terça-feira, 10 de julho de 2012

Dom Eugênio: Descanse em Paz.

A compreensão de uma vida dedicada a Deus chega ao seu cume, certamente, no fim da vida terrena: na vida celestial. Contudo, é possível, ainda aqui, perceber com certa clareza, a grandeza e onipotência do Senhor.

A entrega real ao serviço de Deus torna-se mais aprazível, ainda que diante de perseguições, opróbios, calúnias, quando se está convencido, por graça e amor de Cristo, que devemo-nos por inteiramente a Sua disposição, sem titubear, ainda que sejamos fracos diante de nossa condição de miseráveis pecadores.

Eis porque Paulo, em tantos momentos de sua vida, e até mesmo quando aprisionado, transparece felicidade por ter realizado com zelo e determinação sua função de pregador da Cruz do Senhor, por amor e retribuição a tudo o que foi feito a seu favor: “... Com todo o ânimo prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que pouse sobre mim a força de Cristo” (2 Cor. 12, 9).

Diminuir diante de Deus, prostrarmo-nos de joelhos em humilde reverência passa, então, a ser mais do que um jeito exterior, passa-se a fazê-lo em vida, com gestos autênticos de um real conhecimento dos propósitos celestiais do Altíssimo. A vida tem novo sentido, pois o sentido todo está compreendido e é Deus.

Na noite de ontem, fomos surpresados com a notícia do falecimento de um “intrépido pastor”, nas palavras utilizadas pelo Santo Padre Papa Bento XVI, Dom Eugênio de Araújo Cardeal Sales.

Dom Eugênio viveu, certamente, uma época difícil para toda a Igreja e, especialmente, para o Brasil, um período de mudanças abruptas que, por vezes, exigia atitudes enérgicas, firmes. Ajudou os que necessitados, abrigou quem necessitava de refúgio, alimentou que passava fome: in caritate non ficta.

Seu lema “Impendam et superimpendar” parece-nos ser uma singela mensagem de que, de fato, Sua Eminência compreendeu sua responsabilidade na condução da almas, defendendo o que é justo, mesmo diante de tantos e tantos inimigos infiltrados neste redil.

“Quanto a mim, de bom grado despenderei, e me despenderei todo inteiro, em vosso favor. Será que, dedicando-vos mais amor, serei, por isto, menos amado? (2 Cor. 12, 15)”. Eis o que diz São Paulo. Eis o que diz Dom Eugênio.

Despender significa gastar, dar, mas, no contexto, não dos outros, mas de si mesmo. Consumir-se de serviço a Deus. Gastar-se como o giz que risca a lousa, em favor da mensagem que deve transmitir para o conhecimento de todos.

A liturgia do dia de hoje, 10 de julho de 2012, termina com a seguinte frase: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi pois ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!”. Um sutil apelo do Senhor à sua Igreja no Brasil e no mundo? É o que cremos.

Oremos para que, mesmo com tantos inimigos disfarçados na Grei do Altíssimo Deus, sejamos intrépidos defensores da Verdade, verdadeiros trabalhadores da messe, autênticos soldados de Cristo.

Dai a Dom Eugênio, Senhor, o descanso eterno

E a luz perpétua o ilumine

Descanse em paz.

Amém.

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