terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Quaresma: um caminho a ser feito em direção a Cristo

A Quaresma é um período de quarenta dias. Inicia-se na Quarta-feira de Cinzas, prolongando-se até a Quinta-feira Santa, antes da Missa na Ceia do Senhor. Trata-se de um tempo privilegiado de conversão, combate espiritual e escuta da Palavra de Deus.


Na Igreja Antiga, este era o tempo no qual os catecúmenos (adultos que se preparavam para o Batismo) recebiam os últimos retoques em sua formação para a vida cristã: eles deveriam entregar-se a uma catequese mais intensa e aos exercícios de oração e penitência. Pouco a pouco, toda a comunidade cristã - isto é, os já batizados em Cristo -, começou a participar também deste clima, tanto para unir-se aos catecúmenos, como para renovar em si a graça de seu próprio batismo e o fervor da vida cristã, preparando-se, assim, para a santa Páscoa. Assim, surgiu a Quaresma: tempo no qual os cristãos, pela purificação e a oração, buscam renovar sua conversão para celebrarem na alegria espiritual a Santa Vigília de Páscoa, na madrugada do Domingo da Ressurreição, renovando suas promessas batismais.






As práticas da Quaresma


A oração: Neste tempo os cristãos se dedicam mais à oração e devem acrescentar algo àquilo que já praticam durante o ano todo. Uma boa prática é rezar diariamente um salmo ou, para os mais generosos, rezar todo o saltério no decorrer dos quarenta dias. Pode-se, também, rezar a Via Sacra às sextas-feiras!


A penitência: todos os dias quaresmais (exceto os domingos!) são dias de penitência. A primeira e indispensável penitência quaresmal é no tocante à comida e à bebida: sem renúncia a algum alimento não há prática quaresmal! Cada um deve escolher uma pequena prática penitencial para este tempo. Por exemplo: renunciar a um lanche diariamente, ou a uma sobremesa, etc... Na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa os cristãos jejuam: o jejum nos faz recordar que somos frágeis e que a vida que temos é um dom de Deus, que deve ser vivida em união com ele. Os mais generosos podem jejuar todas as sextas-feiras da Quaresma. Farão muitíssimo bem! Recordemo-nos que às sextas-feiras os católicos não devem comer carne; e isto vale para o ano todo! Além da penitência na alimentação é necessário escolher algo mais como mortificação, isto é, renúncia a algo de que se gosta; por exemplo: música, televisão, internet, determinado tipo de divertimento...


A esmola: Trata-se da caridade fraterna. Este tempo santo deve abrir nosso coração para os irmãos: esmola, capacidade de ajudar, visitar os doentes, aprender a escutar os outros, reconciliar-se com alguém de quem estamos afastados - eis algumas das coisas que se pode fazer neste sentido!


A leitura da Palavra de Deus: Este é um tempo de escuta mais atenta da Palavra: o homem não vive somente de pão, mas de toda Palavra saída da boca de Deus. Seria muitíssimo recomendável ler durante este tempo o Livro do Êxodo ou o Deuteronômio ou, no Novo Testamento, o Evangelho segundo São Marcos. A leitura deve ser seguida, do começo ao fim do livro. Pode-se terminar sempre rezando um salmo...


A conversão: “Eis o tempo da conversão!”, diz-nos a Palavra de Deus. Que cada um veja um vício, um ponto fraco, que o afasta de Cristo, e procure lutar, combatê-lo nesta Quaresma! É o que a Tradição ascética de Igreja chama de “combate espiritual” e “luta contra os demônios”. Nossos demônios são nossos vícios, nossas más tendências, que precisam ser combatidas. Os antigos davam o nome de sete demônios principais: a soberba, a avareza, a tristeza (hoje diz-se a inveja, que é a tristeza pelo bem do outro), a preguiça, a ira, a gula, a sensualidade. Estes demônios geram outros. Na Quaresma, é necessário identificar aqueles que são mais fortes em nós e combatê-los! Recomendo, neste sentido, a leitura do livro “Convivendo com o mal. A luta contra os demônios no monaquismo antigo”, de Anselm Grün, Editora Vozes.






A liturgia da Quaresma


Este tempo sagrado é marcado por alguns sinais especiais nas celebrações da Igreja: A cor da liturgia é o roxo - sinal de sobriedade, penitência e conversão; não se canta o Glória nas missas (exceto nas solenidades, quando houver); não se canta o aleluia que, sinal de alegria e júbilo, somente será cantado outra vez na Páscoa da Ressurreição; os cantos da missa devem ter uma melodia simples; não é permitido que se toque nenhum instrumento musical, a não ser para sustentar o canto, em sinal de jejum dos nossos ouvidos, que devem ser mais atentos à Palavra de Deus; não é permitido usarflores nos altares, em sinal de despojamento e penitência (nos casamentos e outras festas as igrejas, devem ser enfeitadas com muita sobriedade!); a partir da quinta semana da Quaresma podem-se cobrir de roxo ou branco as imagens, em sinal de jejum dos sentido, sobretudo dos olhos.


O importante é que todas estas práticas nos levem a uma preparação séria e empenhada para o essencial: a Páscoa! As observâncias quaresmais não são atos folclóricos, mas instrumentos para nos fazer crescer no processo de conversão que nos leva ao conhecimento espiritual e ao amor de Cristo. Tenhamos em vista que o ponto alto do caminho quaresmal é a renovação das promessas batismais na Santa Vigília pascal e a celebração da Eucaristia de Páscoa nesta mesma Noite Santa, virada do Sábado Santo para o Domingo da Ressurreição.


Que todos possam ter uma intensa vivência quaresmal, para celebrarmos na alegria espiritual a santa Páscoa do Senhor!






Por Dom Henrique Soares da Costa.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE PAPA BENTO XVI PARA A QUARESMA DE 2012


MENSAGEM DE SUA SANTIDADE
PAPA BENTO XVI
PARA A QUARESMA DE 2012


«Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos
ao amor e às boas obras» (Heb 10, 24)




Irmãos e irmãs!

A Quaresma oferece-nos a oportunidade de reflectir mais uma vez sobre o cerne da vida cristã: o amor. Com efeito este é um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria pascal.

Desejo, este ano, propor alguns pensamentos inspirados num breve texto bíblico tirado da Carta aos Hebreus: «Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras» (10, 24). Esta frase aparece inserida numa passagem onde o escritor sagrado exorta a ter confiança em Jesus Cristo como Sumo Sacerdote, que nos obteve o perdão e o acesso a Deus. O fruto do acolhimento de Cristo é uma vida edificada segundo as três virtudes teologais: trata-se de nos aproximarmos do Senhor «com um coração sincero, com a plena segurança da fé» (v. 22), de conservarmos firmemente «a profissão da nossa esperança» (v. 23), numa solicitude constante por praticar, juntamente com os irmãos, «o amor e as boas obras» (v. 24). Na passagem em questão afirma-se também que é importante, para apoiar esta conduta evangélica, participar nos encontros litúrgicos e na oração da comunidade, com os olhos fixos na meta escatológica: a plena comunhão em Deus (v. 25). Detenho-me no versículo 24, que, em poucas palavras, oferece um ensinamento precioso e sempre actual sobre três aspectos da vida cristã: prestar atenção ao outro, a reciprocidade e a santidade pessoal.

1. «Prestemos atenção»: a responsabilidade pelo irmão.

