terça-feira, 20 de março de 2012

Sobre a Confissão Frequente - Por Santo Afonso de Ligório

"Não falamos aqui das confissões das pessoas incursas em pecados mortais. Entretanto não deixaremos de dar muitos avisos concernentes às ocasiões próximas e às confissões sacrílegas. Mas queremos falar principalmente das confissões das almas timoratas, que amam a perfeição e procuram purificar-se cada vez mais das manchas dos pecados veniais"





Utilidade da confissão freqüente: refere cesário que um santo sacerdote mandou da parte de Deus a um demônio que lhe tinha aparecido, lhe dissesse o que mais o maltratava; e o inimigo lhe respondeu que nada o contrariava nem o desgostava tanto, como a confissão freqüente. Mas ouçamos o que Jesus Cristo disse a Sta. Brígida: "aquele que quer conservar o fervor, deve purificar-se freqüentemente com a confissão na qual se acuse de todos os seus defeitos e negligências em servir-me".




Cassiano ensina que a alma que aspira à perfeição, deve cuidar de ter uma grande pureza de consciência, porque assim é que se adquire o perfeito amor de Deus, que não se dá senão às almas puras; de sorte que o divino amor corresponde à pureza do coração. É preciso, porém entender que nos homens, segundo o estado presente, esta pureza não consiste em uma isenção absoluta de toda a falta; porque, exceto nosso divino salvador e sua divina mãe, não houve nem haverá no mundo nenhuma alma sem suas manchas. Todos nós nascemos em pecado e caímos em muitas faltas, diz S. Tiago. Consiste em duas coisas, que são velar atentamente para que não entre no coração nenhuma falta deliberada, por leve que seja, e ter cuidado de purificar-se imediatamente de qualquer falta que nele possa ter entrado. Estes são justamente os dois bons efeitos que produz a confissão freqüente. Primeiramente, pela confissão freqüente, uma pessoa se purifica das manchas contraídas. A este propósito, narra S. João Clímaco que um jovem, desejando corrigir-se da má vida, que levava no século, foi-se fazer religioso em certo mosteiro. Antes de recebê-lo, o abade quis prová-lo; e lhe disse que, se queria ser admitido, fosse confessar em público todos os seus pecados. Deveras resolvido a se entregar inteiramente a deus, o jovem obedeceu; mas, enquanto expunha suas faltas diante da comunidade, um santo religioso que fazia parte desta, viu um homem de aspecto venerando, que a medida que o moço ia declarando seus pecados, os apagava de um papel que tinha na mão, onde estavam escritos; de sorte que, acabada a confissão, todos estavam apagados. O que, neste caso, aconteceu visivelmente, sucede invisivelmente toda a vez que um se confessa com as devidas disposições.


A confissão, porém, além de purificar a alma de suas máculas, dá-lhe também força para não recair. Segundo o Doutor Angélico, a virtude da penitência faz que a falta cometida seja destruída e também que não volte mais. A tal propósito S. Bernardo refere um fato da vida de S. Malaquias. Uma mulher tinha o hábito de se impacientar e de se irritar a tal ponto que se tornara insuportável. S. Malaquias, ouvindo dela mesma que nunca se houvera confessado de tais impaciências, excitou-a a fazer uma confissão exata dessas faltas. Depois disto, tornou-se tão paciente e tão branda, que parecia incapaz de se enfadar por qualquer trabalho ou mau trato que a importunasse.


É por isso que muitos santos, para adquirirem a pureza de consciência, costumavam confessar-se todos os dias. Assim praticavam Sta. Catarina de Senna, Sta. Brígida, a Beata Collecta, e também S. Carlos Borromeo, Sto. Inácio de Loiola e muitos outros. S. Francisco de Borgia não se contentava com uma só vez, confessava-se duas vezes por dia. Se os homens do mundo tem horror de aparecer com uma mancha no rosto diante de seus amigos, que se há de estranhar que as almas amigas de deus procurem purificar-se cada vez mais, para se tornarem cada vez mais agradáveis aos olhos de nosso senhor. De resto, não pretendemos aqui obrigar as religiosas que freqüentam a comunhão, a confessar-se toda a vez que comungam. Entretanto é conveniente que se confessem duas vezes ou ao menos uma vez por semana, e além disso quando houverem cometido alguma culpa com advertência.


