segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O sacerdócio e o sofrimento I


O Senhor, por sua infinita misericórdia e bondade, ao longo dos anos em que a Sua Igreja caminha neste exílio, tem incutido nos corações de seus filhos o desejo de servi-Lo com amor desprendido e desinteressado.

Mostrando Seu desejo em estar próximo da humanidade, o Pão dos Anjos faz-se Pão dos Homens por meio da Graça Divina, para nossa completa alegria. Eis o Amor em plenitude.

Animados, pois, pelo coração de Cristo, muitos homens deixam-se viver a imensidão do Pai, entregando-se perpetuamente à verdadeira caridade, seguindo os passos do Servo Humilde, Nosso Senhor.

O santo apóstolo Paulo, bem entendeu tamanho benefício: “Dou graças àquele que me deu forças, Jesus Cristo, nosso Senhor, porque me julgou digno de confiança e me chamou ao ministério...” (I Tm 1, 12)

Muito embora tal dom não possa ser medido, estes mesmos chamados pela confiança de Deus dispersam seu ardor e apegam-se à fugacidade do mundo, esquecendo-se dos preceitos do Pleno e Todo-Poderoso e, ainda mais, do sofrimento de obediência de nosso Divino Mestre, de modo que ocultam, sob o orgulho e o apego, a magnanimidade do Senhor.

O Senhor me seja indulgente e favorável por dizer tais coisas, porém, é o que se vê nestes tempos tão difíceis para a Santa Igreja.

Em oposição a Paulo, já não se quer ser exemplo de santidade, já não se vive a piedade, o temor, o amor apostólico. Há vergonha da cruz do Senhor, e é com grande peso no coração que relato isto.

E se é com duas asas que se eleva o homem acima das coisas terrenas, a simplicidade e a pureza, segundo a Imitação de Cristo (Livro Segundo, Cap. 4), o homem hodierno está com os dois pés ficados em solo rochoso ou lamacento.

Tal como clama o Senhor (Quem enviarei eu?!), o mundo doente da modernidade desenfreada, sem limites, num contexto em que a promiscuidade mistura-se veladamente no meio cristão, o povo de Deus chora e geme por “dignos ministros e santos pastores”, cujos lábios tocados pela brasa viva da Verdade, proclamem para todos os séculos a glória do Altíssimo Senhor Deus dos Exércitos.

Ele, porém, mostra que, de fato, “não há criatura tão pequena e vil, que não represente a bondade de Deus”, logo, permanece fiel à humanidade inteira, ecoando o chamado à santas vocações, que continuam a surgir, embora haja quem lhes queira ofuscar o brilho.

A alma chamada ao sacerdócio deve, incessantemente, buscar as delícias do Senhor por meio do desprendimento, humildade e pureza, resplandecendo, ainda neste mundo, a glória do Reino do Céu, tornando-se, portanto, uma luz no mundo que, vendo tal exemplo de santidade alcançada pela divina graça, glorifique ao Pai que está no Céu.

O sofrimento pelo amor de Deus é essencial para que o consagrado ao Senhor vivencie fielmente as verdadeiras virtudes sacerdotais, renovando cada dia seu amor à Cristo e à Santa Cruz.

Mas há quem não queira sofrer, distando completamente da vontade de Cristo, cujo alimento único era fazer a vontade daquele que o enviou e cumprir a sua obra (Jo 4, 34).

Como seria bom, se os vocacionados, desde a mais tenra idade, amassem o sofrimento do Senhor e, consequentemente, amassem incessantemente os filhos deste que nos criou. Não há maior contento do que sentir as angústias do Senhor pelo amor à humanidade.

Seduzidos, pois, pelo amor de Cristo, vivamos, nós leigos e sacerdotes, continuamente, o verdadeiro despojamento dos nossos sentidos próprios e egoístas, para abraçar a Cruz de Cristo, enxugando seu suor e sua lágrima no rosto das almas que choram a indiferença e a falta de fé no Salvador.


[Continua...]


Jonatan Rocha do Nascimento


Nenhum comentário:

Postar um comentário