O primeiro elemento é o convite a «prestar atenção»: o verbo grego usado é katanoein, que significa observar bem, estar atento, olhar conscienciosamente, dar-se conta de uma realidade. Encontramo-lo no Evangelho, quando Jesus convida os discípulos a «observar» as aves do céu, que não se preocupam com o alimento e todavia são objecto de solícita e cuidadosa Providência divina (cf. Lc 12, 24), e a «dar-se conta» da trave que têm na própria vista antes de reparar no argueiro que está na vista do irmão (cf. Lc 6, 41). Encontramos o referido verbo também noutro trecho da mesma Carta aos Hebreus, quando convida a «considerar Jesus» (3, 1) como o Apóstolo e o Sumo Sacerdote da nossa fé. Por conseguinte o verbo, que aparece na abertura da nossa exortação, convida a fixar o olhar no outro, a começar por Jesus, e a estar atentos uns aos outros, a não se mostrar alheio e indiferente ao destino dos irmãos. Mas, com frequência, prevalece a atitude contrária: a indiferença, o desinteresse, que nascem do egoísmo, mascarado por uma aparência de respeito pela «esfera privada». Também hoje ressoa, com vigor, a voz do Senhor que chama cada um de nós a cuidar do outro. Também hoje Deus nos pede para sermos o «guarda» dos nossos irmãos (cf. Gn 4, 9), para estabelecermos relações caracterizadas por recíproca solicitude, pela atenção ao bem do outro e a todo o seu bem. O grande mandamento do amor ao próximo exige e incita a consciência a sentir-se responsável por quem, como eu, é criatura e filho de Deus: o facto de sermos irmãos em humanidade e, em muitos casos, também na fé deve levar-nos a ver no outro um verdadeiro alter ego, infinitamente amado pelo Senhor. Se cultivarmos este olhar de fraternidade, brotarão naturalmente do nosso coração a solidariedade, a justiça, bem como a misericórdia e a compaixão. O Servo de Deus Paulo VI afirmava que o mundo actual sofre sobretudo de falta de fraternidade: «O mundo está doente. O seu mal reside mais na crise de fraternidade entre os homens e entre os povos, do que na esterilização ou no monopólio, que alguns fazem, dos recursos do universo» (Carta enc. Populorum progressio, 66).

A atenção ao outro inclui que se deseje, para ele ou para ela, o bem sob todos os seus aspectos: físico, moral e espiritual. Parece que a cultura contemporânea perdeu o sentido do bem e do mal, sendo necessário reafirmar com vigor que o bem existe e vence, porque Deus é «bom e faz o bem» (Sal 119/118, 68). O bem é aquilo que suscita, protege e promove a vida, a fraternidade e a comunhão. Assim a responsabilidade pelo próximo significa querer e favorecer o bem do outro, desejando que também ele se abra à lógica do bem; interessar-se pelo irmão quer dizer abrir os olhos às suas necessidades. A Sagrada Escritura adverte contra o perigo de ter o coração endurecido por uma espécie de «anestesia espiritual», que nos torna cegos aos sofrimentos alheios. O evangelista Lucas narra duas parábolas de Jesus, nas quais são indicados dois exemplos desta situação que se pode criar no coração do homem. Na parábola do bom Samaritano, o sacerdote e o levita, com indiferença, «passam ao largo» do homem assaltado e espancado pelos salteadores (cf. Lc 10, 30-32), e, na do rico avarento, um homem saciado de bens não se dá conta da condição do pobre Lázaro que morre de fome à sua porta (cf. Lc 16, 19). Em ambos os casos, deparamo-nos com o contrário de «prestar atenção», de olhar com amor e compaixão. O que é que impede este olhar feito de humanidade e de carinho pelo irmão? Com frequência, é a riqueza material e a saciedade, mas pode ser também o antepor a tudo os nossos interesses e preocupações próprias. Sempre devemos ser capazes de «ter misericórdia» por quem sofre; o nosso coração nunca deve estar tão absorvido pelas nossas coisas e problemas que fique surdo ao brado do pobre. Diversamente, a humildade de coração e a experiência pessoal do sofrimento podem, precisamente, revelar-se fonte de um despertar interior para a compaixão e a empatia: «O justo conhece a causa dos pobres, porém o ímpio não o compreende» (Prov 29, 7). Deste modo entende-se a bem-aventurança «dos que choram» (Mt 5, 4), isto é, de quantos são capazes de sair de si mesmos porque se comoveram com o sofrimento alheio. O encontro com o outro e a abertura do coração às suas necessidades são ocasião de salvação e de bem-aventurança.

O facto de «prestar atenção» ao irmão inclui, igualmente, a solicitude pelo seu bem espiritual. E aqui desejo recordar um aspecto da vida cristã que me parece esquecido: a correcção fraterna, tendo em vista a salvação eterna. De forma geral, hoje é-se muito sensível ao tema do cuidado e do amor que visa o bem físico e material dos outros, mas quase não se fala da responsabilidade espiritual pelos irmãos. Na Igreja dos primeiros tempos não era assim, como não o é nas comunidades verdadeiramente maduras na fé, nas quais se tem a peito não só a saúde corporal do irmão, mas também a da sua alma tendo em vista o seu destino derradeiro. Lemos na Sagrada Escritura: «Repreende o sábio e ele te amará. Dá conselhos ao sábio e ele tornar-se-á ainda mais sábio, ensina o justo e ele aumentará o seu saber» (Prov 9, 8-9). O próprio Cristo manda repreender o irmão que cometeu um pecado (cf. Mt 18, 15). O verbo usado para exprimir a correcção fraterna – elenchein – é o mesmo que indica a missão profética, própria dos cristãos, de denunciar uma geração que se faz condescendente com o mal (cf. Ef 5, 11). A tradição da Igreja enumera entre as obras espirituais de misericórdia a de «corrigir os que erram». É importante recuperar esta dimensão do amor cristão. Não devemos ficar calados diante do mal. Penso aqui na atitude daqueles cristãos que preferem, por respeito humano ou mera comodidade, adequar-se à mentalidade comum em vez de alertar os próprios irmãos contra modos de pensar e agir que contradizem a verdade e não seguem o caminho do bem. Entretanto a advertência cristã nunca há-de ser animada por espírito de condenação ou censura; é sempre movida pelo amor e a misericórdia e brota duma verdadeira solicitude pelo bem do irmão. Diz o apóstolo Paulo: «Se porventura um homem for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi essa pessoa com espírito de mansidão, e tu olha para ti próprio, não estejas também tu a ser tentado» (Gl 6, 1). Neste nosso mundo impregnado de individualismo, é necessário redescobrir a importância da correcção fraterna, para caminharmos juntos para a santidade. É que «sete vezes cai o justo» (Prov 24, 16) – diz a Escritura –, e todos nós somos frágeis e imperfeitos (cf. 1 Jo 1, 8). Por isso, é um grande serviço ajudar, e deixar-se ajudar, a ler com verdade dentro de si mesmo, para melhorar a própria vida e seguir mais rectamente o caminho do Senhor. Há sempre necessidade de um olhar que ama e corrige, que conhece e reconhece, que discerne e perdoa (cf. Lc 22, 61), como fez, e faz, Deus com cada um de nós.

2. «Uns aos outros»: o dom da reciprocidade.

O facto de sermos o «guarda» dos outros contrasta com uma mentalidade que, reduzindo a vida unicamente à dimensão terrena, deixa de a considerar na sua perspectiva escatológica e aceita qualquer opção moral em nome da liberdade individual. Uma sociedade como a actual pode tornar-se surda quer aos sofrimentos físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida. Não deve ser assim na comunidade cristã! O apóstolo Paulo convida a procurar o que «leva à paz e à edificação mútua» (Rm 14, 19), favorecendo o «próximo no bem, em ordem à construção da comunidade» (Rm 15, 2), sem buscar «o próprio interesse, mas o do maior número, a fim de que eles sejam salvos» (1 Cor 10, 33). Esta recíproca correcção e exortação, em espírito de humildade e de amor, deve fazer parte da vida da comunidade cristã.