Do exame, da dor ou contrição e do bom propósito: Sabe-se que, para fazer uma boa confissão, três coisas se requerem: o exame de consciência, a dor de ter pecado, e o propósito de se corrigir.


segunda-feira, 19 de março de 2012

A TENTAÇÃO - Meditação quaresmal

A TENTAÇÃO
        A tentação é um incitamento ao mal, que o demônio, por ódio contra Deus e contra o homem, excita em nós, direta ou indiretamente por meio das paixões, da fantasia, dos sentidos, dos homens maus e das ocasiões perigosas.
         Em si mesma a tentação é indiferente; torna-se pecado somente quando existe o consentimento, isto é, a adesão voluntária ao mal com o pensamento, o desejo e a ação. A sugestão (ou proposta) e o deleite (complacência instantânea), proveniente da tentação, não são pecado, até que não se lhe acrescenta o consentimento da vontade.
       As tentações são permitidas por Deus para nos purificarmos, fazer-nos conhecer nossa fraqueza, fortalecer e aperfeiçoar as virtudes, especialmente a humildade, a desconfiança de nós mesmos e o amor de Deus.
           Contra a tentação ao pecado grave é necessário reagir com presteza, energia, constância e humildade; às tentações de vaidade, às suspeitas, às invejas, aos ciúmes, à ira, aos afetos..., devemos contrapor o desprezo e a indiferença.

OS BENEFÍCIOS DA REDENÇÃO, A PAIXÃO DE JESUS e O SACRIFÍCIO DA CRUZ - Meditação quaresmal

                      OS BENEFÍCIOS DA REDENÇÃO

O homem foi criado num estado feliz com o altíssimo destino de ver e gozar a Deus, com o dom da graça santificante e com outros dons superiores à natureza humana. Esses dons são: a isenção da ignorância (ciência infusa), a isenção das fraquezas (integridade), a isenção das dores e das enfermidades (impassibilidade) e a isenção da necessidade de morrer (imortalidade).
          Todos estes dons foram concedidos a uma prova. Adão e Eva, provando o fruto proibido, cometeram um grave pecado de soberba e desobediência; despojaram-se a si mesmos e a todos os homens da graça e dos outros dons sobrenaturais, sujeitando-os ao pecado, ao demônio, à morte, à ignorância, às más inclinações e a todas as outras misérias e excluindo-os do paraíso.
     A obra da Encarnação e da Redenção, realizada somente por amor por Jesus Cristo e (secundariamente) por Maria SS., reergueu o homem do pecado e recolocou, de certo modo, num estado melhor do que o anterior à queda. De fato, tornou o homem filho de Deus, irmão de Jesus Cristo e herdeiro do paraíso e restituiu-lhe a graça santificante, com o cortejo das virtudes infusas e dos dons do Espírito Santo e das graças atuais. Mas a Redenção não restitui logo ao homem os dons preternaturais: a ciência e a integridade, que ele pode conseguir de modo progressivo, a impassibilidade e a imortalidade, reservadas à vida eterna.
           Nas enfermidades, nas provações e na luta contra a concupiscência temos muitas ocasiões para imitar os exemplos de Jesus, adquirir as virtudes e aumentar os méritos para o paraíso.





A PAIXÃO DE JESUS
        Jesus Cristo, padecendo e sacrificando-se voluntariamente e somente por amor, sobre a Cruz, cancelou o pecado (a causa principal da Paixão), reconciliou-nos com Deus, dando-lhe plena satisfação e reabriu-nos o Paraíso.           
       Jesus tinha uma constituição sensibilíssima e sofreu em sumo grau todo gênero de tormentos, Sofreu na alma (tristeza, tédio, desolação, abandono e traição), na honra e na fama (blasfêmias, desprezo e condenação) e em todos os membros do corpo (coroação de espinhos, flagelação e crucifixão).
        Ele morreu como homem, porque como Deus não podia padecer nem morrer. Sofrendo e morrendo na cruz, Jesus deu a Deus uma satisfação real, voluntária, superabundante e universal.





O SACRIFÍCIO DA CRUZ
            O sacrifício, ato essencial de toda religião, é a oferta de uma coisa sensível, que é destruída pelo legítimo ministro, em nome do povo, para se professar que Deus é o criador e senhor supremo de todas as coisas.
            Na Nova Lei o sacrifício único e universal que substituiu todos os outros, é o Sacrifício da Cruz, no qual Jesus, como homem e como Sacerdote e vítima, derramou todo seu sangue para dar a Deus uma adoração perfeita, um agradecimento sem igual, uma expiação infinita e uma súplica onipotente. A Santa Missa é a renovação real, mas incruenta, do Sacrifício da Cruz.
            A vida cristã inteira desenvolve-se em redor do sacrifício da Missa e “com suas penas, suas austeridades e seus sacrifícios outra coisa não é que a integração e o desenvolvimento do único drama do Gólgota, a realização da imolação de Jesus Cristo, o qual centraliza em si, santifica, consagra e dá valor a todos os nossos sacrifícios” (Cardeal Schuster).

