terça-feira, 6 de março de 2012

De um católico a CNBB.

Reverendíssimos Srs. Padres da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), primeiramente peço-lhes a bênção! Desejo-lhes um felicíssimo ano novo, Ano da Fé em Nosso Senhor Jesus Cristo.

Neste 4º dia do mês de janeiro, decidi ler as notícias no site da CNBB e fico felicíssimo ao ver um artigo explicando o sentido do tradicional hino litúrgico Te Deum (A Vós, ó Deus). O que tenho a dizer? Belíssimo, muito bom que no site da Igreja no Brasil os fiéis sejam levados a conhecer esta pérola no riquíssimo tesouro cultural da Igreja que, mais do que cultural, trata-se de verdadeira mostra do esplendor do Altíssimo Senhor.

Por outro lado, fico bastante entristecido. Ferido de morte. Parece exagero, mas não é. Arrasa-me saber que este conhecimento não está ao alcance de todos. Que estas expressões verdadeiramente católicas estão tão ocultas. O véu foi resposto no templo, inacessível, inalcançável, quiçá, inexistente nesta Terra de Santa Cruz. Digo isto, não por ouvir dizer ou por ter lido na internet, mas porque está cristalino como água a que pé caminhamos atualmente. Isto em minha Arquidiocese que, acredito, ser um reflexo da realidade brasileira.

Infelizmente, o que vejo é que as pessoas jamais ouviram o Te Deum em suas vidas. Os velhos com maior sorte, mas a nova geração, embora goste, sequer sabe que isso existe dentro de nossa Igreja. E pior, nem mesmo aqueles que deveriam ser responsáveis por zelar pelas almas o conhecem. Achando que é coisa de louco ou de gente velha, caquética, medieval, etc. O que sabemos que não é realidade, a menos que chamamos a Igreja Católica Apostólica Romana, sob o glorioso reinado de Sua Santidade Papa Bento XVI, seja arcaica e mereça ser banida ou caia no ostracismo.

No dia 31.12.2011, embora estivesse repleto da alegria de um novo ano que se inicia, meu coração estava imensamente triste pois, sozinho, rezei o Te Deum prostrado aos pés do Santíssimo Sacramento, quando poderia um sem número de fieis honrar devidamente a Nosso Senhor Jesus Cristo, além de lucrar indulgência parcial com a recitação de tão bela oração.

Pode-se pensar: “esta pessoa está escrevendo tudo isso só porque o povo não fez uma simples oração”? Eu mesmo respondo. Não, não é só por isso. Isso é só um único cristal de gelo na ponta do iceberg, sem qualquer exagero, sem radicalismos, sem querer estardalhaço ou furor. Mas é a verdade.

O desleixo tomou conta de nossa Igreja, reverendos padres. O desleixo, a má vontade, a falta de fé, enfim, tudo o que o Santo Padre tem nos pedido para lutar, especialmente neste Ano da Fé. Falo isso como leigo que vive a realidade das comunidades eclesiais, que participa ativamente nas pastorais e que não quer fazer o melhor para o povo, mas sim para Deus, pois Ele sim é digno de louvor e glória eternamente.

Tenho toda a reverência com os sacerdotes da Igreja, pois foram elevados em sua dignidade por meio do Sacramento da Ordem para nos trazer o Cristo, sendo eles verdadeiros “cristos”, não ousaria levantar qualquer falácia ou boato de qualquer deles, por mais indignos ou pecadores que fossem, mas lamento dizer que, muitos perderam a fé. De um deles ouvi: “A fé madura não tem certeza de coisa alguma. Bobagem!”. Como um sacerdote diz isso? Como?! Como diria Chicó: “Não sei. Só sei que foi assim!”.

Reverendos padres, a situação é alarmante e assustadora. Como disse, o desleixo é completo. A liturgia, deprimente, cheia de invencionices e coisas que só impedem que seja dada maior glória a Deus do que aos homens. Danças, ausência de casula, orações eucarísticas espontâneas, alteração de orações eucarísticas, “Missa-Festa” em vez de Sacrifício, proibições não fundamentadas, desobediência ao Santo Padre, desobediência a Santa Mãe Igreja. Esta é a palavra: DESOBEDIÊNCIA. Estamos à beira de um cisma brasileiro!

Utilizo-me das palavras de Castro Alves para bem expressar o que sinto ao ver estas coisas aconteceram: “Senhor Deus dos desgraçados!/Dizei-me vós, Senhor Deus!/ Se é loucura... se é verdade/ Tanto horror perante os céus?!/ Ó mar, por que não apagas/ Co'a esponja de tuas vagas/ De teu manto este borrão?.../ Astros! noites! Tempestades!/ Rolai das imensidades!/ Varrei os mares, tufão!”
Só Castro Alves, que viveu momentos de horror, para colocar em palavras com tanta maestria o desespero de uma alma. Isto que sinto! Isto que vejo! Se é loucura, não sei. Só sei que é assim. O antigo dito, “ensinar o padre a rezar a missa” está, para nossa desgraça, se tornando verdade. Meu Deus, até quando?