Os discípulos do Senhor, unidos a Cristo através da Eucaristia, vivem numa comunhão que os liga uns aos outros como membros de um só corpo. Isto significa que o outro me pertence: a sua vida, a sua salvação têm a ver com a minha vida e a minha salvação. Tocamos aqui um elemento muito profundo da comunhão: a nossa existência está ligada com a dos outros, quer no bem quer no mal; tanto o pecado como as obras de amor possuem também uma dimensão social. Na Igreja, corpo místico de Cristo, verifica-se esta reciprocidade: a comunidade não cessa de fazer penitência e implorar perdão para os pecados dos seus filhos, mas alegra-se contínua e jubilosamente também com os testemunhos de virtude e de amor que nela se manifestam. Que «os membros tenham a mesma solicitude uns para com os outros» (1 Cor 12, 25) – afirma São Paulo –, porque somos um e o mesmo corpo. O amor pelos irmãos, do qual é expressão a esmola – típica prática quaresmal, juntamente com a oração e o jejum – radica-se nesta pertença comum. Também com a preocupação concreta pelos mais pobres, pode cada cristão expressar a sua participação no único corpo que é a Igreja. E é também atenção aos outros na reciprocidade saber reconhecer o bem que o Senhor faz neles e agradecer com eles pelos prodígios da graça que Deus, bom e omnipotente, continua a realizar nos seus filhos. Quando um cristão vislumbra no outro a acção do Espírito Santo, não pode deixar de se alegrar e dar glória ao Pai celeste (cf. Mt 5, 16).

3. «Para nos estimularmos ao amor e às boas obras»: caminhar juntos na santidade.

Esta afirmação da Carta aos Hebreus (10, 24) impele-nos a considerar a vocação universal à santidade como o caminho constante na vida espiritual, a aspirar aos carismas mais elevados e a um amor cada vez mais alto e fecundo (cf. 1 Cor 12, 31 – 13, 13). A atenção recíproca tem como finalidade estimular-se, mutuamente, a um amor efectivo sempre maior, «como a luz da aurora, que cresce até ao romper do dia» (Prov 4, 18), à espera de viver o dia sem ocaso em Deus. O tempo, que nos é concedido na nossa vida, é precioso para descobrir e realizar as boas obras, no amor de Deus. Assim a própria Igreja cresce e se desenvolve para chegar à plena maturidade de Cristo (cf.Ef 4, 13). É nesta perspectiva dinâmica de crescimento que se situa a nossa exortação a estimular-nos reciprocamente para chegar à plenitude do amor e das boas obras.

Infelizmente, está sempre presente a tentação da tibieza, de sufocar o Espírito, da recusa de «pôr a render os talentos» que nos foram dados para bem nosso e dos outros (cf. Mt 25, 24-28). Todos recebemos riquezas espirituais ou materiais úteis para a realização do plano divino, para o bem da Igreja e para a nossa salvação pessoal (cf. Lc 12, 21; 1 Tm 6, 18). Os mestres espirituais lembram que, na vida de fé, quem não avança, recua. Queridos irmãos e irmãs, acolhamos o convite, sempre actual, para tendermos à «medida alta da vida cristã» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31). A Igreja, na sua sabedoria, ao reconhecer e proclamar a bem-aventurança e a santidade de alguns cristãos exemplares, tem como finalidade também suscitar o desejo de imitar as suas virtudes. São Paulo exorta: «Adiantai-vos uns aos outros na mútua estima» (Rm 12, 10).

Que todos, à vista de um mundo que exige dos cristãos um renovado testemunho de amor e fidelidade ao Senhor, sintam a urgência de esforçar-se por adiantar no amor, no serviço e nas obras boas (cf. Heb 6, 10). Este apelo ressoa particularmente forte neste tempo santo de preparação para a Páscoa. Com votos de uma Quaresma santa e fecunda, confio-vos à intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria e, de coração, concedo a todos a Bênção Apostólica.

Vaticano, 3 de Novembro de 2011



BENEDICTUS PP. XVI

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Dos divertimentos do Carnaval

Aqui falamos dos espetáculos profanos, bailes de máscaras, danças e orgias que se multiplicam nas vésperas da Quaresma, mormente nos três dias antes da Quarta-Feira de Cinzas. Perder tempo, exagerar as despesas, fazer da barriga seu Deus, encher-se a alma com imagens e pensamentos indecentes, avivar o fogo das paixões, atirar-se de caso pensado aos maiores perigos, não será isto diretamente oposto ao Cristianismo, que prescreve o bom uso do tempo, prudente economia, a temperança, a vigilância nos sentidos, a mortificação das paixões, a fuga dos perigos? Deixam após si esses dias nefastos tantas vítimas da impureza, da embriaguez, tantas famílias na vergonha, na miséria! Quisera a Igreja preparar seus filhos à penitência, e por isso lembra-lhes hoje os sofrimentos de Jesus; não negará esta boa Mãe quem passa estes dias na dissipação? Com que cara podem cristãos assim, dizer-se discípulos de Cristo, filhos da Igreja que sempre proscreveu tais desordens? Não digam que não fazem mal. Será pouco mal esbanjar tempo e dinheiro, estragar a saúde, expor a honra, a inocência, a perigos onde tantas vezes naufragam? Não se desculpem com a necessidade do descanso; estarão por ventura bem descansados no dia seguinte? Serão descanso, divertimentos que arruínam a saúde do corpo e da alma?


Fugi, cristãos, de tão perigosos passatempos. Seja vosso gosto trabalhar, combater, sofrer com Jesus Cristo neste mundo, para com Ele gozar eternamente no Céu.


Vinde, pois, adorar Jesus no sacramento do seu amor. Convida-nos a Igreja a tomardes parte na devoção das <<Quarenta Horas>>. Como Verônica vamos enxugar o rosto de Jesus, e consolar seu coração magoado por tantos pecados!


“Irmãos queridos, dizia o Card. Lambertini, o mundo convida-vos às suas diversões, às suas festas, Deus por sua parte chama-vos a seus templos; breve veremos quem vos merece a preferência, qual o estandarte e qual o partido por vós escolhido”.






Manual do Cristão, Goffiné, edição de 1925. Instrução sobre a Quaresma, p.335.

O CARNAVAL

Dom Fernando Arêas Rifan*

Estamos próximos do Carnaval, atualmente uma festa totalmente profana e nada edificante. Ao lado de desfiles deslumbrantes das escolas de samba, com todo o seu requinte, riqueza de detalhes, fantasias fascinantes, desperdício de dinheiro, exposição de luxo, vaidade e também despudor, presencia-se paralelamente uma verdadeira bacanal de orgias e festas mundanas, cheias de licenciosidade, onde se pensa que tudo é permitido. Nesses dias, a moral vem abaixo: até as pessoas mais sérias se mostram debochadas, a imoralidade e a libertinagem campeiam, a pureza perece e a tranquilidade desaparece. Infelizmente, há muito tempo que o Carnaval deixou de ser apenas um folguedo popular, uma festa quase inocente, uma brincadeira de rua, uma diversão até certo ponto sadia. 
Segundo uma teoria, a origem da palavra “carnaval” vem do latim “carne vale”, “adeus à carne”, pois no dia seguinte começava o período da Quaresma, tempo em que os cristãos se abstêm de comer carne, por penitência. Daí que, ao se despedirem da carne na terça-feira que antecede a Quarta-Feira de Cinzas, se fazia uma boa refeição, comendo carne evidentemente, e a ela davam adeus. Tudo isso, só explicável no ambiente cristão, deu origem a uma festa nada cristã. Vê-se como o sagrado e o profano estão bem próximos, e este pode contaminar aquele. Como hoje acontece com as festas religiosas, quando o profano que nasce em torno do sagrado, o acaba abafando e profanando. Isso ocorre até no Natal e nas festas dos padroeiros das cidades e vilas. O acessório ocupa o lugar do principal, que fica prejudicado, esquecido e profanado.
A grande festa cristã é a festa da Páscoa, antecedida imediatamente pela Semana Santa, para a qual se prepara com a Quaresma, que tem início na Quarta-Feira de Cinzas, sinal de penitência. Por isso, é a data da Páscoa que regula a data do Carnaval, que precede a Quarta-Feira de Cinzas, caindo sempre este 47 dias antes da Páscoa. 
Devido à devassidão que acontecem nesses dias de folia, os cristãos mais conscientes preferem se retirar do tumulto e se entregar ao recolhimento e à oração. É o que se chama “retiro de Carnaval”, altamente aconselhável para quem quer se afastar do barulho e se dedicar um pouco a refletir no único necessário, a salvação eterna. É tempo de se pensar em Deus, na própria alma, na missão de cada um, na necessidade de estar bem com Deus e com a própria consciência. “O barulho não faz bem e o bem não faz barulho”, dizia São Francisco de Sales. 
Já nos advertia São Paulo: “Não vos conformeis com esse século” (Rm 12,2); “Já vos disse muitas vezes, e agora o repito, chorando: há muitos por aí que se comportam como inimigos da cruz de Cristo. O fim deles é a perdição, o deus deles é o ventre, a glória deles está no que é vergonhoso, apreciam só as coisas terrenas” (Fl 3, 18-19); “Os que se servem deste mundo, não se detenham nele, pois a figura deste mundo passa” (cf. 1 Cor 7, 31). 
Passemos, pois, este tempo na tranquilidade do lar, em algum lugar mais calmo ou, melhor ainda, participando de algum retiro espiritual. Bom descanso e recolhimento para todos!