O PECADO, AS PAIXÕES E OS VÍCIOS - Meditação quaresmal

O PECADO
            O pecado é uma ofensa feita a Deus, desobedecendo à sua lei. Distingue-se em original, que é o pecado cometido por Adão e transmitido a todo homem por descendência natural e atual, que é o cometido voluntariamente pelos que têm o uso da razão. O pecado atual pode-se cometer com pensamentos (desejos, complacência, alegria do mal, deleite morboso), palavras, obras e omissões.
            Para que haja pecado são necessários: a transgressão da lei, o conhecimento ou plena advertência e o consentimento deliberado.
            O pecado mortal é uma desobediência à lei de Deus em coisa grave, que priva a alma da graça, tira-lhe méritos e a capacidade de adquirir outros e a torna digna do inferno. O pecado venial é uma desobediência à lei de Deus em coisa leve ou ainda em coisa por si grave, mas sem toda advertência ou consentimento.
         Os pecados mais graves e mais funestos são os contra o Espírito Santo e os que clamam vingança diante de Deus.
           Todos os pecados são perdoados com o Batismo, a Penitência e a contrição perfeita, unida à vontade de se confessar,
      Para nos conservar longe do pecado muito auxiliam o pensamento da presença de Deus e a consideração dos novíssimos.




AS PAIXÕES E OS VÍCIOS
As paixões são comoções ou movimentos violentos da alma, que, se não forem moderados pela razão, arrastam ao vício e, muitas vezes, também ao delito.
            O vício é o habito de fazer o mal adquirido, repetindo-se atos maus. Os vícios principais são os sete capitais, que se chamam assim porque são cabeça e origem dos outros vícios: soberba (estima exagerada de si), avareza (desejo excessivo das riquezas), luxúria (uso dos prazeres ilícitos da carne), ira (vingança, contra a razão), gula (avidez do comer e do beber), inveja (tristeza pelo bem e alegria pelo mal alheio), preguiça (descuido dos próprios deveres ou negligência).
Aos vícios capitais opõem-se estas virtudes: a humildade (exata estima de si mesmo), a liberalidade (generosidade na esmola), a castidade, a paciência, a sobriedade nos alimentos e nas bebidas, a fraternidade (ou benevolência), a diligência ou zelo no serviço de Deus.

O SACRAMENTO DA CONFISSÃO, O ARREPENDIMENTO E O PROPÓSITO E OS MEIOS DE EXPIAÇÃO - Meditação quaresmal


                                               A CONFISÃO
            O Evangelho narra a instituição da Confissão ou Penitência, que é o sacramento instituído por Jesus Cristo para perdoar os pecados cometidos depois do Batismo. A matéria é dupla: a remota são todos e somente os pecados mortais ainda não confessados ou confessados mal e os pecados veniais; a próxima são os atos que o penitente faz na Confissão: acusação, dor e penitência sacramental. O ministro é somente o sacerdote aprovado pelo Bispo. O sujeito é todo batizado, culpado pelo menos de um pecado venial.
            A Confissão obriga pelo menos uma vez no ano, em perigo de morte e depois de pecado grave.
          Os efeitos da Confissão são a remissão de todos os pecados, o conferimento e o aumento da graça santificante, a remissão da pena eterna e temporal, a posse novamente de todos os méritos perdidos com o pecado e a graça sacramental.
           Para se fazer uma boa Confissão exigem-se cinco coisas: o exame de consciência, a dor dos pecados, o propósito de não os cometer mais, a confissão e a satisfação ou penitência.
        O exame de consciência é uma diligente indagação de todos os pecados mortais, cometidos por pensamentos, palavras, obras e omissões, contra os mandamentos de Deus e da Igreja e as obrigações do próprio estado, começando-se da última Confissão bem feita.



O ARREPENDIMENTO E O PROPÓSITO
             A verdadeira Confissão exige o arrependimento e o propósito.
            O arrependimento ou dor é o pesar e o ódio dos pecados cometidos, que nos faz propor não mais pecar. Deve ser interno, sobrenatural, universal e apreciativamente sumo (ao menos para todos os pecados graves).
            O arrependimento é de duas espécies: perfeito ou contrição, que é o pesar dos pecados cometidos porque ofensa a Deus, nosso Pai, infinitamente bom e amável e porque causa da Paixão e da Morte de Jesus Cristo; imperfeito ou atrição, que é o pesar dos pecados cometidos, pelo temor dos castigos sobrenaturais, eternos e temporais e pela feiúra do pecado. A contrição obtém-nos logo o perdão dos pecados, com a graça santificante e a remissão da pena eterna e pelo menos de uma parte da temporal (fica todavia a obrigação da Confissão); ao invés, a atrição justifica somente se estiver unida à Confissão.
            O propósito que se deve ser interno, universal e eficaz, é a vontade resoluta de não mais cometer pecados e de fugir das ocasiões próximas, diretas e voluntárias.




