a penitência sacramental e a humildade. Aos fiéis que as recebem com devoção, o sacramental da imposição das Cinzas obtém a verdadeira compunção, o perdão dos pecados, a saúde da alma e do corpo, a vitória sobre os espíritos malignos e, sobretudo, a graça que santificará a Quaresma.


CICLO DA PÁSCOA

Salve Maria! Meditemos sobre o Tempo litúrgico que se aproxima, aproveitemos as graças que emanam do Coração de Deus para nossa salvação! Rumo à Páscoa do Senhor, com jejuns, boas obras e oração!



MISTÉRIO DA REDENÇÃO

Centro luminoso do ano litúrgico, o grande mistério pascal celebra o amor do Filho de Deus em remir os homens.
O nascimento, a vida oculta e pública do Salvador oferecem exemplos de santidade; a sua doutrina apresenta o caminho do céu. Jesus não é somente a causa exemplar, isto é, o modelo em que nos devemos amoldar. É também a causa meritória e eficaz de nossa salvação, isto é, o autor desta, porque a mereceu por nós com sua Paixão e Morte.
            O ciclo pascal compreende:
1ª) O Tempo da Quaresma, período de preparação, recordamos a criação, elevação e queda do homem; também o homem reparando o próprio pecado com o arrependimento e a penitência.

2ª) A Semana Santa ou Semana Maior, nos é apresentado o Salvador reparando, com sua Paixão e Morte, os pecados da humanidade.

3ª) A Celebração – festa e Oitava da Páscoa – lembra a vitória de Jesus nosso Senhor sobre o pecado e a morte. O Prolongamento – as cinco semanas da Páscoa, a Ascensão e a festa de Pentecostes – representa o triunfo final de Jesus e da humanidade, por ele redimida, confirmada pela vinda do Espírito Santo sobre a Igreja fundada por Cristo.


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Sua Santidade, o Papa Bento XVI, anuncia sua renúncia como Bispo de Roma, Papa da Igreja Católica.



Salve Maria! Com espírito contrito repetimos, como ideal de nosso blog, as palavras do Santo Padre... OREMOS!


O Papa Bento XVI anunciou nesta segunda-feira, 11, que vai renunciar à sua função como Papa no dia 28 de fevereiro. Veja abaixo o texto integral do anúncio em latim e sua tradução:

DECLARATIO

Fratres carissimi

Non solum propter tres canonizationes ad hoc Consistorium vos convocavi, sed etiam ut vobis decisionem magni momenti pro Ecclesiae vitae communicem. Conscientia mea iterum atque iterum coram Deo explorata ad cognitionem certam perveni vires meas ingravescente aetate non iam aptas esse ad munus Petrinum aeque administrandum.

Bene conscius sum hoc munus secundum suam essentiam spiritualem non solum agendo et loquendo exsequi debere, sed non minus patiendo et orando. Attamen in mundo nostri temporis rapidis mutationibus subiecto et quaestionibus magni ponderis pro vita fidei perturbato ad navem Sancti Petri gubernandam et ad annuntiandum Evangelium etiam vigor quidam corporis et animae necessarius est, qui ultimis mensibus in me modo tali minuitur, ut incapacitatem meam ad ministerium mihi commissum bene administrandum agnoscere debeam. Quapropter bene conscius ponderis huius actus plena libertate declaro me ministerio Episcopi Romae, Successoris Sancti Petri, mihi per manus Cardinalium die 19 aprilis MMV commissum renuntiare ita ut a die 28 februarii MMXIII, hora 29, sedes Romae, sedes Sancti Petri vacet et Conclave ad eligendum novum Summum Pontificem ab his quibus competit convocandum esse.

Fratres carissimi, ex toto corde gratias ago vobis pro omni amore et labore, quo mecum pondus ministerii mei portastis et veniam peto pro omnibus defectibus meis. Nunc autem Sanctam Dei Ecclesiam curae Summi eius Pastoris, Domini nostri Iesu Christi confidimus sanctamque eius Matrem Mariam imploramus, ut patribus Cardinalibus in eligendo novo Summo Pontifice materna sua bonitate assistat. Quod ad me attinet etiam in futuro vita orationi dedicata Sanctae Ecclesiae Dei toto ex corde servire velim.