*Bispo da Administração Apostólica Pessoal
São João Maria Vianney

ORAÇÕES PARA CADA UM DOS DIAS DA SEMANA.

SÁBADO
A JESUS CRISTO, COMO JUÍZ.

Dos Salmos IV e VII.

            Adorável Jesus, filho eterno de Deus Padre, e a ele igual em todas as divinas perfeições, supremo juiz de todas as criaturas, perante o tribunal de vossa Majestade ouso aproximar-me, para adorar vossos inescrutáveis juízos, e reconhecer  que sois o soberano Julgador, a quem devo dar contas de todos os meus pensamentos, desejos, palavras e obras; e por isso que tenho pecado contra vós, minha alma cheia de temor, e horrorizada a vista de tantos crimes que cometeu, vem prostrar-se aos pés de vosso trono tremendo, para vos fazer esta súplica: Não me julgueis, Senhor, segundo os rigores de vossa justiça; mas sede propício a esta vossa miserável criatura. Deus de misericórdia e de consolação, volvei a mim vossa benigna face, tende compaixão de mim, não me tomeis conta em vosso furor, nem no dia de vossa cólera, mas livrai minha alma, e salvai-me no tremendo dia de vosso juízo. Não permitais, Senhor, que eu pense, diga ou faça coisa alguma que possa chamar sobre mim aquela terrível sentença, que no último dia haveis de pronunciar, contra os que tiverem violado vossa lei; fazei antes, que vivendo sempre unido a vós e a vossos santos preceitos, experimente a doçura d’um juiz cheio de misericórdia e bondade. Amém.

ORAÇÕES PARA CADA UM DOS DIAS DA SEMANA.


SEXTA-FEIRA
A JESUS CRISTO, COMO MÉDICO.

Tirado do Salmo XL, e outros lugares da Sagrada Escritura.

         Senhor, que sois o soberano médico de nossas almas, eu venho apresentar-me diante de vós como um enfermo que busca saúde; e como vós não viestes senão para os achacados, vede, Senhor, minha enfermidade, aplicai-lhe o remédio de vossa graça, e ficarei curado. Vossa caridade, meu Deus, é tão grande, que estais pronto a curar todos que em vós confiam, e que reconhecendo suas moléstias, confessam que só em vós podem achar alívio. Eu me apresento pois a vós, para vos mostrar todas as enfermidades que me atormentam, e para dizer-vos: Senhor, soberano médico, tende compaixão de mim, fazei em mim uma completa mudança, e curai minha alma, que está enferma. Amém.

Fé, Verdade e Desobediência.

 Por Jonatan Rocha do Nascimento

Eis o século XXI. Um século mágico. Século de mudanças, rapidez, multidisciplinaridade, diversificado, desenvolvido, globalizado, dinâmico e aberto a todos os diálogos. Eis o século em que a humanidade toda se congrega em perfeita harmonia, ao som de “Imagine” de John Lennon.

Hoje em dia há uma corrida ensandecida pela liberdade, pela felicidade terrena, pela total realização do ser, pela saúde constante e perfeita. Enfim, pela satisfação e libertação de tudo aquilo que nos lembra de nossa frágil e limitada natureza, que sempre foi desafio para o ser humano.

Os pais ensinam aos filhos como serem profissionais de sucesso, como ascenderem socialmente, mas esquecem o fundamental, como alcançar as virtudes que tornam a humanidade verdadeiramente humana e que, milenarmente, a Santa Igreja tem incansavelmente ensinado aos fiéis.

Ocorre que, a sociedade tem lutado, a todo e qualquer custo, se desvencilhar das “garras da opressão”, que acreditam se encontrar, o que faz crescer, como uma praga, uma população adoentada, mais frágil que casca de ovo, que se ofende com qualquer coisa.

Daí surgem, consequentemente, as inúmeras formas de proteção desses que não conseguem mais viver por si só ou ainda, que não permitem que qualquer verdade lhes atinja. Isto porque, como todos estão em perfeita consonância – ao menos este é o pensamento que se espalha-, todos devem compartilhar das mesmas opiniões, não havendo nenhuma verdade superior, acima da que cada um estabeleceu para si. O que se quer é o conforto. Um conforto que odeia qualquer forma de norma, regramento, aconselhamento ou qualquer senso de retidão.

Neste sentido, a Igreja tem sido uma grande seta, que aponta para a caminho correto, num mundo em que sempre há inúmeras vias incertas, como “lanças envenenadas” a apontar a danação e a miséria humana, contra as quais lutamos, por amor à Verdade.

As pessoas estão desnorteadas, e isso não se quer admitir! Tudo é passageiro e tudo agora é fugaz. Nada é certo, tudo é relativo, em tudo há um “depende” e em nada se pode sustentar. Esta é a dura realidade que, infelizmente, tem mostrado fiéis, adeptos a este mesmíssimo equívoco.

Sim! Até mesmo os que aderiram a fé estão perdidos, como ovelhas desobedientes. Não sem pastor, porque ele está lá. Segurando firmemente seu cajado, embora muitos queiram surrupiá-lo.

Pois bem. Fala-se muito em crise da fé, ante os avanços da sociedade, etc. Não sei realmente se a fé está realmente em crise. Antes, penso que há uma crise de obediência.

Obediência é a palavra-chave para muitas coisas e creio ser a gênese de muitos problemas atuais, pois quem obedece, muitas vezes, não encontra o conforto desejado e, como vivemos o tempo da comodidade e da irmandade perfeita, cada um faz o que quer. Cada um é dono do seu nariz; cada um paga suas próprias contas; e não deve satisfações ou obediência a quem quer que seja.

Obedecer é uma palavra que está no léxico, mas poucos querem concretizá-la no dia a dia. Fala-se de liberdade, que leva a uma realidade destrutiva, e que passou a ser um corolário da sobrevivência da humanidade. A liberdade e a felicidade, acima de todo e qualquer valor, são as únicas leis ora válidas. As verdades morais, que sustentaram e acompanharam as sociedades, portanto, são relativas e facultativas.

Falarei sobre estas duas faces: dentro e fora da Igreja. Porque, como disse, esta realidade está infiltrada há muito em nosso seio. O Santo Padre São Pio X, em sua encíclica Pascendi Dominicis Gregis, já alertava sobre as questões que nos afligiriam hoje:

E o que exige que sem demora falemos, é antes de tudo que os fautores do erro já não devem ser procurados entre inimigos declarados; mas, o que é muito para sentir e recear, se ocultam no próprio seio da Igreja, tornando-se destarte tanto mais nocivos quanto menos percebidos.

Ora, desde aqueles tempos, São Pio X espantava-se com a invasão dos disseminadores do erro no seio da Santa Mãe Igreja, quadro que, até hoje, é o mesmo ou ainda pior. Sobre isto trataremos um pouco mais adiante.