OS MEIOS DE EXPIAÇÃO
            A pena eterna merecida pelo pecado pode ser perdoada:
            a) Com a satisfação ou penitência sacramental, que é a boa obra imposta pelo Confessor como castigo e para correção do pecador e para descontar a pena temporal, merecida pelo pecado.
            b) Com a virtude da penitência, que inclina o pecador a detestar o pecado, a fugi-lo resolutamente para o futuro e repará-lo. As obras de penitência e de piedade são os jejuns, as mortificações, as obras de misericórdia espiritual e corporal, as orações, o uso piedoso das coisas bentas, dos sacramentos e das cerimônias sagradas, a aceitação resignada, cordial e alegra das cruzes e das penas, o fiel cumprimento dos deveres do próprio estado e a obediência.
            c) Com as indulgências que são a remissão da pena temporal devida aos pecados; remissão que a Igreja concede aos fiéis aplicando os méritos e as satisfações superabundantes de Jesus Cristo, da Virgem e dos Santos. A indulgência pode ser plenária e parcial, perpétua e temporária, pessoal, real e local segundo perdoa toda ou parte da pena, é concedida para sempre ou por um tempo limitado a uma pessoa, ou admitida ao uso de uma coisa ou lugar.

terça-feira, 13 de março de 2012

Série: Uma imagem vale mais que mil palavras.

Pegaram o crucifixo para Cristo

Absurda decisão do Conselho Superior da Magistratura do Rio Grande do Sul
Ovídio Rocha Barros Sandoval

Extraído do Informativo Migalhas de Hoje

O Migalhas do último dia 7 de março noticia que o Conselho Superior da Magistratura do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul decidiu, por unanimidade, acatar requerimento da Liga Brasileira das Lésbicas e entidades afins para a retirada de crucifixos das dependências do Tribunal e dos Fóruns daquele Estado, sob o fundamento de que "o julgamento em sala com expressivo símbolo de uma igreja e sua doutrina não parece a melhor forma de se mostrar o Estado-Juiz equidistante dos valores em conflito".

Cumpre recordar, inicialmente, que há 185 anos, no dia 11 de agosto de 1827, foram criados os Cursos Jurídicos no Brasil em Olinda-Recife e em São Paulo. Com a instalação das duas Escolas de Direito tinha início a formação jurídica dos brasileiros no território nacional.

A Escola do Recife foi instalada no Convento de Santo Antônio, enquanto a de São Paulo noConvento de São Francisco.

Se instaladas foram em dois Conventos da Igreja Católica, receberam, à evidência, a proteção de Nosso Senhor Jesus Cristo e sob a égide da Cruz passaram a ser conhecidas e respeitadas. Jesus Cristo tornou-se o Patrono Eterno das Escolas de Direito, então criadas, que vieram a ter, a partir do ano de 1827, influência fantástica na formação cultural, social e jurídica do Estado brasileiro.

A formação nacional do Brasil, desde o Descobrimento, foi forjada sob o signo da fé cristã e católica. A colonização foi obra da catequese, da incorporação do Novo Mundo ao Cristianismo. A luta pela unidade e a conquista do imenso território brasileiro só se explica pela fé cristã. J. F. Almeida Prado, reconhecidamente não católico, por exemplo, "atribui à fé a resistência aos holandeses e sua expulsão do Brasil".1

Todo povoado que surgia era habitado em torno de uma igreja ou capela. Daí porque são inúmeras as cidades que têm nomes de santos católicos, um Estado ostenta o nome de Espírito Santo, o Estado do Pará tem por capital Belém e o Rio Grande do Norte celebra o Natal de Jesus Cristo em sua capital.

Foi nesse quadro que o Brasil nasceu, cresceu, conseguiu sua Independência e forjou sua nacionalidade, cultura, formação e sob a égide de Cristo foi sedimentada a Nação brasileira.

Trata-se de uma realidade histórica, social e cultural inconteste. Negá-la seria abraçar o absurdo da ignorância e opor-se à verdade.

De outra parte, o sistema político do Estado brasileiro, em nenhum momento, chegou perto de uma teocracia abominável existentes em outros países.