O que eu posso fazer para que algo ocorra? Nada! Sinto-me atado pelos pés e pelas mãos. De um lado vejo a preguiça e desmazelo para com as coisas de Deus, de outro lado vejo, por parte do povo, uma atitude passiva, desrespeitosa, imprudente e sem zelo com a Casa de Deus. O que fazer? Estou acorrentado!

Percebam que não sou ligado a grupo algum. Sou católico, vivo a minha fé. Amo meu povo. Amo a Igreja Particular de Vitória do Espírito Santo. Amo nossos padres e o sucessor dos apóstolos que nos pastores, embora nutro um real desejo de mudanças. Como disse, sem radicalismo, mas mudanças que façam bem às almas, de leigos e sacerdotes, sempre para maior glória de Deus e da Santa Mãe Igreja.

Muitas profecias das aparições de Nossa Senhora nos alertaram que estes tempos chegaram. Ele está aí, batendo a nossa porta. Espreitando como ladrão e muitos já foram pegos. Não vigiaram! Como é lamentável dizer estas coisas. Como é triste!

Este e-mail, antes de qualquer coisa, é um lamento, é a sintetização de várias lágrimas que choro pela Santa Igreja Católica que, conforme via São João Bosco, sofre ataques terríveis para tentar afundar o Barco de São Pedro. Neste mar revolto, caminhamos entre duas colunas, a Santa Mãe de Deus e a Augustíssima Eucaristia, ambos sendo desprezados, maltratados, esquecidos, não só pelos fieis, mas também, por lobos em pele de pastores. Com profundo pesar que afirmo, sem medo, que muitos sacerdotes não tem qualquer devoção ou piedade, seja com a Santíssima Mãe de Deus, seja para Nosso Senhor Jesus.

Hoje mesmo, travei um embate com um sacerdote, que não se identificava como tal, que insistiu em afirma que a batina e as demais vestes eclesiásticas são meros apetrechos. Lamentavelmente, este é o pensamento atual. O sacerdote teve sua dignidade rebaixada, por ele mesmo, e o povo elevado à condição de sacerdote não ordenado. Uma verdadeira confusão de identidades.

As profanações são muitas. Eu, nada posso fazer. Reclamar ao bispo? Não sei qual a melhor opção. O que realmente tenho de melhor a fazer é rezar, rezar e rezar, para que a Igreja no Brasil não tire os olhos de Cristo, mas de uma maneira autêntica, sem falsa modéstia ou humildade, sem aversão ao que é antigo, sem amor à desobediência.

Sei que no início deste escrito disse que era o 4º dia do mês. De fato, foi o dia em que comecei a escrever. Parei, refleti, rezei, chorei, e vi que tudo continua igual: O Vigário de Cristo sendo difamado; lobos sob pele de pastores, envergonhando a Igreja de Cristo; famílias destruídas pelas drogas; o conceito familiar em perigo pelas uniões ilícitas perante a Igreja; as heresias que arrastam multidões; enfim, todos os maus sinais da falta de fé e amor a Nosso Senhor.

Por fim, transcrevo a oração feita por Santo Agostinho, para que diariamente sejamos abrasados por sábias palavras: “Vós sois, ó Jesus, o Cristo, meu Pai santo, meu Deus misericordioso, meu Rei infinitamente grande; sois meu bom pastor, meu único mestre, meu auxílio cheio de bondade, meu bem-amado de uma beleza maravilhosa, meu pão vivo, meu sacerdote eterno, meu guia para a pátria, minha verdadeira luz, minha santa doçura, meu reto caminho, sapiência minha preclara, minha pura simplicidade, minha paz e concórdia; sois, enfim, toda a minha salvaguarda, minha herança preciosa, minha eterna salvação. Ó Jesus Cristo, amável, Senhor, por que, em toda minha vida, amei, por que desejei outra coisa senão Vós? Onde estava eu quando não pensava em Vós? Ah! que, pelo menos, a partir deste momento meu coração só deseje a Vós e por Vós se abrase, Senhor Jesus! Desejos de minha alma, correi, que já bastante tardastes; ó apressai-vos para o fim a que aspirais; procurai em verdade Aquele que procurais. Ó Jesus, anátema seja quem não Vos ama. Aquele que não Vos ama seja repleto de amarguras. Ó doce Jesus, sede o amor, as delícias, a admiração de todo coração dignamente consagrado à vossa glória. Deus de meu coração e minha partilha, Jesus Cristo, que em Vós meu coração desfaleça, e sede Vós mesmo a minha vida. Acenda-se em minha alma a brasa ardente de vosso amor e se converta num incêndio todo divino, a arder para sempre no altar de meu coração; que inflame o íntimo de meu ser, e abrase o âmago de minha alma; para que no dia de minha morte eu apareça diante de Vós inteiramente consumido em vosso amor. Assim Seja”.

Peço novamente a bênção e espero ultrapassemos este tempo sob o poderoso amparo de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.

No Coração de Cristo, sempre,

Jonatan Rocha Do Nascimento
 
 
 
E-mail enviado em 10 de janeiro de 2012. Sem resposta até a presente data.

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