Pois bem. Mas o que poderia se esperar de uma sociedade escrupulosa ou “politicamente correta”? Ninguém fala de nada, ninguém se manifesta, ninguém se opõe às imundícies que violam a moral, a ética e a religião e quem o faz é taxado de louco, radical, etc. Enquanto isso, os deturpadores da verdade, hasteando a bandeira da liberdade revolucionária, são considerados bons moços, paladinos da humanidade. Vejamos alguns casos.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

ORAÇÕES PARA CADA UM DOS DIAS DA SEMANA.

QUINTA-FEIRA
A JESUS CRISTO, COMO PASTOR.

De Santa Teresa.

Ó meu bom Jesus, com quanta razão vos pertence o título de Bom Pastor, a vós que por um efeito de amor sem exemplo sacrificastes a vida por vosso rebanho! David e Jacob, os dois mais santos pastores do Antigo Testamento, por suas fadigas e desvelos, foram figuras de tudo quanto por nossa causa tão benignamente tendes praticado; mas como se não bastassem, tantos trabalhos, a que voluntariamente vos sacrificastes por vosso rebanho, quisestes ainda dar-lhe a última prova de vosso amor, fazendo-vos também cordeiro. Oh! Que prodígio tão consolador não é ver em vossa pessoa, divino Jesus, o Pastor transformado em cordeiro! Vós instituístes o inefável sacramento de nossos altares, pão vivo descido do céu, banquete sagrado, em que vós mostrais pastor solícito, buscando alimento para vosso rebanho, e pelo qual sois verdadeiro cordeiro, dando-vos a vós mesmo em comida, dignando-vos entrar em nosso peito, e fazendo dele vossa morada. Oh! Milagre de amor, superior a todos os milagres! Fazei, meu divino Salvador, que eu compreenda a grandeza deste benefício, que nele pense sem cessar, e que saiba corresponder com outro amor, que todo em vós se transforme. Amém. 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

ORAÇÕES PARA CADA UM DOS DIAS DA SEMANA.

QUARTA-FEIRA
A JESUS CRISTO, COMO ESPOSO DAS NOSSAS ALMAS.

Dos solilóquios de S. Agostinho.

         Meu Senhor e meu Deus, que sois o esposo de nossas almas, o soberano da terra, o Rei da glória, o esplendor do Pai, um abismo de eternas riquezas, um oceano de perfeições e bondades, sapientíssimo, poderosíssimo e sumamente amável eu tenho um ardente desejo de vos ser agradável, e de merecer a vossa amizade. Toda a minha ambição é que me façais a graça de que não ame senão a vós, só pense em vós, não busque senão a vós; que de ora em diante meu coração seja todo vosso, que toda a minha consolação seja falar de vós, e por vós sofrer o que aprouver a vossa divina vontade; e, como vós vos dais inteiramente a mim, eu quero viver inteira e unicamente para vós. Amém.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

ORAÇÕES PARA CADA UM DOS DIAS DA SEMANA.

TERÇA-FEIRA
A JESUS, COMO REI.

Tirada de S. Mateus, S. João e S. Paulo na I Epístola a Timóteo.

Ó meu Senhor Jesus Cristo! Eu vos adoro como Rei onipotente, que faz tudo quanto quer no Céu e na terra, e em cujas mãos entregou vosso eterno Pai todas as coisas. A Santa Igreja vos adora como soberano Senhor, e reconhece que sois o Rei dos séculos, o Rei imortal e invisível, a quem só pertence a honra e a glória, e cujo reino não terá fim. Eu me junto a ela, ó meu Jesus, nestes sentimentos de respeito e veneração, e vos suplico me defendais contra os seus cruéis inimigos, que não ousando aparecer em vossa presença, atacam secretamente minha alma para a perderem. Mas eu espero, Rei imortal, que me fortaleceis contra eles, com vossa onipotente virtude, que reinais em meu coração, e destruireis em mim o reino da avareza, da soberba e da sensualidade. Amém.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

ORAÇÕES PARA CADA UM DOS DIAS DA SEMANA.

SEGUNDA-FEIRA
A JESUS CRISTO, COMO PAI.

Tirada de S. Agostinho, de S. Paulo aos Romanos e do 3º Livro dos Reis

         Senhor, por isso que sois meu pai, fazei que eu vos renda toda a honra que vos devo como filho vosso. Oh! Nome cheio de ternura, que desterrais da lembrança dos homens toda ideia de desespero, e que os excitais a terem todos grande confiança! Oh! Meu pai! Dai-me aquele espírito de adoção, que nos deve animar a recorrer a vós, com a confiança cm que um filho corre aos braços de seu pai, espírito de amor e afeto, que deve testemunhar publicamente que somos verdadeiros filhos vossos, dai-me pai meu, um coração dócil e obediente, afim de que eu não viva senão para vós, nada faça senão em vossa honra, e mereça ser um dos vossos filhos mais fiéis. Fazei, que eu vos respeite sempre com um temor casto e amoroso, o qual me faça suspirar continuamente por vós, até vos possuir eternamente na glória. Amém.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

ORAÇÕES PARA CADA UM DOS DIAS DA SEMANA.

DOMINGO
A JESUS CRISTO, COMO SACERDOTE E VÍTIMA.

Da Epístola de S. Paulo aos Hebreus (7,26).



Ó meu Jesus, que fostes estabelecido sacerdote eterno por vosso Pai, para lhe renderdes uma homenagem digna de sua divina Majestade, Santo, Inocente, sem mácula, separado dos pecadores, e mais alto que os Céus, fazei, Senhor, que nos conservemos firmes na Fé. Compadecei-vos de nossa fraqueza; permiti que nos apresentemos cheios de confiança, perante o trono de vossa graça, afim de alcançarmos a misericórdia, e o auxílio de que tanto necessitamos. Eu vos adoro como sacerdote, que adorais infinitamente vosso Pai celestial! E uno às vossas minhas humildes adorações, a fim de adorá-lo como Ele é digno de ser adorado. Ó meu Divino Salvador, todo bondade, todo misericórdia! Por isso que vos não poupaste a vós mesmo, e que vos sacrificastes par vos fazerdes obediente até a morte, eu mesmo contemplo como uma vítima, para entrar nas mesmas disposições do sacrifício e da imolação, em que desejais que eu seja ofertado, para expiação dos meus pecados. Amém.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

LIÇÃO DO CATECISMO - 10

Salve Maria Imaculada! Viva a Cristo na Hóstia Sagrada!
Essa é a última postagem do Catecismo que iniciamos na Quarta-feira, dia 2 de novembro de 2011 (clique aqui para ver o início). Durante o ano estaremos estudando mais sobre a Fé Católica (necessária para nossa salvação: Quicumque vult salvus esse, ante omnia opus est, ut teneat catholicam fidem - Quem quiser salvar-se deve antes de tudo professar a fé católica). Agradecidos ao Senhor por todo aprendizado, sigamos auxiliados pela intercessão da Bem-Aventurada e Sempre Virgem Maria: 


Sub tuum praesidium confugimus, Sancta Dei Genitrix.
Nostras deprecationes ne despicias in necessitatibus nostris,
sed a periculis cunctis libera nos semper, Virgo gloriosa et benedicta.


IV. PARTE

Vivendo nossa vida divina

64.ª LIÇÃO

Breve estudo sobre as virtudes cristãs

*O que é a virtude cristã?
         A virtude cristã é um hábito que nos aperfeiçoa sobrenaturalmente e que torna mais fácil a prática do bem e da perfeição cristã.
(Mt 5, 48): “Sede perfeitos como também vosso Pai do céu é perfeito”.

*Como se classificam as virtudes?
         As virtudes se classificam em virtudes teologais e em virtudes morais.

*O que são as virtudes teologais?
         Virtudes teologais são as virtudes que se referem diretamente a Deus. São a fé, a esperança e a caridade. Essas virtudes nos são infundidas com a graça santificante.

*O que são as virtudes morais?
         As virtudes morais são aquelas que orienta, e regulam nossa conduta moral segundo os ditames da razão, iluminada pela fé.
         As virtudes morais fundamentais, também chamadas virtudes cardeais, são a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança.
         Nessas virtudes cardeais estão como que integradas as outras virtudes morais.