A Constituição de 1891, por influência do Positivismo de Augusto Comte, tão em voga entre os militares daquela época, impôs a separação do Estado e Igreja e instituiu o chamado Estado laico, mas em momento algum negou a influência decisiva do Cristianismo na formação nacional do povo brasileiro, pois estaria se contrapondo ao óbvio. Bem por isso, o chamado Estado laico não pode significar a rejeição, pura e simples, dos valores cristãos presentes na Nação brasileira.

Todas as Constituições brasileiras, excetuadas a Constituição de 1891 e a Carta Política de 1937, invocam em seus preâmbulos, de forma expressa, que são promulgadas "sob a proteção de Deus". A Constituição Imperial de 1824, que deu início à História Constitucional do Brasil foi jurada em nome da Santíssima Trindade.

A invocação feita da "proteção de Deus", como está no preâmbulo da vigente Constituição, "significa que o Estado que se organiza e estrutura mediante sua lei maior reconhece um fundamento metafísico anterior e superior ao direito positivo".2

Se o preâmbulo da Constituição invoca a "proteção de Deus", somente pode referir-se à proteção do Deus dos cristãos – Jesus Cristo – pois sob sua proteção e dentro dos ensinamentos evangélicos foi construída a Nação brasileira.

Logo, conforme observa o eminente e brilhante Procurador de Justiça e Conselheiro do Conselho Superior do Ministério Público paulista dr. Walter Paulo Sabella, "pretender que da exposição do crucifixo" em prédios públicos "se possa inferir relação de dependência ou aliança com organizações religiosas", semelhante raciocínio levaria, "simetricamente, à mesma conclusão em face do fato de aceitar-se a estátua do Cristo Redentor em terras públicas, no Rio de Janeiro"3. Depois de recordar que "as religiões são fatos sociais", por isso mesmo, "a ostentação do crucifixo num prédio público não tornará, o Estado menos laico, nem a sua retirada lhe dará maior laicidade".

Do fato mesmo "de ser a religião um fato social, emerge, 'ipso facto', a ingente dificuldade de distinguir, em fronteiras nítidas, se as coisas tidas como da religião, como seus símbolos, pertencem apenas aos domínios do campo religioso ou se amalgamam e difundem pelos domínios da cultura, da tradição, do costume”. E tanto "as coisas são assim que Arnold Toynbee, o grande historiador inglês, chegou a sustentar que as próprias civilizações sedesenvolvem nas linhas conceptuais de uma religião fundamental e entram em agonia quando se esvai o poder vital dessas religiões".4

Há três anos, aturdido e estupefato, tomei conhecimento de que o então Presidente Desembargador Luiz Zwitter do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, mandou retirar das salas e dependências do prédio daquela Corte os crucifixos que ali se encontravam. Sua Excelência confessa-se judeu, maçom e espírita. Com todo o respeito, uma estranha mistura de posições diante da vida... Em razão disso escrevi um artigo publicado pelo nosso Migalhas sob o título "O 11 de agosto e a Cruz de Cristo".

Tratava-se de uma infeliz deliberação unilateral e solitária do seu Presidente e tão contrária à formação nacional, social, cultural e religiosa do povo brasileiro sedimentada em cinco séculos. Não poderia acreditar que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro não tivesse em seus quadros homens que professassem a fé cristã e conhecessem a História brasileira. Recordo-me que, alguns anos atrás, o pai daquele Desembargador, ministro Waldemar Zweitter, no Superior Tribunal de Justiça, propôs a retirada da Cruz de Cristo das salas e dependências daquele Tribunal. Houve a reação, como não poderia deixar de ser, de várias vozes e entre elas se encontrava a do meu querido e saudoso Amigo Ministro Domingos Franciulli Netto com o testemunho de sua coragem de verdadeiro cristão e defensor da fé que animou a formação nacional do povo brasileiro. Parecia ser de família (pai e filho), a revolta contra a Cruz – um dos símbolos mais antigos da civilização humana.

A deliberação solitária e absurda do antigo Presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro repete-se agora em uma decisão colegiada do Conselho Superior da Magistratura do Rio Grande do Sul. Pergunta-se, pelo Regimento Interno daquele Tribunal, tão despropositada e absurda decisão não terá que passar pelo crivo do seu Órgão Especial?

Os desembargadores que integram o Conselho Superior da Magistratura são brasileiros e homens que se dedicam ao estudo. Logo, não podem desconhecer a realidade da formação cristã da Nação em que nasceram.

Suas Excelências não podem desconhecer a fundamental importância de Jesus Cristo na História da Humanidade que se divide em dois períodos: antes e depois de seu Nascimento, muito embora haja nascido em uma pequena vila da Judéia e não tenha se afastado mais do que trezentos quilômetros do lugar onde nasceu.