Ex Aedibus Vaticanis, die 10 mensis februarii MMXIII

BENEDICTUS PP XVI







Em Português:



Caríssimos Irmãos,

"Convoquei-vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.

Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus".

Vaticano, 10 de Fevereiro de 2013.

Bento XVI














quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Catequese de Bento XVI: reflexão sobre o Credo - 06/02/2013

Salve Maria!
Sua Santidade o Papa Bento XVI continuou nesta quarta-feira, 6, as catequeses sobre a Profissão de Fé católica – o Credo. Ele abordou nesta seção, a temática da criação de Deus, a imagem do jardim do Éden, as figuras de Adão e Eva e a realidade do pecado original, citados no livro do Gênesis.
Ao citar o livro que trata da criação, o Gênesis, Bento XVI, interpreta, a partir da revelação bíblica, que o primeiro pensamento de Deus ao criar o mundo era encontrar um amor que respondesse ao seu amor. O segundo pensamento era criar um mundo material onde colocar este amor, estas criaturas que em liberdade lhe responderiam.


CATEQUESE

Sala Paulo VI - Vaticano
Quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013


Queridos irmãos e irmãs,

O Credo, que inicia qualificando Deus como “Pai Onipotente”, como meditamos na semana passada, acrescenta que Ele é o “Criador do céu e da terra”, e remete assim à afirmação com a qual inicia a Bíblia. No primeiro versículo da Sagrada Escritura, de fato, se lê: “No princípio, Deus criou o céu e a terra” (Gen 1,1): é Deus a origem de todas as coisas e na beleza da criação se desdobra a sua onipotência de Pai que ama. 

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Mensagem de Bento XVI para a Quaresma 2013



Mensagem do Papa Bento XVI para a Quaresma 2013



Crer na caridade suscita caridade 
"Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele"
(1 Jo 4, 16) 

Queridos irmãos e irmãs! 

A celebração da Quaresma, no contexto do Ano da fé, proporciona-nos uma preciosa ocasião para meditar sobre a relação entre fé e caridade: entre o crer em Deus, no Deus de Jesus Cristo, e o amor, que é fruto da ação do Espírito Santo e nos guia por um caminho de dedicação a Deus e aos outros. 

1. A fé como resposta ao amor de Deus 

Na minha primeira Encíclica, deixei já alguns elementos que permitem individuar a estreita ligação entre estas duas virtudes teologais: a fé e a caridade. Partindo duma afirmação fundamental do apóstolo João: "Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele" (1 Jo 4, 16), recordava que, "no início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo. (...) Dado que Deus foi o primeiro a amar-nos (cf. 1 Jo 4, 10), agora o amor já não é apenas um 'mandamento', mas é a resposta ao dom do amor com que Deus vem ao nosso encontro" (Deus caritas est, 1). A fé constitui aquela adesão pessoal - que engloba todas as nossas faculdades - à revelação do amor gratuito e "apaixonado" que Deus tem por nós e que se manifesta plenamente em Jesus Cristo. O encontro com Deus Amor envolve não só o coração, mas também o intelecto: "O reconhecimento do Deus vivo é um caminho para o amor, e o sim da nossa vontade à d’Ele une intelecto, vontade e sentimento no ato globalizante do amor. Mas isto é um processo que permanece continuamente a caminho: o amor nunca está 'concluído' e completado" (ibid., 17). Daqui deriva, para todos os cristãos e em particular para os "agentes da caridade", a necessidade da fé, daquele "encontro com Deus em Cristo que suscite neles o amor e abra o seu íntimo ao outro, de tal modo que, para eles, o amor do próximo já não seja um mandamento por assim dizer imposto de fora, mas uma consequência resultante da sua fé que se torna operativa pelo amor" (ibid., 31). O cristão é uma pessoa conquistada pelo amor de Cristo e, movido por este amor - "caritas Christi urget nos" (2 Cor 5, 14) - , está aberto de modo profundo e concreto ao amor do próximo (cf. ibid., 33). Esta atitude nasce, antes de tudo, da consciência de ser amados, perdoados e mesmo servidos pelo Senhor, que Se inclina para lavar os pés dos Apóstolos e Se oferece a Si mesmo na cruz para atrair a humanidade ao amor de Deus.