65.ª LIÇÃO

Fé, Esperança e Caridade

I.                  As virtudes teologais:

*Em que consiste a virtude da fé?
         A fé é uma virtude infusa, divina, pela qual nós, iluminados pela graça divina, cremos:
1.º) na existência de Deus;
2.º) nas verdades que Deus revelou e que nos ensina pela Igreja.
         Agradeçamos sempre a Deus esse dom divino, essa luz divina, que nos faz aceitar as verdades sobrenaturais que nos orientam para a vida eterna.
(Mc 16,16): “O que crer será salvo; o que, porém, não crer será condenado”.
Gostemos de rezar, felizes e agraciados, o “Creio em Deus” e a jaculatória: “Creio, aumentai a minha fé”.

*Em que consiste a virtude da esperança?
         A esperança é a virtude que nos faz esperar com humilde certeza as graças necessárias para alcançarmos o céu.

*Qual é a razão e o fundamento da nossa esperança?
         A razão de nossa esperança são os merecimentos de Jesus, nosso Redentor.
(Sl 146, 11): “O Senhor se agrada daqueles que esperam em sua misericórdia”.
(Rm 12,12):“Alegrai-vos na esperança!”. Rezemos sempre: “Cristo, tenho confiança em Vós!”

*Em que consiste a caridade?
         A caridade é a virtude sobrenatural pela qual nós, ajudados pela graça divina, amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.
(Mt 22, 37 sg.): “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo teu entendimento”.
         Façamos sempre atos de amor! O ato de amor perfeito, como também o ato de contrição perfeita – que é contrição por amor – unido ao desejo de confessar-se, perdoa os pecados e nos abre as portas do céu.


II.              Virtudes cardeais

*O que nos ensinam as quatro virtudes cardeais?
         1.º) A prudência cristã nos ensina e nos faz procurar, em primeiro lugar, a Deus e a nossa salvação eterna, como bem supremo, preferível a todos os bens deste mundo.
         2.º) A justiça cristã nos faz dar a cada um o que lhe pertence, vencendo o egoísmo e qualquer interesse pessoal.
         3.º) A fortaleza nos ajuda:
                   a) a vencer as tentações: “Não nos deixeis cair em tentação”;
                   b) a carregar com paciência as cruzes da vida, por amor de Deus;
                   c) a enfrentar a luta, e mesmo a morte, em defesa da religião.
         Milhões de mártires nos dão, dessa virtude, o mais comovente exemplo.
         4.º) A temperança nos ensina:
                   a) a controlar nossas más inclinações;
                   b) e a usar com moderação os bens deste mundo, orientando o uso desses bens para a nossa salvação e para o bem do próximo.

III.          As bem-aventuranças

*Quais são as grandes virtudes morais que Cristo recomenda no evangelho?
         Cristo nos recomenda, ou melhor, nos ordena seguir com fidelidade  caminho traçado pelas bem-aventuranças que formam um maravilhoso resumo de seu exemplo divino. As bem-aventuranças se encontram expostas no capítulo 5º de São Mateus. Damos a seguir uma breve síntese das virtudes contidas nas bem-aventuranças. Elas nos ensinam:
1.º) o sincero desapego dos bens terrenos;
2.º) a mansidão caridosa para com o próximo;
3.º) o espírito de penitência;
4.º) o esforço sincero para alcançar a santidade;
5.º) a misericórdia e a justiça para com os irmãos;
6.º) a pureza de coração;
7.º) o amor à paz e a concórdia;
8.º) a coragem heróica em sofrer pela religião e pela justiça.
         Seguir esse roteiro evangélico é suprema garantia de felicidade na terra e no céu.


IV.          Os conselhos evangélicos
*Qual o caminho verdadeiro para alcançar a perfeição cristã?
         O caminho verdadeiro para alcançar a perfeição cristã é imitar Cristo Jesus    e segui-lo com amor no caminho do Calvário.
(Lc 9, 23): “Se alguém quiser seguir-Me, abnega-se, tome a sua cruz e siga-Me”.
“Abnega-se” quer dizer: um grande “não” a si mesmo e um total “sim” ao Cristo crucificado: caminho esse traçado pelos conselhos evangélicos.

*Quais são os conselhos evangélicos?
         Os conselhos evangélicos são:
1.º) a pobreza voluntária;
2.º) a castidade perpétua;
3.º) a obediência perfeita.
         Esses conselhos não são ordens mas, sim, um luminoso caminho para as pessoas escolhidas alcançarem, com mais facilidade, a perfeição cristã. Elas sempre foram e continuam sendo um grande apelo e convite feito aos corações generosos para a santidade e o apostolado.


V.              Os dons do Espírito Santo

*O que são os sete dons do Espírito Santo?
         Os dons do Espírito Santo são graças especiais que Deus infunde em nós no batismo, com a graça santificante, e que, piedosamente vivenciados, ajudam a seguir, com muito mais facilidade e perfeição, as inspirações divinas no esforço para alcançar a santidade.
         Os sete dos do Espírito Santo são:
1.     Sabedoria
2.     Inteligência
3.     Conselho
4.     Fortaleza
5.     Ciência
6.     Piedade
7.     Temor filial de Deus


66.ª LIÇÃO

O pecado

*O que é pecado?
         O pecado é uma livre e consciente desobediência à lei de Deus, ou seja, aos mandamentos de Deus e da Igreja. Essa desobediência à lei de Deus ofende sua divina soberania. Por isso dizemos também que o pecado é uma ofensa a Deus, falta de amor.

*Como conhecemos que uma ação é pecado?
         Conhecemos que uma ação é pecado:
1.º) pela voz de Deus que nos fala pelos mandamentos divinos;
2.º) pela voz da consciência, ou seja, pela voz de Deus que nos fala interiormente;
3.º) pela voz do remorso, que é a voz do Pai e juiz que nos chama a voltar a Ele ou que nos acusa intimamente, caso tenhamos pecado.

*Quando um pecado é, em si, pecado grave?
         Um pecado é, em si, pecado grave ou pecado mortal:
1.º) quando é transgressão de um mandamento divino ou da Igreja em matéria grave;
2.º) quando essa transgressão é cometida com pleno conhecimento da gravidade moral dessa ação;
3.º) quando é cometida com pleno consentimento da vontade.
         Se faltar alguma dessas três condições, só haverá pecado venial ou leve.

*Portanto, quando cometemos um pecado venial?
         Cometemos um pecado venial quando transgredimos a lei divina em matéria leve, ou sem perfeito conhecimento, ou sem pleno consentimento da vontade.

*Por que a transgressão grave dos mandamentos de Deus ou da Igreja se chama pecado mortal?
         Essas transgressões graves se chamam pecado mortal pelas razões seguintes:
1.º) porque destroem ou “matam” em nós a vida divina da graça santificante;
2.º) porque nos roubam ou destroem o direito à vida eterna no céu;
3.º) porque nos tornam merecedores do castigo e do sofrimento do inferno, que é chamado “a morte eterna”.
*O que devemos considerar para melhor compreender a malícia misteriosa do pecado?
         O pecado encerra uma imensa e misteriosa malícia:
1.º) porque é uma ofensa feita à divina majestade de Deus, nosso criador e senhor;
2.º) porque é uma dolorosa ingratidão para com Jesus Cristo, nosso Redentor, que morreu na cruz por causa dos pecados dos homens;
3.º) e porque também é contra o amor para com os outros e nos torna merecedores dos castigos divinos.

*Por que nos devemos esforçar seriamente para evitar também o pecado venial?
         Devemos nos esforçar seriamente para evitar o pecado venial pelas razões seguintes:
1.º) porque todo pecado é uma ofensa a Deus, nosso Pai e Benfeitor;
2.º) porque nos priva de muitas bênçãos divinas;
3.º) porque os pecados veniais, cometidos com freqüência, nos levam a cair no pecado mortal e tolhem o progresso nas virtudes.
(Eclo 19, 1): “Aquele que se descuida das coisas pequenas cairá pouco a pouco”.