O insuspeito Benedetto Croce teve a oportunidade de constatar: "O Cristianismo foi a maior revolução que a humanidade jamais realizou", enquanto Hegel, ao tratar da realidade histórica de Jesus Cristo afirma: "Até aqui chega a história e daqui recomeça".6

Com efeito, "todos encalham no momento de lançar a passarela entre o obscuro Jesus da História e o deslumbrante Cristo da fé".7

Queiram ou não os senhores Desembargadores do Conselho Superior da Magistratura do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, a Cruz será o eterno símbolo da Morte eRessurreição em Jesus Cristo. Sob esse símbolo eterno nasceu, evoluiu e se formou a Nação brasileira.

Com rara felicidade, o eminente Ministro Ives Gandra da Silva Martins Filho observa: "No caso da Magistratura, os valores cristãos se tornam ainda mais fortemente 'fonte de inspiração' para as decisões, uma vez que 'fazer justiça' é, de certo modo, exercer um atributo divino. A justiça humana será tão menos falha quanto mais se inspirar na justiça divina".8

Após o início de minha conversão – antes fui ateu e depois agnóstico – aprendi que "quando a fé em Deus começa a desaparecer, também o espírito de união fraterna perde sua base, abrindo-se o caminho para a luta de todos contra todos, luta que só conhece o direito do mais forte".

Com efeito, "quando se perde a dimensão vertical da filiação divina, torna-se mais difícil vivenciar a dimensão horizontal da fraternidade humana" e "só podemos nos chamar realmente irmãos, porque temos um Pai Comum" e, por outro lado, "Cristo mostrou a dignidade imensa do mais humilde dos homens, fazendo-se trabalhador manual e, sendo mestre, lavando os pés dos seus discípulos".9

Estado laico não é sinônimo de Estado ateu ou agnóstico, mas sim de um Estado que adota a liberdade de todas as crenças religiosas e garante sua prática, como também respeita, como não poderia deixar de respeitar, os valores cristãos que deram base à formação da Nação brasileira.

O nome de Deus, para o cardeal Sebastião Leme, arcebispo do Rio de Janeiro, em homilia de 31/5/1931, "está cristalizado na alma do povo brasileiro. Ou o Estado, deixando de ser ateu e agnóstico reconhece o Deus do povo, ou o povo não reconhecerá o Estado".

Não se há de olvidar, para possível espanto de alguns, que a religião cristã foi a base moral na qual as instituições do Estado brasileiro se estabeleceram.

Para o Papa Bento XVI, "a tendência que, por assim dizer, admite Deus como opinião privada, mas lhe recusa o domínio público, a realidade do mundo e a nossa vida, não é tolerância, mas hipocrisia".10

O consagrado escritor Graham Greene, em bela página de uma de suas obras, termina por dizer: "Se eu tivesse de partir esta noite e me perguntassem o que mais me comove neste mundo, responderia talvez que é a passagem de Deus pelo coração dos homens. Tudo se perde no amor, e embora seja verdade que seremos julgados segundo o amor, é igualmente fora de dúvida que seremos julgados pelo amor, que outro não é senão Deus".11

Com razão afirma o Papa PAULO VI, "uma concepção do mundo, segundo a qual esse mundo se explicaria por si mesmo, sem ser necessário recorrer a Deus; de tal sorte que Deus se torna supérfluo e embaraçante" está a representar um secularismo que "para reconhecer o poder do homem, acaba por privar-se de Deus e mesmo por O renegar”. 12

A Justiça é obra do homem como colaborador de Deus e RUI BARBOSA dizia "sem Deus não pode haver justiça".

Portanto a presença da Cruz de Cristo nas salas dos Juízes e Tribunais é confirmação da realidade da formação cristã da Nação brasileira e serve para relembrar, com Rui Barbosa, que "sem Deus não pode haver justiça". Dizer-se que "o julgamento em sala com expressivo símbolo de uma igreja e sua doutrina não parece a melhor forma de se mostrar o Estado-Juiz equidistante dos valores em conflito" nada mais representa do que uma afirmação vazia, como se o símbolo da Cruz tivesse a possibilidade de influir o Estado-Juiz em dirimir os "valores em conflito". Aceitar-se tão estapafúrdia afirmativa, como o símbolo da Cruz sempre esteve presente em todas as salas dos Juízes e dos Tribunais, especialmente, a partir da Constituição Imperial de 1824, o "Estado-Juiz", há mais de 187 anos, nunca esteve equidistante dos valores em conflito...