67.ª LIÇÃO

Espécies de pecado

*De quantos modos podemos pecar?
Podemos pecar, como diz a linda e humilde oração litúrgica “Confesso a Deus”, por pensamentos, palavras, atos e omissões.

*Quando cometemos pecados por pensamentos e desejos?
Notemos a seguinte consideração importante: Pensamentos e desejos, quando surgem em nosso espírito, ainda não são pecado. São tentações perigosas. Mas, quando livremente e culposamente nelas consentimos, tornam-se pecado. E, quando resistimos, fazemos atos virtuosos e meritórios. Por exemplo, podemos ter assaltos por pensamentos e desejos, de ódio, de vinganças, e outros maus pensamentos e desejos, mas, afastando-os, não cometemos pecado e fazemos atos virtuosos.

*Quando pecamos por palavras e ações?
         Pecamos por palavras, quando falamos ou conversamos coisas más ou pecaminosas. Pecamos por ações, quando fazemos coisas más ou nelas colaboramos.

*Quando pecamos por omissão?
         Pecamos por omissão:
1.º) quando não fazemos o bem que deveríamos e poderíamos fazer;
2.º) quando deixamos de cumprir, culposamente, uma obrigação imposta pela lei de Deus e da Igreja, por exemplo, quando por culpa deixamos de participar da missa aos domingos.

*Que espécies de pecados costumamos distinguir?
         Embora todos os pecados, em última razão, sejam contra a lei de Deus, costumamos salientar categorias de pecados:
1.º) os assim chamados pecados ou vícios capitais;
2.º) os pecados contra o Espírito Santo;
3.º) os pecados que bradam ao céu.

*O que se entende por vícios capitais?
         Os vícios capitais designam, primordialmente, as más tendências e más inclinações da nossa natureza decaída pelo pecado original. Em si, essas más inclinações ainda não são pecado. Como, porém, facilmente arrastam para o pecado, são chamados também pecados capitais. Exemplifiquemos esse assunto difícil e importante. Também os santos têm essas tendências para o mal, para o orgulho, ódio etc. Mas ficaram santos combatendo e vencendo com o auxílio da graça divina. É grande e animadora lição que eles nos dão. Procuremos imitá-los.

*Quais são os vícios capitais, ou seja, essas nossas profundas inclinações para o mal?
         São:
1. a soberba;
2. a avareza;
3. a luxúria;
4. a inveja;
5. a gula;
6. a ira;
7. a preguiça.

*Como se deve combater os VÍCIOS CAPITAIS?
         1.º) A soberba, que é a exagerada estima de si próprio, combate-se pela humildade.
         2.º) A avareza. É o desordenado amor ao dinheiro e às riquezas. Combate-se pela justiça, liberalidade e caridade.
         3.º) A luxúria. É o desregrado abuso do sexo. Combate-se pela castidade e pureza em pensamentos, palavras e ações.
         4.º) A inveja. Consiste em entristecer-se porque outros possuem bens, talentos e qualidades. Combate-se pela caridade obsequiosa e generosa, procurando alegrar-se com a felicidade alheia e promovê-la.
         5.º) Gula. Consiste na intemperança no comer e no beber. Combate-se pela moderação e pela mortificação.
         6.º) Ira ou raiva ou rancor. Consiste em deixar-se dominar e arrastar por esses sentimentos. Combate-se pela mansidão, compreensão e pela humilde aceitação do outro.
         7.º) A preguiça que foge do trabalho, do esforço, faltando até aos deveres mais sagrados. Combate-se pelo amor ao trabalho, pela fidelidade aos próprios deveres e pelo zelo nas boas obras e obrigações religiosas e do próprio estado.

*Por que alguns pecados se chamam PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO?
         O Espírito Santo é o Espírito da Verdade e do Amor. Alguns pecados possuem tal malícia que ferem frontalmente, de modo direto, a verdade e o amor divino. É por essa razão que são chamados pecados contra o Espírito Santo.

*Quais são os pecados contra o Espírito Santo?
         São os seguintes:
1.º) Desesperar da salvação, i.é, não querer recorrer humildemente à misericórdia divina.
2.º) Presunção de se salvar sem merecimentos, i.é, esperar abusivamente só na misericórdia divina.
3.º) Contradizer à verdade conhecida como tal, i.é, opor-se, contradizer cinicamente à verdade que se conhece ser verdade.
4.º) Ter inveja dos favores que Deus concedeu a outra pessoa, i.é, querer prejudicar, opor-se a outras pessoas por causa dos dons, das boas qualidades que Deus lhes concedeu, e por isso uma detestável inveja.
5.º) Obstinação no pecado, i.é, ímpia revolta contra Deus, recusando os conselhos e os meios que lhe trariam a salvação.
6.º) Impenitência final, i.é, obstinar-se propositalmente no pecado na hora da morte, recusando a reconciliação com Deus.

*Quais são os PECADOS QUE BRADAM AOS CÉUS?
         Chamam-se “pecados que bradam aos céus” certos pecados cometidos contra nossos irmãos, que gritam pedindo à justiça divina um justo e severo castigo. São principalmente os seguintes:
1.º) Homicídio voluntário. Pertence a essa categoria de pecados o aborto voluntário e criminoso. “Os homens matam os filhos que Deus quis dar e as guerras matam os filhos que eles quiseram”.
2.º) O pecado impuro, sensual contra a natureza.
(Gn 18, 20): “O clamor de Sodoma e Gomorra aumentou e seu pecado agravou-se extraordinariamente”.
3.º) Oprimir os pobres, órfãos e viúvas.
(Eclo 35, 19): “As lágrimas das faces das viúva sobem”, i.é, clamam ao céu...
4.º) Negar o justo salário aos que trabalham.
(Eclo 34, 26): “Quem tira de um homem o pão de seu trabalho é como o assassino do seu próximo”.

*O que dizer da blasfêmia e da revolta contra Deus?
         A blasfêmia consciente – (muitos blasfemam por mau hábito) -, a revolta satânica contra Deus, assim como os pecados que se cometem por pura malícia, i.é, com a vontade expressa de ofender e injuriar a Deus, devem ser contados entre os mais graves e horrendos pecados.


68ª. LIÇÃO
                          
O importante e consolador estudo sobre a oração

*O que é rezar?
I. Rezar é elevar nosso espírito a Deus:
a) para adorá-lo e louvá-lo como nosso Criador e Senhor;
b) para dar-lhe graças como nosso benfeitor;
c)para pedir-lhe graças e bênçãos como a nosso bondoso pai.
II. Rezar é também falar cordialmente e filialmente com Deus, nosso Criador, nosso benfeitor e nosso pai. É também rezar o falar com Cristo Jesus no sacrário, com Nossa Senhora, com os anjos ou com os santos.
III. Enfim, é também rezar o ouvir com fé e com amor a Jesus, que nos fala pelo Evangelho, ou por alguma boa inspiração, ou pela Liturgia, ou por alguma oração em comum.

*Por que devemos rezar?
Devemos rezar pelas grandes razões seguintes:
1º) Porque Deus o manda expressamente. (Lc 18, 1): “É necessário rezar sempre e não deixar de fazê-lo”.
2º) Porque é sagrada obrigação nossa adorar o Criador e louvar a Deus, nosso Criador e Senhor. (Ef 5, 19): “Cantai e entoai salmos ao Senhor”.
3º) Porque devemos manifestar a Deus, nosso maior benfeitor, a mais sincera gratidão. (1 Tes 5, 18): “Por tudo daí graças ao Senhor, porque essa é a vontade de Deus”.