O Conselho Superior da Magistratura do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul ao mandar retirar das salas e dependências do prédio daquele Tribunal a Cruz de Cristo, nada mais fez do que negar nossas origens e a formação nacional do povo brasileiro, além de lançar às urtigas a realidade de que a nossa Constituição foi promulgada "sob a proteção de Deus" e diante de nossa história queira ou não aquele Conselho, "sob a proteção do Filho de Deus Nosso Senhor Jesus Cristo".

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1 “Apud” JOÃO SCATIMBURGO, “Tratado Geral do Brasil”, Companhia Editora Nacional, S. Paulo, 1ª. Ed., 1973, pg. 31.
“Se a fazenda del-rei fornecia recursos à Igreja, não era menos certo que o sentido missionário obedecia à densa fidelidade de Portugal à religião católica” (idem).
2 IVES GANDRA DA SILVA MARTINS FILHO, Jornal “O Globo” de 14.4.2009.
3 Parecer no Pt. n. 48723/07, de 27.8.2007.
4 Idem.
5 Revista “Isto É”, edição de 12.8.2009, pg. 33.
6 VITTORIO MESSORI, ob. cit., pgs 100 e 101.
7 Idem, pg, 185.
8 Artigo citado.
9 IVES GANDRA DA SILVA MARTINS FILHO, artigo citado.
10 Homilia de Abertura do Sínodo dos Bispos em 21.10.2005.
11 “Apud” CHARLES MOELLER, “Literatura do Século XX e Cristianismo”, Ed. Flamboyant, São Paulo, 1958, vol. I, pg. 420.
12 Idem, n. 55, pg. 58.
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*Ovídio Rocha Barros Sandoval é advogado do escritório Advocacia Rocha Barros Sandoval & Costa, Ronaldo Marzagão e Abrahão Issa Neto Advogados Associados.

Fé, Verdade e Desobediência: A resposta!

Em resposta a publicação do texto Fé, Verdade e Desobediência, recebi em meu e-mail a seguinte resposta, que publico sem alterações, protegendo a identidade do remetente:

Falou, falou... mas não trouxe respostas às grandes questões. O Evangelho exige um olhara mais profético e amplo, não podemos acusar os outros de desobedientes só porque pensam diferentes de nós. A Igreja é mutio mais que o nosso pensamento e forma de enxergar a vida.

Ainda bem que de tempos em tempos o Espírito Santo faz surgir profetas que abalam certas estruturas sociais e religiosas, cmo Dom Hélder, Dom Pedro Ccasaldáliga, Dom Luciano Mendes... Se o Espírito nos abandonasse, seríamos apenas uma instituição falida, repetindo ritos e normas, orgulhosos de sermos seguidores delas, numa pose de gente feliz por ter feito o seu dever.


Igreja é diálogo, não ditadura.Apesar de seus pecados, a Igreja continua firme, respeitando os diversos pensamentos, mas sempre apontando para o Cristo. A verdade sempre prevalescerá. Para que tanta zuada? Já diz o provérbio popular: "lata vazia faz muito barulho".


Eu


Obviamente, não pude de deixar de dar uma resposta.

Ora, que respostas mais? As respostas já foram dadas pelos Santos Padres... pela Igreja. OBEDECER É A RESPOSTA!


A obediência a Deus e à Igreja é fundamental para a solução de muitos problemas. De fato, a "Igreja é mutio (sic) mais que o nosso pensamento e forma de enxergar a vida" e justamente por isso, devemos seguir o que ela nos orienta sempre. Pensar diferente do Magistério da Igreja, com certeza, é desobediência e não é o MEU jeito de enxergar a vida.


Os mencionados "profetas" que "abalaram as certas estruturas sociais e religiosas", como sabemos, em muito contribuíram para deturpar a verdadeira doutrina da Igreja, aliás, foram os arautos da teologia da libertação que, relembre-se foi CONDENADA pelos Santos Padres, Bv, João Paulo II e Bento XVI. A que repetição de ritos e normas o senhor se refere? A Santa Missa? Aos Santos Sacramentos?


Sabemos que a Igreja jamais será uma "instituição falida", tendo em vista que "as portas do inferno jamais prevalecerão contra ela". Mesmo que a tentativa de destruição venha de dentro, isso jamais ocorrerá.


A Igreja NÃO é uma democracia, uma comunidade simplesmente, é um MISTÉRIO, corpo místico de Cristo. O poder da Igreja não se iguala ao poder civil, pois não vem do povo, mas sim, procede de Jesus Cristo, que outorgou a edificação a São Pedro que, infalivelmente, deve confirmar o povo na fé.


Confessamos que a Igreja é UNA, SANTA e CATÓLICA. Quando se diz, SANTA se quer dizer, que NÃO TEM PECADO ALGUM. Logo, afirma que "Apesar de seus pecados, a Igreja continua firme" é um grave erro! A Igreja não pode se calar diante do erro e da mentira, principalmente quando estes erros são de seus próprios filhos...estes sim, comentem pecados e atrocidades horríveis, em especial, contra a fé cristã.


A "zuada" é justamente porque as pessoas querem defender o que é mais conveniente. Uns optam pela desobediência, outros pelo silêncio conivente. Cada um faz o que bem entende, contudo, deve usar de bom senso e ver a quem apoia, se a meia dúzia de falsos profetas/revolucionários ou ao Vigário de Cristo.

Sem mais.
E assim caminha nossa Igreja no Brasil. Oremos!

terça-feira, 6 de março de 2012

De um católico a CNBB.

Reverendíssimos Srs. Padres da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), primeiramente peço-lhes a bênção! Desejo-lhes um felicíssimo ano novo, Ano da Fé em Nosso Senhor Jesus Cristo.

Neste 4º dia do mês de janeiro, decidi ler as notícias no site da CNBB e fico felicíssimo ao ver um artigo explicando o sentido do tradicional hino litúrgico Te Deum (A Vós, ó Deus). O que tenho a dizer? Belíssimo, muito bom que no site da Igreja no Brasil os fiéis sejam levados a conhecer esta pérola no riquíssimo tesouro cultural da Igreja que, mais do que cultural, trata-se de verdadeira mostra do esplendor do Altíssimo Senhor.

Por outro lado, fico bastante entristecido. Ferido de morte. Parece exagero, mas não é. Arrasa-me saber que este conhecimento não está ao alcance de todos. Que estas expressões verdadeiramente católicas estão tão ocultas. O véu foi resposto no templo, inacessível, inalcançável, quiçá, inexistente nesta Terra de Santa Cruz. Digo isto, não por ouvir dizer ou por ter lido na internet, mas porque está cristalino como água a que pé caminhamos atualmente. Isto em minha Arquidiocese que, acredito, ser um reflexo da realidade brasileira.

Petição de Apoio a Padre Paulo Ricardo. ASSINE!!!!

No dia 27 de fevereiro de 2012, parte do clero e dos religiosos da Arquidiocese de Cuiabá (27 ao todo) emitiram uma "Carta Aberta" na qual se opõem – por motivos obscuros - ao reconhecido e sério trabalho evangelizador do Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Júnior, e o caluniam de forma assustadora, chamando-o de "um homem amargurado, fatigado, raivoso, compulsivo, profundamente infeliz e transtornado" e que "não tem saúde mental" (sic), entre outras aberrações.

A carta, notadamente eivada de ódio e inspiração maléfica, tem por objetivo pressionar o Arcebispo de Cuiabá, Dom Mílton Antônio dos Santos,SDB, e a CNBB para que - mas letras da carta - "Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior seja imediatamente afastado das atividades de magistério (...) que seja afastado de todos os meios de comunicação social em todo e qualquer suporte", num desejo de censura ABSURDO e INFUNDADO.

Nós, filhos espirituais do Pe. Paulo Ricardo, simpatizantes do seu trabalho e todo o povo católico não podemos concordar que isso aconteça.
Seria uma perda INCOMENSURÁVEL para a Igreja no Brasil, e uma INJUSTIÇA medonha contra o Pe. Paulo Ricardo.

Por isso, com essa Petição Online, desejamos manifestar a Dom Milton, e a toda a CNBB, nosso apoio total e irrestrito ao Pe. Paulo Ricardo e ao seu benéfico trabalho de salvação de almas!

Assine e divulgue ao maior número de pessoas!

Deus lhe recompensará por defender a Justiça!

Assine clicando AQUI!

Falácias dos inimigos da Igreja contra Pe. Paulo Ricardo


Desde ontem, surgiram comentários a respeito de uma "Carta Aberta" enviada pelo Clero Arquidiocesano de Cuiabá a todo o povo de Deus- a qual já não pertencem- e a CNBB.

Divulgamos abaixo a integra da referida Carta e demonstramos nosso fiel apoio ao Padre Paulo, cuja idoneidade já é conhecida e, diferentemente do que diz a ladainha de mentiras, é um exímio defensor da Santa Igreja e um fiel sacerdote de Cristo.

Deus abençoe o Padre Paulo Ricardo e que permanece na fidelidade a Santa Mãe Igreja!

Íntegra da Carta, extraída do blog Sentinela Católico.