*Há, além dessas, outras razões que nos movem a rezar?
Sim. Há outras importantes razões que nos devem fazer rezar com fé:
         1º) A oração é necessária à nossa eterna salvação. “Quem reza sempre se salva”.
         2º) A oração nos alcança o perdão dos nossos pecados. “Perdoai as nossas ofensas” – assim nos ensinou Jesus a rezar.
         3º) A oração nos alcança todas as graças e auxílios necessários e úteis. (Mt 7, 7): “Pedi e vos será dado”. (Jo 16, 23): “Em verdade, em verdade, Eu vos digo: se vós pedirdes a meu Pai alguma coisa em meu nome, ele vo-la dará”.

*Qual é a mais comovente e decisiva razão que nos leva a rezar sempre?
É o divino exemplo de Jesus!
Exemplo sempre imitado pelos santos, exemplo sempre seguido pela Igreja que é, pela liturgia, a fidelíssima e perpétua orante.

*Quando devemos rezar?
Devemos rezar principalmente:
1º) pela manha e à noite, antes e depois das refeições;
2º) nos perigos e nas tentações para pedirmos a proteção divina;
3º) devemos dar a maior importância nos domingos e dias santos, participando piedosamente do santo sacrifício da missa e da santa comunhão.

*Como atendemos à palavra de Jesus:
“É necessário rezar sempre e não deixar de fazê-lo” (Lc 18, 1)?
Rezarmos sempre:
a)    lembrando-nos, com frequência, de Deus;
b)    oferecendo, pela boa intenção, a Deus nossas ocupações, nossos trabalhos, nossas alegrias e nossos sofrimentos.
É uma bela fórmula de boa intenção: “Seja tudo por amor de Deus!”

*Quais são as grandes qualidades que deve ter nossa oração?
1º) Devemos rezar com fé e confiança. Temos certeza que Deus sempre atende as nossas orações feitas com as devidas disposições. “Em verdade, em verdade, eu vos digo, se pedirdes alguma coisa a meu Pai, em meu nome, Ele vo-la dará”. (Mc 11, 24): “Por isso, Eu vos digo: Todas as coisas que pedirdes orando, crede que as haveis de conseguir e que as obtereis”.
2º) Devemos rezar com humildade. Cremos que nossas orações têm sua eficácia infalível pelos méritos de Cristo e que, por essa razão, seremos atendidos, apesar de nossa indignidade.

*Devemos rezar por nossos parentes, amigos e benfeitores; por nossos amigos e inimigos.
*Devemos rezar pela Igreja, pelo papa, pelos bispos, sacerdotes, religiosos e pelas vocações.
*Devemos rezar pela Pátria e pelos governantes.
*Devemos rezar pelas almas do purgatório. Essa oração é um grande ato de caridade.


69ª. LIÇÃO

A oração dominical

*Qual é a mais bela e a mais excelente das orações?
A mais bela e a mais excelente das orações é o “Pai nosso”, porque foi ensinada por Jesus mesmo, Deus feito homem e sabedoria divina. Chama-se também “oração dominical” por ter sido ensinada por Nosso Senhor.

I.                  Breve explicação do Pai nosso
O Pai nosso consta de invocação inicial e de setes pedidos, que encerram um maravilhoso programa de vida individual e social:

Pai nosso, que estais no céu.
Por essa invocação, nós chamamos a Deus nosso Pai do céu, porque pela graça santificante, que é a misteriosa participação da vida divina, Deus é verdadeiramente nosso Pai. Dizemos “nosso”, para vivermos mais profundamente a verdade de que somos irmãos em Cristo.

II.               Os setes pedidos
Primeiro pedido:
Santificado seja o vosso nome
Pelo 1º. Pedido, suplicamos que Deus seja mais conhecido e mais amado por todos os homens. Esse primeiro pedido é, assim, uma oração apostólica.

Segundo pedido:
Venha a nós o vosso reino
Por esse pedido, suplicamos ao Pai que venha a nós o reino da graça pela difusão da Igreja e venha a nós o reino da glória no céu.

Terceiro pedido:
Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu
Com essas palavras, pedimos ao pai que os homens cumpram a vontade divina, como o fazem os anjos do céu. É um pedido grande e importante. Se os homens atendessem ao que esse pedido encerra, o mundo se transformaria em um reino de paz. Se os sofredores rezassem com fé e amor essas palavras, todos se transformariam em grandes santos.

Quarto pedido:
O pão nosso de cada dia nos dai hoje
Com essas palavras tão singelas, pedimos o nosso sustento diário para o corpo e também para a alma: a comunhão. Se os homens procurassem sinceramente a comunhão, alimento divino que une as almas, não sentiriam a injustiça e a ambição das riquezas que tanto desune os corações.

Quinto pedido:
Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido
Esse pedido não só nos fala animadoramente do Pai que sempre perdoa, mas é também um pedido que tem algo de seriamente comprometedor. Devemos perdoar, para sermos perdoados. Jesus mesmo comentou essa verdade em (Mc 11, 26): “Se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está no céu, não perdoará vossas ofensas”. Jesus ensina essa verdade tão importante e às vezes tão difícil também com a parábola do servo cruel. Ele foi perdoado, mas não quis perdoar.

Sexto pedido:
E não nos deixeis cair em tentação
Misteriosamente, Jesus não nos ensina a pedir a Deus que nos livre das tentações, mas nos manda pedir a graça de não sermos vencidos pela tentação. Sofrer tentações e vencê-las é uma vitória espiritual que nos traz muitos merecimentos e progressos nas virtudes e nos alcança muitas graças.
(Tg 1, 12): “Feliz o homem que sofre com paciência a tentação! Porque depois de ter sido provado, receberá a coroa da vida”.

Sétimo pedido:
Mas livrai-nos do mal
Com estas palavras Jesus nos ensina a pedir:
1º) que Deus nos livre do pecado – o único mal verdadeiro;
2º) que nos livre do mal eterno – o inferno.

“Amém”. Essa palavra encerra um pedido e um desejo: “Que tudo isso que pedimos se realize” segundo o ensinamento de Jesus!


70ª. LIÇÃO

A Saudação Angélica e o Rosário

*Qual é a oração que devemos rezar com mais fé e confiança depois do Pai nosso?
Depois do Pai nosso, devemos rezar com muita confiança e piedade filial a lindíssima oração chamada “Ave Maria” ou “Saudação Angélica”. É uma saudação trazida do céu pelo anjo;

*Quais as razões para essa preferência?
São as seguintes:
1º) A Ave-Maria nos lembra o mistério da Encarnação. Deus se fez homem para nos salvar. “Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus”.
2º) Lembra-nos os misteriosos privilégios concedidos à Mãe de Jesus: “cheia de graça”, “o Senhor é convosco”, “bendita entre as mulheres” e a “maternidade divina”.
3º) A saudação angélica é para nós a oração confiante e cordial dos filhos à mãe celestial: “Rogai por nós pecadores, agora (nesta vida) e na hora (decisiva) de nossa morte”.
4º) Além disso, sabemos que a Saudação Angélica é composta pelas palavras do Arcanjo Gabriel, de Santa Isabel, inspirada pelo Espírito Santo e pelas palavras sagradas da Igreja.

*Qual é a prática de devoção a Nossa Senhora mais recomendada?
É a piedosa recitação do Rosário. O Rosário é a devoção mais recomendada por sua grande riqueza espiritual:
1º) O Rosário nos faz meditar e contemplar os grandes mistérios da vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus; de sua Ascensão ao céu e da portentosa fundação da Igreja com a vinda do Espírito Santo.
2º) No Rosário repetimos com amor o “Pai nosso”, a bela doxologia “Glória ao Pai” e a “Ave-Maria”.
3º) Além disso, costumamos iniciar a recitação do Rosário com a milenar profissão de Fé do Símbolo dos Apóstolos, o “Creio em Deus Pai”.
4º) E costumamos encerrar o Rosário com a maravilhosa e dulcíssima oração: “Salve Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura e esperança nossa, salve!”.

*Há ainda outra razões para estimarmos o Rosário de Nossa Senhora?
Sim. É uma das orações mais recomendadas pelo Papas nos últimos séculos. “O terço é minha oração predileta” (João Paulo II)